Em entrevista à Revista BALBÚRDIA, a professora e liderança indígena Sonia Guajajara fala sobre educação em perspectiva indígena, mudanças climáticas e política.
Sonia Guajajara é uma liderança indígena, Coordenadora Executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e integrante do Conselho da Iniciativa Inter-religiosa pelas Florestas Tropicais do Brasil, iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). É formada em Letras e em Enfermagem, especialista em Educação Especial pela Universidade Estadual do Maranhão. Filiada ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), é candidata a deputada federal por São Paulo nas eleições de 2022.
Bate-bola da BALBÚRDIA
Um ativista
Meu povo Guajajara que está ali todo dia lutando, resistindo para defender nosso território a se manter de pé. Me dá sustentação sempre para me manter na luta.
Um(a) educador(a)
Paulo Freire, sempre!
Um(a) político(a)
Eu! (risos) Por mais mulheres indígenas no poder! Sônia Guajajara em SP, Célia Xakriabá em MG, Larissa Pankararu no DF!
Um livro
A queda do céu: Palavras de um xamã Yanomami, de Davi Kopenawa e Bruce Albert, sempre!
Um sonho
Presidenta do Brasil! (risos) Vamos sonhar juntos! Sonho que se sonha só, é só uma ideia, o que se sonha junto é uma realidade! Bora juntar o povo!
Referência pessoal
Tem muita gente, meu Deus! Mas vou falar da minha tia Maria Santana, da minha aldeia Lagoa Quieta, terra indígena de Araribóia. Sempre esteve à frente do seu tempo.
26 de setembro de 2022 | 10:00
Por: Pina Sollero e Caio Faiad
Candidata a deputada federal por São Paulo, Sonia Guajajara (PSOL) concedeu entrevista à Revista BALBÚRDIA para falar sobre educação e política. Líder indígena, mas também professora, Sonia Guajajara compartilha sua trajetória na educação, ressaltando a importância de abordar os conhecimentos dos povos indígenas de forma transversal na escola. Para além do atendimento ao preconizado na Lei nº 11.645/2008, a qual inclui a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena" nos currículos oficiais brasileiros, trazer esses temas para dentro da sala de aula significa valorizar as distintas realidades nacionais e o saber tradicional dos povos originários. Guajajara também comenta sobre educação ambiental e a política ambiental destrutiva do governo Bolsonaro. A educadora destaca, ainda, a urgência em aldear as universidades e a política.
BALBÚRDIA: Fazendo uma pesquisa sobre você, conseguimos achar facilmente algumas informações suas. Por exemplo: em 2022, recebeu o prêmio da revista Times como uma das 100 personalidades mais influentes do mundo; foi candidata à vice-presidência nas eleições de 2018; tem uma atuação militante sólida. É formada em Letras e em Enfermagem, é especialista em educação especial. Além do português, fala guajajara, a língua de seu povo, e agora está candidata a deputada federal pelo PSOL. Dentro desse histórico tão rico, como você gostaria de ser apresentada?
Sonia Guajajara: Com tudo isso, como você falou! (risos) Mas agora você pode focar: liderança indígena e candidata a deputada federal! (risos)
Vamos que vamos: aldear a política, quilombar a política. Vamos juntos por uma democracia que tenha a cara da diversidade do Brasil. Precisamos de todo mundo para virar esse jogo!
BALBÚRDIA: Queremos conversar com você sobre o cenário das eleições, mas começando com a educação, que é o tema central da nossa revista, que interessa em primeiro ponto os nossos leitores. Com isso, conte um pouco qual foi a sua trajetória na educação.
