Coletivo Educartum: ativismo em prol da Educação através do humor gráfico

Coletivo formado por professores e professoras da rede estadual de Educação do Rio de Janeiro produz conteúdo informativo sobre as consequências negativas da implementação da Reforma do Ensino Médio.

Coletivo Educartum

Composto por professores e professoras da rede estadual de Educação do Rio de Janeiro

Instagram: @coletivoeducartum

04 de setembro de 2023 | 10:00

É uma tradição no Brasil, desde o século XIX, o uso do humor gráfico, com crítica política, social e econômica, como uma poderosa forma de expressão e reflexão das questões relevantes da nossa sociedade. Esse humor gráfico, composto de tirinhas, charges e quadrinhos, funciona como um espelho da sociedade, refletindo de forma crítica e satírica, despertando o riso e, ao mesmo tempo, estimulando o debate crítico sobre injustiças, desigualdades ou aspectos que afetam a vida das pessoas. Desempenha, assim, historicamente no país, um importante papel de conscientização e engajamento cívico, fomentando buscas por mudanças sociais que melhorem a vida dos cidadãos.

O uso do humor gráfico promove uma democratização da informação. Uma vez que a sua linguagem é multissemiótica, ou seja, as imagens e o textual se auxiliam e muitas das vezes se reforçam na produção de significado. Desta maneira, por intermédio do uso combinado entre ilustrações e diálogos como base de uma estrutura cômica-crítica, é possível alcançar uma audiência mais ampla e inclusiva, com diferentes pessoas, de diferentes idades, níveis educacionais e origens culturais. Consegue, portanto, transformar discussões complexas, muitas vezes técnicas, numa forma visual mais simplificada, acessível, impactante e de maneira atraente e divertida.  Também desempenha um papel importante de disseminação de informações e combate à desinformação. Essa forma de comunicação visual é eficaz para quebrar as barreiras de linguagem e acesso à informação e estimular o debate crítico num público diversificado, fazendo com que despertem para o interesse e a curiosidade sobre o assunto.

Dentro desse contexto, os professores da rede estadual de educação do Rio de Janeiro passaram por uma absurda implementação da Reforma do Ensino Médio em 2022, de forma impositiva e sem debate, que precarizou o trabalho dos professores e afetou o direito à educação dos estudantes. Essa falta de debate e desinformações geradas pelo próprio governo gerou uma inquietação nas comunidades escolares. Os profissionais de educação, organizados no Sindicato Estadual dos profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro, SEPE-RJ, criaram um Grupo de Trabalho sobre a Reforma do Ensino Médio, que se deparou com a dificuldade de produzir conteúdo que esclarecessem a sociedade sobre suas consequências negativas na educação pública do Rio de Janeiro. Para vencer essa barreira, a categoria dos profissionais de educação optou pelo uso da linguagem do humor gráfico como uma das formas de se comunicar com a população. Foi nesse momento que alguns professores se organizaram e criaram o coletivo Educartum, com conteúdo gratuito e disponível nas redes sociais sobre as lutas em defesa da educação pública.  

 Então, o professor de Arte da rede estadual, Diego Marinho, que já tinha um projeto de popularização do ensino de Arte, chamado “Martim, professor de Arte”, passou a participar produzindo tirinhas sobre a reforma. Logo em seguida, o professor de Sociologia da rede estadual, João Paulo Cabrera, que também tinha um projeto de popularização do ensino de Sociologia, chamado “Sociologia Ilustrada”, passou a fazer parte na produção desses conteúdos de humor gráfico. A materialização física do primeiro volume do Educartum, sobre o Novo Ensino Médio, só foi possível graças a grande parceria e apoio do SEPE-RJ, que acreditou no potencial do projeto e imprimiu e distribuiu mais de 15 mil exemplares por todo o estado do Rio de Janeiro. Além dos quadrinhos que foram feitos pensando como um objeto de apropriação dos docentes, foi também distribuído junto do volume 1 uma proposta de atividade pedagógica, elaborada pelo articulador pedagógico Alexandre Diuana de Menezes Silva, que aborda a questão do Novo Ensino Médio. Também compondo a primeira edição da revista, temos em nossa equipe as professoras Ana Sandra Costa Santos, Ligia Mefano e Valéria de Moraes Vicente Moreira que nos deram todo o suporte e contextualização sobre suas respectivas experiências a respeito do Novo Ensino Médio. 

Atualmente, o Educartum continua o seu ativismo de forma digital, com sua rede social (@coletivoeducartum no Instagram) coordenado pelo professor Felipe Vellozo Gomes e com mais dois novos membros: o professor Lianto de Oliveira Segreto e o professor e cartunista Tavarez. 

O objetivo do Educartum é usar o humor crítico para desnudar as contradições e implicações negativas para sociedade da implementação da Reforma do Ensino Médio e defender a educação pública no geral, que atualmente se encontra em greve por melhores condições de trabalho no estado do Rio de Janeiro.