Estudos Epidemiológicos e em Ciências Sociais e Humanas em Saúde:

18/12/2020

VIOLÊNCIA E SAÚDE: ESTUDOS EM EPIDEMIOLOGIA E CIÊNCIAS SOCIAIS EM SAÚDE SOBRE PREVALÊNCIAS E AGRAVOS A SAÚDE

Objetivos: Estudos da violência interpessoal entre homens e mulheres em faixa reprodutiva como violência de gênero e das relações com agravos à saúde. Incluem-se em segundo momento estudos com homens seja em estimativas de violência perpetrada contra mulheres como as sofridas pelos homens. Constituem estudos transversais de prevalência da violência do tipo psicológico, físico e sexual, em termos da superposição desses tipos, da gravidade que representam e também de sua repetição como episódios, além da identificação de agressores e de fatores associados às violências. Quando acoplados à pesquisa qualitativa, esta investiga em geral as representações de homens e mulheres sobre a violência doméstica contra mulheres e sobre as desigualdades de gênero. Embora não exclusiva a violência de caráter doméstico e conjugal é privilegiada, bem como a análise da perspectiva de gênero dos resultados, inserindo-se na vertente social dos estudos epidemiológicos. Incluem-se também estudos de possíveis impactos da violência em agravos à saúde e uso dos serviços, em termos das prevalências de determinados agravos e das taxas e perfil do uso dos serviços. Uma terceira vertente são os estudos que mensuram se e como as vítimas lidam com a violência e a associação de fatores mais individuais, relacionais, comunitários e sociais. São pesquisas que se valem da metodologia epidemiológica e/ou mistas combinando pesquisa quantitativa e qualitativa sobre o objeto de estudo.

1997-1999
PROJETO VIOLÊNCIA, GÊNERO E SAÚDE: ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS E TECNOLOGIAS EM ATENÇÃO INTEGRAL À MULHER

Descrição: Introduzir a vertente de estudos quantitativos visando conhecer a magnitude do problema Violência Doméstica e Sexual e seu impacto no uso dos serviços como unidades básicas de saúde. Valida instrumento de entrevista americano (Abuse Assesment Screening) de J. MacFarlane, para uso em serviços de saúde tipo pronto atendimento ou portas de entrada de serviços e mede a frequência de casos dentre as usuárias de 15 a 49 anos (amostra de 320 usuárias), de um serviço de atenção primária, na região do Butantã,SP, Brasil, cruzando seus achados com o uso do serviço por estudo dos prontuários dessas mesmas usuárias. Projeto financiado pelo Conselho Nacional de Pesquisa -CNPq.

1998 – 2004
PROJETO: WHO MULTICOUNTRY STUDY ON WOMEN’S HEALTH AND DOMESTIC VIOLENCE

Descrição: Pesquisa a prevalência na população feminina de 15 a 49 anos de casos de violência doméstica e sexual, por inquérito domiciliar. Trata-se de pesquisa multicêntrica internacional, sob a coordenação da OMS e suporte técnico da London School. Abrange 8 países: Brasil,: Japão, Peru, Bangladesh, Tailândia, Ilhas do Pacífico, Quênia e Tanzânia. O processo amostral respeitou a divisão das regiões por “clusters” selecionando para o sítio urbano (Município de São Paulo) e para o sítio rural (15 municípios da Zona da Mata de Pernambuco) 2.160 domicílios cada sítio, segundo ordenação da escolaridade do chefe da família e pretendendo alcançar cerca de 1.500 mulheres em cada um dos sítios na referida faixa etária. Objetiva conhecer a magnitude (prevalência) do evento “mulheres em situação de violência” e os fatores associados a essa condição. Combina-se com estudo qualitativo realizado em geral como fase formativa do questionário. No Brasil optou-se por aprofundar a pesquisa qualitativa de modo mais autônomo, caracterizando o estudo misto; fez-se, em cada um dos sítios entrevistas em profundidade com mulheres em situação atual e/ou pregressa de violência; grupos focais com homens e mulheres de diferentes escolaridades e faixas etárias como parte das representações dos homens e mulheres estudados; e entrevistas com informantes-chaves dos serviços que atendem mulheres em situação de violência a fim de caracterizar a questão da violência de gênero e os impactos na saúde da mulher. Projeto financiado pela OMS e complementado no Brasil com apoio do CNPq e do Ministério da Saúde, e desenvolvido em parceria com duas ONGs feministas: Coletivo feminista sexualidade e Saúde em São Paulo e SOS –Corpo na Zona da Mata de Pernambuco.

1999 – 2003
PROJETO: OCORRÊNCIA DE CASOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E SEXUAL NOS SERVIÇOS DE SAÚDE EM SÃO PAULO E DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA PARA PROGRAMAS DE SAÚDE DA MULHER

Descrição: Investiga-se a ocorrência de casos de violência doméstica e sexual entre usuárias de Unidades Básicas de Saúde, portas de entrada da rede pública em São Paulo (Município e Grande São Paulo), por amostra de conveniência através da adesão de serviços da rede estadual no município de São Paulo e da rede dos municípios de Santo André, Diadema e Mogi das Cruzes. Pretende-se estimar a prevalência de casos de mulheres em situação de violência na faixa etária de 15 a 49 anos em amostra de 3.193 mulheres. Busca-se conhecer características sociais, demográficas e sanitárias de usuárias associadas a episódios de violência, bem como identificar as diferenças quanto às formas de uso dos serviços, demandas apresentadas e resolutividade da atenção primária entre mulheres que experimentaram violência comparativamente às que não experimentaram. Busca-se ainda conhecer as representações tanto das usuárias desses serviços quanto de seus profissionais no que diz respeito à violência de gênero como questão da atenção primária em saúde. Projeto financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo-FAPESP.

