A experiência Japonesa

Visita técnica revela como imigrantes são recebidos em escolas japonesa 

O Departamento de Psicologia Experimental do IPUSP pôde observar a experiência japonesa na integração de alunos estrangeiros ao sistema de ensino. Como convidado de uma delegação de pesquisadores do National Institute for Educational Policy Research (NIER), órgão responsável pelas políticas nacionais de educação no Japão, o Prof. Dr. Gerson Yukio Tomanari, da área de Análise Experimental do Comportamento, visitou escolas e instituições educacionais na região de Tokushima, ilha de Shikoku.

 

A região de Tokushima possui uma baixa concentração de estrangeiros. Esta comunidade é composta principalmente por asiáticos que geralmente fixam residência no local, sobretudo com o aumento da incidência de casamentos inter-raciais. Os novos membros da comunidade parecem ser bem recebidos pelos representantes dos poderes locais, que reconhecem o valor cultural das interações entre japoneses e estrangeiros. Do ponto de vista econômico, com as tendências de diminuição gradual da população, é reconhecida a importância dos novos indivíduos na dinamização da economia local. Por meio de uma série de iniciativas, é demonstrada uma preocupação concreta com a boa inserção dos novos moradores, tanto no ambiente escolar quanto no ambiente social e profissional.

Contudo, apesar das iniciativas variadas de recepção e integração dos recém-chegados, essas ações acontecem de maneira fragmentada, em diferentes formatos e em diferentes instituições. Diante desse problema, a missão do NIER era conhecer melhor as iniciativas, com o objetivo de consolidar uma rede de ações uníssona que pudesse obter um apoio governamental mais amplo.

Assim, foram visitadas escolas e instituições, como a Japonese Teaching Masterclass (JTM), que promove atividades de ensino de língua japonesa e formação de professores, e a Tokushima Prefectural Internacional Exchange Association (TOPIA), que presta assistência a estrangeiros que residem no Japão. Numa das escolas visitadas, a escola Sako Shogako, o diretor, Sr. Tsuji, recebeu os visitantes com a palavra “aijitsu”, que se refere às relações de respeito aos pais e ao aprender, diretamente associadas aos valores da escola. Durante a oportunidade, o Sr. Tsuji falou sobre o valor cultural do contato entre crianças de diferentes nacionalidades e ressaltou que privilegia um tratamento equivalente para todas elas.

No que diz respeito à integração e ao desenvolvimento das crianças estrangeiras no ambiente escolar, um elemento interessante pôde ser observado. As crianças japonesas são muito colaborativas com seus colegas estrangeiros, mas, assim que estes adquirem autonomia no processo comunicativo, os conflitos, naturais entre crianças, começam a emergir. Este importante sinal da integração revela a positividade e a igualdade presentes no ambiente escolar. Outra instituição que recebeu a delegação foi a Escola Showa. Nela, a diretora promove encontros entre os alunos e estudantes bolsistas estrangeiros da Universidade de Tokoshima. Nesses encontros, os universitários fazem apresentações de aspectos dos seus países de origem.

Instituições não diretamente educacionais, como a JTM, atuam no ensino e também com um papel de assistência, com ajuda psicológica, agenciamento para o emprego e assistência social e profissional. Já a TOPIA oferece uma estrutura informacional por meio de uma biblioteca e diversas publicações, como, por exemplo, um manual que disponibiliza informações básicas a respeito de como viver em Tokushima. Um dos projeto desta instituição oferece o apoio de uma intérprete que atua como “conselheira”. Trata-se de uma pessoa chinesa, vivendo hoje no Japão, que atua junto à comunidade escolar estrangeira. Ela conversa com as crianças via Skype e as aconselha a partir de sua experiência pessoal.

Acerca da visita, o Prof. Dr. Tomanari avalia que, apesar da falta de uma rede de apoio integrada e de grande abrangência em Tokushima, as iniciativas encontradas demonstram uma preocupação significativa dos setores oficiais com a boa inserção destes estrangeiros na sociedade local.

Carolina Müller Sasse
Edição e revisão por Islaine Maciel

Clique nas imagens para folhear as revistas psico.usp

Alfabetização – 2015, n. 1

É hora de falar sobre Gênero – 2016, n.2/3

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