Sonia Guajajara: Eu fiz o ensino médio em magistério, que me qualificou a trabalhar em sala de aula no ensino fundamental menor [Ensino Fundamental Anos Iniciais]. Até porque, quando fiz o ensino médio, o magistério era o que todo mundo precisava enquanto formação para ter essa habilitação para trabalhar em sala de aula. Então, com o magistério, eu pude trabalhar por algum tempo até que fiz a graduação em Letras e segui trabalhando em várias escolas públicas, particulares, escola especial, como a APAE: entendendo que é a educação que transforma, por meio da educação que a gente fortalece, inclusive, a nossa luta. Porque, se você está ali, preparado para fazer a leitura crítica do mundo, da conjuntura, você consegue enfrentar qualquer situação, qualquer conjuntura política. Essa atenção, tanto enquanto aluna, quanto professora, de formar criticamente, é o que permite termos pessoas que possam enfrentar qualquer situação adversa e contrária aos nossos direitos. É claro que tudo isso veio para a luta do movimento indígena. Há vinte anos eu estou liderando movimentos: fui do movimento territorial, estadual, regional Amazônia e Nacional. Sempre fortalecendo também toda essa discussão, esse debate, por uma educação de qualidade para os povos indígenas.
BALBÚRDIA: Justamente, essa é uma dúvida que queríamos que você esclarecesse, se você atuou na educação indígena específica, em escolas no meio da comunidade indígena, ou se você trabalhou a representação dos povos indígenas nas escolas convencionais.
Sonia Guajajara: Não, eu nunca trabalhei formalmente em escolas indígenas. A minha relação de educação com os povos indígenas foi no movimento. Fazendo a luta por políticas públicas de educação. Inclusive lutando pela implementação da educação diferenciada: a educação bilíngue nas escolas indígenas. Mas a minha atuação profissional sempre foi com estudantes em escolas não indígenas.
Eu sendo professora indígena, trabalhar em escola não indígena também me possibilitou isso: trazer toda essa questão indígena numa transversalidade permanente.
BALBÚRDIA: Em escolas não indígenas, mas havia alunos indígenas nessas escolas? Chegou a ter casos assim?
Sonia Guajajara: Sim, algumas sim, em escolas de ensino fundamental menor. Eu cheguei a trabalhar também com ensino fundamental maior [Ensino Fundamental Anos Finais], o antigo ginásio. Um pouco também do ensino médio. Em algumas dessas turmas, havia estudantes indígenas. Enquanto eu trabalhava nessas escolas não indígenas, eu trabalhei muito a Língua Portuguesa e História. E era uma coisa que sempre as pessoas prestavam atenção, porque muita gente admirava eu ser uma indígena e estar trabalhando Língua Portuguesa com não indígenas. Isso era uma coisa que sempre chamava a atenção de muita gente.
BALBÚRDIA: Sim, é que essa é uma luta inclusive necessária, da inclusão de fato. Assim como se fala dos negros… indígenas e negros não precisam falar só da causa indígena ou falar só da causa negra. Ou falar só para indígenas, ou para negros.
Sonia Guajajara: Exatamente. Até porque a Lei nº 11.645 está aí e não é implementada, porque se diz que não se tem profissionais qualificados para trabalhar nessas disciplinas. Eu, enquanto indígena, mesmo não tendo um diploma acadêmico, à época, ou mesmo a liderança que não tem diploma acadêmico, pode muito bem trabalhar essas disciplinas nas escolas, porque é a vivência, o saber tradicional, o saber empírico… E a escola precisa abrir espaço exatamente para essa troca de saberes. Não é valorizar somente a formação acadêmica, mas as distintas realidades. Eu sendo professora indígena, trabalhar em escola não indígena também me possibilitou isso: trazer toda essa questão indígena numa transversalidade permanente.
BALBÚRDIA: Você apontou a Lei, eu ia falar sobre ela. Como você disse, é uma lei obrigatória para todos os professores, dentro de todas as disciplinas. O que você falaria para professores não indígenas: como poderiam trabalhar a questão indígena nas escolas?
