A Clínica da Analítica da Subjetividade
Marlene Guirado (org); Felipe Martins-Afonso; Lucas Bullara M. Da Silva; Luisa Guirado; Sandra Ungaretti | Lumen Juris, 2018
Dentre as diferentes modalidades de clínica, este livro trata de uma maneira particular de pensá-la e exercê-la: a clínica como analítica da subjetividade. O que sustenta tal proposta é o recorte conceitual-metodológico da Análise Institucional do Discurso (AID), uma estratégia de pensamento para o exercício profissional e de pesquisa em Psicologia. O ponto nodal daquilo que se propõe é tomar a clínica como instituição. Que se configura por uma relação de clientela, que se faz pelo exercício de lugares institucionais específicos (o de analista e o de cliente), que se legitima pela ação mesma daqueles que a fazem cotidianamente. Como efeito desse movimento, por parte tanto do profissional como do paciente, certos procedimentos e “verdades”, condutas e suposições são reconhecidos como naturais, desconhecendo-se o caráter instituído dos mesmos, por práticas diversas, desde a formação até a construção de teorias.
Esse modo de pensar permite posicionar o analista na cena clínica como um lugar discursivo prenhe de pressupostos e convicções teóricas. É com estes argumentos que se afirmará que a clínica produz subjetividades e que o trabalho de análise será, então, o de descrever o desenho dessa subjetividade-efeito. Uma proposta singular para o exercício clínico, portanto, defendida ao longo das páginas do livro por diferentes vozes e por diferentes caminhos: desde a construção de um campo conceitual que permita assim operar o pensamento, passando por apresentações de casos clínicos e sua condução, chegando inclusive a análises do discurso freudiano que, até hoje, figura como um dos principais interlocutores da AID.