Dossiê Transtorno do Espectro Autista

Chegou o momento de apresentar a abertura do Dossiê Transtorno do Espectro Autista do psico.usp: Portal de Divulgação Científica do Instituto de Psicologia da USP!

O dossiê faz parte do projeto de divulgação científica produzido com estagiários, estudantes de Letras, e tem o papel importante de difundir à população os trabalhos e pesquisas realizados no IP. Este material inaugura/dá prosseguimento a uma série de conteúdos digitais editados pelo IP Comunica. Unindo os esforços para as matérias até agora elaboradas, contamos também com a colaboração de professores que se dispuseram a nos dar consultoria técnica.

Desta vez, introduzimos aqui o conceito, o diagnóstico, a legislação, a inclusão, o processo de aprendizagem, a ciência aplicada, metodologia e possibilidades de tratamento para o TEA (Transtorno do Espectro Autista), a fim de esclarecer questões sobre o tema. Continuaremos com o dossiê no próximo semestre cobrindo as pesquisas mais recentes .

Agradeço especialmente às estudantes que trabalharam com excelência neste projeto: Carla Müller Sasse, Caroline C. N. da Silva, Juliane F. S. Santos e Mariana Fonseca, além dos consultores técnicos, os professores Francisco Baptista Assumpção Junior, Marcelo Fernandes da Costa e Maria Martha Costa Hübner.

Islaine Maciel
Coordenadora 

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A falta de informação pode levar, em muitos casos, a julgamentos equivocados. Julgam-se comportamentos, ações, pessoas. Não é diferente no caso do Transtorno do Espectro Autista: crianças autistas recebem adjetivos como “birrentas”, “anormais” e outros de conotação negativa. As mães são vistas como irresponsáveis, frias, mães ruins por não conseguirem controlar seus filhos ou não amá-los como supostamente deveriam. “Seu filho é autista porque você o vacinou; porque você fumou quando estava grávida”. 

Julgam-se até mesmo o potencial e o futuro das crianças, apontando que certos comportamentos nunca serão corrigidos, ou que, a exemplo do que é visto na televisão, ao casar, um autista vai melhorar. Sem fundamentos, mas sustentados por muitos pré-conceitos, é que pensamentos como estes são formados. Mas quem vê de fora, não faz ideia do que as famílias de crianças com espectro autista enfrentam no dia a dia, como a dificuldade em obter um diagnóstico, um tratamento acessível ou ter os filhos aceitos em uma instituição de ensino.

Apesar de se manifestar em aproximadamente 1% da população, de um modo geral, ainda se sabe pouco sobre o Transtorno do Espectro Autista, pois a este assunto é dada menos importância do que deveria. 

Popularmente conhecido como “autismo”, o TEA é uma síndrome comportamental, que afeta principalmente áreas não-verbais como comunicação e sociabilidade, exigindo, ao longo da vida, a dedicação total e exclusiva de seus cuidadores. Há inúmeras pesquisas relevantes sobre o tema, algumas já publicadas e outras em andamento, porém, não são divulgadas frequente e amplamente.

Nossa intenção é apresentar a você, leitor, as peculiaridades do real embates das pessoas com TEA e de suas famílias, convidá-lo a direcionar seu olhar para este tópico, de forma que seu julgamento seja feito com base em referências científicas e concretas.

Abordaremos questões como: o que caracteriza esta síndrome? Quais os tratamentos possíveis? Qual a realidade das famílias? Como é a vida de uma pessoa com TEA em sua fase adulta?… E assim, que essas informações sejam um instrumento para compreender as necessidades de uma pessoa com TEA, seus direitos básicos, e que a empatia seja a maior ferramenta ao lidar com esses indivíduos e suas famílias.

Na verdade, esperamos que ao final deste dossiê, que reúne entrevistas com professores e teses de pesquisadores do IPUSP, todos os julgamentos em relação a este universo sejam extintos, pois você vai entender que esta questão não exige mais do que sua compreensão.

 

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