Novo software de vigilância atualiza ação de ciúme patológico

Marcelo Soares da Cruz (IP) explica o papel dos “stalkerwares”, cujo número de downloads só cresce no país

Softwares de vigilância estão sendo, cada vez mais, utilizados por pessoas que desejam monitorar as atividades on-line e off-line de seus parceiros. Eles são conhecidos como stalkerwares, junção da palavra de língua inglesa stalker, que significa “perseguidor”, e o sufixo -ware, que remete aos softwares.

Esses aplicativos são instalados da seguinte forma: é preciso que se tenha em mãos o aparelho físico da pessoa a ser monitorada. A partir da instalação, o vigilante começa a receber mensagens em seu próprio celular, informando as atividades do aparelho monitorado como, por exemplo, o registro das atividades da tela e do GPS. De acordo com um levantamento feito por uma empresa russa de segurança digital, o Brasil está entre os primeiros na lista de países que mais baixam esses softwares de vigilância. Só no ano passado, o número de downloads teve um crescimento de 228%.

O pesquisador do Laboratório de Saúde Mental e Psicologia Clínica Social do Instituto de Psicologia (IP) da USP, Marcelo Soares da Cruz, vê esses softwares como uma ferramenta moderna para algo que já existe desde os primórdios da humanidade, o ciúme. Ele dá sua opinião sobre como as novas tecnologias são usadas em relacionamentos abusivos e fala sobre os tipos de ciúme patológico que existem, dando destaque para o objeto principal de sua pesquisa: o ciúme aditivo.

 

Por , da Rádio USP, 9/12/2019

O trabalho foi realizado por pesquisadoras do Laboratório de Etologia, Interações Sociais e Desenvolvimento (Ledis) do IP, coordenado por Briseida e pela professora Patrícia Izar. A pesquisa está no âmbito do Projeto EthoCebus, que reúne também colaboradores da Universidade da Geórgia (Estados Unidos) e do Conselho Nacional de Pesquisa da Itália.