Baseando-se na leitura das obras “A invenção da solidão”, “O livro das ilusões” e “Noite do oráculo”, Luís Henrique do Amaral e Silva buscou entender, em sua pesquisa de doutorado, a dimensão do traumático na literatura contemporânea, mais especificamente na do autor em questão: Paul Auster
Supondo ser possível a investigação das modalidades de subjetivação de certo período histórico a partir de objetos estéticos culturais, ou que algumas obras podem servir como testemunho dos sofrimentos de uma época, foram abrindo-se pontos de contato e comunicação entre as obras, bem como com outras dimensões da história — especialmente no que se refere a aspectos traumáticos.
Dessa maneira, por meio de ensaios sobre os livros, Silva constatou a hipótese de que eles demonstram aspectos importantes do que veio a ser conhecido, na psicanálise, como “compulsão à repetição”. Além disso, em A invenção da solidão, de caráter autobiográfico, pôde ser observada a transmissão de aspectos indigestos e traumáticos transgeracionais.
Para o pesquisador, os livros, a escrita, a literatura e a cultura de maneira geral, em Auster, são como modalidades de testemunho que suportam dizeres impossíveis e que religam gerações e catástrofes – o que não é isento de conflito e culpa. Assim, enquanto objetos transformacionais, os livros tornam possíveis difíceis travessias, oferecendo uma forma de se enfrentar tais passagens rumo ao incerto.
Por Ana Carla Bermúdez
Edição: por Islaine Maciel
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