Sonia Guajajara: A primeira coisa é partir da realidade hoje, presente. Porque os indígenas do passado ainda estão nos livros, que falam sempre dos indígenas que viviam, que moravam, que caçavam, que pescavam… é como se hoje não existissem mais! É muito importante falar da diversidade de povos que existem hoje no Brasil, que resistiram à invasão, à colonização, à ditadura militar. E estão aí presentes hoje, resistindo contra o fascismo, inclusive. Falar dos 305 povos que estão espalhados em todos os estados da federação brasileira. Falar das 264 línguas, e mesmo com essa diversidade de línguas, só temos o Português como língua oficial do Brasil. Seria muito importante que as escolas pudessem estabelecer a obrigatoriedade de pelo menos uma língua indígena, de acordo com os povos que existem em seus estados. E aí, é claro, trazer, principalmente, a história de toda essa luta política que a gente trava, por meio da nossa mobilização, por meio da nossa conexão com outros movimentos, com a luta internacional para garantir direitos. Nós temos o movimento indígena organizado, que é muito importante que as pessoas conheçam, saibam como a gente se organiza hoje, como que a gente trava as principais lutas. E, sobretudo, conhecer as medidas, os Projetos de Lei, Propostas de Emendas Constitucionais (PECs) que tramitam no Congresso Nacional, que desmontam a política indigenista, que retrocedem direitos indígenas e ambientais e que isso não diz respeito somente a nós, indígenas. Lutar contra essas medidas é lutar a favor da humanidade, da proteção ambiental. Afinal de contas, o resultado da nossa luta, do nosso modo de vida, não beneficia somente os povos indígenas, mas todo mundo. Então, é muito importante que as escolas possam trazer todos esses temas dessas distintas realidades e a diversidade de povos, culturas, territórios e políticas que existem hoje no Brasil.
Não há como parar as mudanças climáticas sem a demarcação das terras indígenas e sem essa compreensão de que são exatamente as culturas e esse modo de vida [indígenas] que garantem essa preservação.
BALBÚRDIA: Para a gente falar um pouco sobre Educação Ambiental na luta pelos territórios dos povos indígenas… Você e demais lideranças indígenas são reconhecidas pela luta da terra, que é também uma luta ambiental. Qual orientação você poderia dar aos professores para tratar dessas questões?
Sonia Guajajara: É importante conhecer cada um dos projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional, que flexibiliza a legislação ambiental, porque todas essas medidas acabam colocando em xeque a luta pelo território. Hoje, nesse governo Bolsonaro, há uma decisão política de não demarcar terras indígenas. Isso, que foi uma promessa de campanha de Bolsonaro, se transformou em política pública desse governo: a não demarcação e a revisão de territórios que já tinham processos concluídos. É muito importante que as pessoas conectem toda essa luta ambiental à luta indígena e ao modo de vida dos povos indígenas. Afinal de contas, os territórios indígenas, comparados com as demais terras públicas, são os mais preservados. É o que tem ainda a biodiversidade viva. É o que mantém a floresta em pé, que mantém a água limpa, a alimentação sem veneno. E são de uso coletivo. A gente ocupa hoje 13 % do território nacional, sendo que 97 % destes 13 %, estão na Amazônia brasileira. Isso quer dizer que temos um passivo muito grande de territórios a serem demarcados nas outras regiões. E as pessoas não podem entender a luta ambiental dissociada da luta indígena. Afinal de contas, para nós, o território é o corpo e é o espírito. É preciso que, mesmo as entidades ambientalistas, que fazem essa luta em defesa do meio ambiente, muitos não fazem a luta em defesa dos povos indígenas. E é preciso que haja essa conscientização de que é uma só [luta]. Lutar pelo meio ambiente hoje, lutar pela proteção das culturas dos povos, é lutar também pela sua própria existência. Afinal de contas, estamos em um momento crucial das mudanças climáticas, onde não podemos permitir mais o aumento de um grau e meio da temperatura e o que estamos vendo é uma aceleração da exploração da natureza, da terra… Nesse governo Bolsonaro, por medidas legais, pois hoje tentam legalizar a exploração. Não há como parar as mudanças climáticas sem a demarcação das terras indígenas e sem essa compreensão de que são exatamente as culturas e esse modo de vida [indígenas] que garantem essa preservação.
[...] nenhum governo colocou na prioridade a demarcação das terras indígenas, porque ninguém quer comprar briga ou desgaste com o setor do agronegócio, com o setor da indústria madeireira, com fazendeiros… Não houve avanço na demarcação dos territórios indígenas. Mas não há como comparar nenhum governo com o governo Bolsonaro. Em nada.