2002 – 2004
PROJETO: HOMENS, VIOLÊNCIA E SAÚDE – UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O CAMPO DE PESQUISA E INTERVENÇÃO EM GÊNERO, VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E SAÚDE

Descrição: O projeto aborda a face masculina da violência doméstica de caráter conjugal e seus impactos na saúde, tomando como população referência usuários masculinos na faixa etária de 18 a 60 anos de dois centros de saúde ( Unidades Básicas) do município de São Paulo. Estudo desenhado em espelho relativamente ao de usuárias mulheres apoiado pela FAPESP, com igual questionário e critérios de definição da amostra e captação de casos. Tem como objetivo estudar a masculinidade para homens pertencentes às camadas de baixa renda em situações de conflitos de gênero. Vale-se da triangulação metodológica: questionários aplicados a 786 usuários, leitura dos prontuários desses entrevistados e seis grupos focais com homens usuários de 18 a 35 anos e de 36 a 60 anos. Projeto financiado pela FAPESP.

2005 – 2008
PROJETO: VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E SAÚDE ENTRE USUÁRIAS DO SUS EM DUAS CAPITAIS – SÃO PAULO E RECIFE

Descrição: Estudar o problema da violência contra a mulher entre usuárias de saúde da rede pública (SUS), investigando 04 contextos assistenciais (atenção primária do tipo convencional e do tipo Programa Saúde da Família-PSF; emergências/urgências gineco-obstétricas e atenção ao parto/puerpério). O estudo pesquisa: prevalências da violência física e/ou sexual e/ou psicológica entre mulheres de 15 a 49 anos, na gestação e fora dela; impactos da violência na saúde das mulheres; e formas pelas quais as mulheres que já experimentaram violência lidam com o problema. As técnicas de produção de dados são: aplicação de questionário a amostras de usuárias, leituras de seus respectivos registros médicos ou fichas de atendimento, e entrevistas semiestruturadas com mulheres que vivem ou viveram situações de violência. Serão abordadas, com destaque, as violências perpetradas por parceiro ou ex-parceiro. Mas também serão estimadas aquelas perpetradas por outros familiares, por não familiares e por estranhos. Todas serão tomadas da perspectiva de gênero, em sua interseção com a garantia dos direitos das mulheres. Busca-se aprofundar o conhecimento acerca da população atendida em serviços de saúde e das relações entre o evento da violência e saúde, tanto da perspectiva dos agravos consequentes, quanto dos padrões de uso dos serviços, das demandas a eles apresentadas pelas mulheres e, ainda das respostas fornecidas nos diferentes contextos assistenciais. Projeto financiado pela CNPq e desenvolvido em Recife/ PE em parceria com a ONG SOS-Corpo.

2005 – 2009
PROJETO: VIOLÊNCIA NA GRAVIDEZ – DETERMINANTES E CONSEQUÊNCIAS PARA SAÚDE REPRODUTIVA, SAÚDE MENTAL E RESULTADOS PERINATAIS

Descrição: Investigar a prevalência da violência psicológica, física e sexual cometidas contra as mulheres na gravidez e identificar os seus determinantes e conseqüências no Distrito Sanitário II do Recife. Objetivos Específicos: Estimar a prevalência e a incidência da violência cometida por parceiros na gravidez (VPG); Estimar a prevalência e a incidência da violência infligida à mulher por outros agressores na gravidez; Investigar a associação da VPG com violência anterior cometida por parceiros ou ex-parceiros; Descrever a freqüência, as características, a severidade e as modificações do padrão da violência na gravidez; Investigar a associação da violência na gravidez com características demográficas e socioeconômicas da mulher; Investigar a associação da VPG com a história de violência infligida à mulher por outros agressores e de violência contra a mulher na família; Investigar a associação da VPG com características demográficas e socioeconômicas do parceiro, com os antecedentes de violência contra a mulher na família e descrever as situações que o levam a atos violentos; Investigar a associação da violência na gravidez sobre comportamentos de risco na gravidez e a adesão ao pré-natal, o tipo de parto, complicações obstétricas na gravidez, parto e puerpério, resultados perinatais e mortalidade neonatal; Avaliar a associação da violência na gravidez com os Transtornos Mentais Comuns na gravidez. Projeto financiado pelo CNPq.

2010 – 2011
PROJETO: ESRC PATHFINDER RESEARCH PROJECTS – SOCIAL INEQUALITY AND WOMEN’S RESPONSE TO DOMESTIC VIOLENCE: A UK-BRAZIL RESEARCH PARTNERSHIP

Descrição: This project aims to strengthen the links between two established Research Centers working on violence against women and health – the Gender, Violence and Health Centre at the London School Hygiene and Tropical Medicine, and the Gender, Violence and Health Research Group at the University of Sao Paulo. Specifically, the overall project objectives are to: 1. Strengthen partnership between two experienced and innovative research groups to facilitate future joint research on violence, gender and health; 2. Support the exchange of students, knowledge, skills and disciplinary expertise between the two groups; 3. Support the merging of different Brazilian micro-data sets and analysis of how social and economic factors and the availability of services influence women’s responses to violence and the impact of these strategies; 4. Build capacity and share experience in advanced quantitative data analysis, addressing the methodological challenges of multi-level research on this complex social issue; 5. Share the methodological lessons learned with other WHO collaborators, creating opportunities for internationally comparative research; 6. Use the findings to inform initiatives in Brazil to strengthen multi-sectorial responses to domestic violence in Brazil.