O LAPSAPE é um grupo de pesquisa, ensino e extensão que se utiliza de conceitos da Psicologia Ambiental, em articulação com a perspectiva histórico-cultural, particularmente da vertente vigotskiana.
As temáticas e os ambientes investigados procuram compreender o caráter situado dos sujeitos, no espaço e no tempo que os produzem e são por eles produzidos.
As problemáticas de pesquisa são abordadas de modo a compreender: as relações intergeracionais mediadas pelos processos de produção do espaço; as diferenciações geracionais e etárias nas vivências de processos socioambientais; a construção da identidade e dos afetos dos sujeitos espacializados; o papel dos sujeitos na produção do lugar e do espaço material e simbólico e destes na constituição dos sujeitos; a construção de alternativas críticas às formas hegemônicas de vida na atualidade e, consequentemente, as práticas de sustentabilidade.
Do ponto de vista metodológico, o laboratório faz uso de diferentes instrumentos, a depender dos objetivos das pesquisas, com vistas a uma apreensão holística dos processos investigados. Como um desenho geral, procura-se conhecer: a história dos territórios, a história dos grupos e as histórias individuais dos seus habitantes, e o entrelaçamento dessas histórias em um espaço determinado, implicadas em diferentes escalas ambientais.
Os processos psicossociais são compreendidos como constituídos nas e pelas dinâmicas globais em tensão com as localidades, a produzir homogeneidades e singularidades nos sujeitos, nos grupos territorializados e nas relações entre eles.
As pesquisas são financiadas por agências de fomento, sendo a maioria delas pela FAPESP e CAPES, além de programas da USP destinados a alunos de iniciação científica e de extensão universitária.
O laboratório procura construir possibilidades conceituais e metodológicas no diálogo com grupos que procuram enfrentar, de forma institucionalizada, a inserção da Psicologia em temas relativos aos graves problemas socioambientais que a forma de vida atual produz.
O objetivo do LAPSAPE é promover:
- a criação de uma identidade local da Psicologia com as demandas socioambientais contemporâneas;
- a visibilidade dessas ações em escala local, nacional e internacional;
- o aprofundamento das relações interinstitucionais já iniciadas e a sua ampliação a partir do diálogo com novos grupos.
Eixos de pesquisa
Eixo 1. Subjetividade, Educação e Infância em Ambientes Rurais (SEITERRA)
Procura compreender as relações dos sujeitos com o ambiente rural, mediadas pelos projetos de ocupação desse espaço pelos sujeitos e pelas relações geracionais entre adultos e crianças, que se dão por meio das práticas educativas formais e não formais. São investigadas as práticas de sustentabilidade de sujeitos territorializados em assentamentos rurais e da reforma agrária agrária, assim como os modos de subjetivação e os processos de desenvolvimento que essas práticas produzem nos diferentes momentos do ciclo vital. A participação sociopolítica dos sujeitos é também investigada a fim de conhecer como os participantes se percebem, enquanto sujeitos ativos, na construção de si mesmos em relação a seus próprios espaços. São investigadas as modalidades de educação e cuidado efetuadas pelas famílias, pela escola e pela comunidade, assim como os sentidos e significados dessas modalidades, em consideração aos espaços sociofísicos e às condições materiais em que se produzem. As relações rural-urbano e seus efeitos nas dinâmicas psicossociais são considerados como contextos de produção das subjetividades e das práticas educativas que se concretizam nos espaços rurais na contemporaneidade.
Eixo 2. Apropriação do espaço e constituição dos sujeitos na cidade (ApropriaCidade)
Este eixo começa a se estruturar e tem como intenção articular os projetos que tem, como foco principal, a investigação da relação dos sujeitos com a produção de seus lugares na cidade. A produção material e simbólica do espaço urbano é compreendida como parte das determinações no processo de constituição dos sujeitos na contemporaneidade. O conceito de apropriação do espaço é central nesse eixo, onde são pesquisadas as relações de identidade topológica, as transformações dos espaços produzidas por dinâmicas contemporâneas de ocupação e seus efeitos identitários e afetivo-cognitivos, a construção de alternativas aos modos hegemônicos da urbanidade, comportamentos e ativismo pró-ambientais e práticas de sustentabilidade. Propõe-se a utilizar métodos próprios da Psicologia Ambiental e a diversificar as faixas etárias investigadas, com vistas a compreender como as dinâmicas socioespaciais impactam diferentemente as gerações nos espaços urbanos e periurbanos. A dimensão política do sujeito na apropriação da cidade é um elemento considerado na relação sujeito-ambiente e nos conflitos sociambientais dela derivados.