BALBÚRDIA: Um dos episódios que te deu a notoriedade nacional, foi a entrega da Motosserra de Ouro para Kátia Abreu em 2010. Como você faria um panorama da questão ambiental de lá pra cá? Você falou agora um pouco sobre como está no governo Bolsonaro, mas já tínhamos problemas anteriores, como você evidencia essas diferenças?
Sonia Guajajara: Na verdade, tivemos um período de redução do desmatamento entre 2012 e 2014, o que não quer dizer que houve avanço na demarcação das terras indígenas. O que sempre foi um problema para o Estado, porque nenhum governo colocou na prioridade a demarcação das terras indígenas, porque ninguém quer comprar briga ou desgaste com o setor do agronegócio, com o setor da indústria madeireira, com fazendeiros… Não houve avanço na demarcação dos territórios indígenas. Mas não há como comparar nenhum governo com o governo Bolsonaro. Em nada. Nem em relação ao desmatamento. Estamos vivendo agora, por exemplo, o maior desmatamento em 15 anos, o maior desmatamento da história. E mesmo assim, os territórios indígenas continuam os mais preservados, mesmo sem uma política efetiva de proteção. As queimadas só aumentam, inclusive por incentivo do próprio governo, que fica sempre querendo culpar as próprias vítimas, como acabou culpando os indígenas, ONGs, ambientalistas que fazem todo esse trabalho de garantir a proteção. Neste governo em especial, houve a demissão de servidores que se colocaram, como fiscais, que estão em órgão de controle e fiscalização da política ambiental. Um desmonte, o maior de todos os tempos, é o que estamos vivendo agora. Sempre houve desmatamento, descaso, o não avanço na demarcação das terras indígenas, mas nada se compara com o que temos hoje nesses quatro anos de governo Bolsonaro. Não dá. Ele estimula a invasão, ataques, o discurso de ódio, que aumenta a violência, aumenta os conflitos no campo. Sem contar em toda essa situação de assassinatos de indígenas que seguem, inclusive agora. Posso citar toda essa violência no Amazonas, com Dom Phillips e com Bruno Ferreira, que faziam toda essa luta em defesa dos territórios dos povos isolados. Em seguida, aquele massacre do Guapoy, no Mato Grosso do Sul, e em seguida no sul da Bahia, com os pataxós. E agora, semana passada [semana do dia 05/09/22] dois guajajaras assassinados no Maranhão. Uma menina desaparecida lá no Mato Grosso do Sul, Guarani Kaiowá. E agora, 500 km de floresta queimando na Amazônia. É uma verdadeira tragédia o que nós estamos vivendo hoje. E o pior: é uma tragédia que está autorizada pelo próprio governo. É o desmonte, a violência, a destruição, o descaso com as políticas públicas, que só aumenta com esse governo porque está programado, está formalizado. Então podemos dizer, diante disso que é sim, um genocídio institucionalizado que está em curso hoje no Brasil.
BALBÚRDIA: Você foi uma das candidatas que assinaram a Carta Compromisso pelo Direito à Educação nas Eleições 2022, além disso, você, junto com outras lideranças indígenas estão nessa eleição com a proposta de aldear o Congresso. Como a educação entra nessa proposta coletiva dos movimentos indígenas?
Sonia Guajajara: Nós estamos querendo, na verdade, aldear a política, porque são as Assembleias Legislativas e o Congresso Nacional. Temos, hoje, 182 candidaturas indígenas no total. E aí, tomou-se a decisão de lançar essa bancada indígena, exatamente porque estabelecemos dois critérios que precisam ser ocupados por nós, indígenas, para provocar uma mudança dessa ausência, dessa subrepresentação indígena nos espaços. Primeiro, estamos falando de aldear as universidades. Aldear as universidades não só com a presença indígena por meio das cotas. Até porque as cotas também estão reduzidas, as inscrições para as cotas também foram reduzidas no governo Bolsonaro. As bolsas permanência também foram reduzidas. Hoje, nós temos cerca de 60 mil estudantes indígenas nas universidades. Metade ameaçada de deixar os cursos antes de concluí-los, por falta de apoio da bolsa permanência. Então, uma das formas, é aldear as universidades para que elas possam abrir os sistemas próprios de acesso. E além dessa chegada dos indígenas, abrir também esse espaço para as trocas de saberes e trazer cada vez mais debates, palestras, essa presença mesmo indígena, para que haja de fato esse conhecimento sobre a realidade indígena. Então, aldear as universidades é para além das cotas, é para absorver o que também os indígenas trazem para dentro das universidades. É aldear as universidades e aldear a política.
Porque é impressionante como ainda hoje a nossa presença causa muita estranheza nos lugares que a gente chega. Muita gente acha que os indígenas, ou têm que estar lá na aldeia o tempo todo, ou acha que não tem que estar mais na aldeia, tem que estar já “inserido na sociedade”. (...) É preciso respeitar os diferentes modos de vida, é preciso respeitar as especificidades e valorizar essas diferenças.
BALBÚRDIA: Você está esperançosa com essa formação da bancada do cocar?
Sonia Guajajara: Sim! Entendendo que são duas frentes importantes que podem provocar essa mudança, essa transformação social, cultural para a aceitação dos povos indígenas. Porque é impressionante como ainda hoje a nossa presença causa muita estranheza nos lugares que a gente chega. Muita gente acha que os indígenas, ou têm que estar lá na aldeia o tempo todo, ou acha que não tem que estar mais na aldeia, tem que estar já “inserido na sociedade”. O governo Bolsonaro trouxe essa proposta de integracionalismo, falando que “somos todos o povo brasileiro”, mas na verdade não tem como haver essa integração, se há uma desigualdade muito grande. No Brasil, nem todo mundo tem direitos iguais, acesso às políticas públicas. É preciso respeitar os diferentes modos de vida, é preciso respeitar as especificidades e valorizar essas diferenças. É isso o que tem que ser feito. E aí estamos nessa luta aí de ter representantes indígenas no Congresso para somar forças e dar continuidade junto com a Joenia [Wapichana (Rede-RR)], que está lá como única indígena do Congresso Nacional. Houve um vazio de 30 anos, desde Mário Juruna*, até a gente conseguir eleger mais um indígena no Congresso. Já passou da hora de ter indígenas ocupando a política institucional. E claro, nós estamos trabalhando para ganhar. Estou candidata em São Paulo. Vim para São Paulo para a gente ter mais visibilidade para mostrar essa força coletiva desse projeto indígena. Agora, não dá mais para não ter indígenas na democracia que a gente quer construir. A democracia que a gente quer tem que ter essa cara da diversidade indígena, negra, LGBTQIA+, mulheres… e estamos trabalhando para isso nos conectando com outras representações de outras bancadas também, para a gente chegar no Congresso e termos a bancada da terra, para poder derrotar de vez a bancada ruralista. E estamos acreditando que São Paulo não vai passar essa vergonha. São Paulo precisa eleger a primeira mulher indígena do estado! É a oportunidade que a gente dá para São Paulo agora, de votar numa mulher indígena para deputada federal!
* Mário Juruna: líder indígena e político brasileiro, 1933 - 2002
BALBÚRDIA: Sim, com certeza! É uma esperança! Você tem uma mensagem final para nossas leitoras e leitores?
Sonia Guajajara: Convocar todo mundo para a luta, para esse momento que é tão desafiador, mas também cheio de oportunidades. É importante que as pessoas possam entender que nossas escolhas políticas é do que depende nosso futuro ou a nossa vida. E nesse momento, nós estamos entre a democracia e a barbárie, o autoritarismo, e nós precisamos acreditar que é possível transformar também por meio da política. Vamos que vamos: aldear a política, quilombar a política. Vamos juntos por uma democracia que tenha a cara da diversidade do Brasil. Precisamos de todo mundo para virar esse jogo!