NAI-FEUSP: Monitoria Integrada de estágio como dispositivo da formação inicial e continuada de professores/as em Escolas Públicas – Território, Intersetorialidade e Participação em novas formas escolares. 

PLANO DE AÇÃO

 

Justificativa  da proposta

Este projeto vincula-se à formação inicial e continuada de professores e professoras realizada pela articulação do Núcleo de Avaliação Institucional (NAI-FEUSP) com escolas públicas, licenciandos/as da FEUSP mediada por monitores do PFP. Tendo iniciado a parceria com o PFP com seis escolas, em 2016, o NAI-FEUSP manteve em 2023, uma Rede constituída por 33 escolas públicas situadas na Grande São Paulo.  A pretensão de uma formação triangulada por estagiários, escolas e universidade  é desafiante, tal como indicam outras experiências em curso (FREITAS, 2012 e NÓVOA, 2017).

O estágio tem centralidade neste projeto. Para que ele ocorra com qualidade, a Rede NAI entende que deve ser acompanhado e ter acolhimento tanto dos/as profissionais da escola que o promove; como de estudantes de pós-graduação que, ao mesmo tempo, formam-se como futuros/as docentes e colaboram na formação de licenciandos/as. Essa articulação é um dos componentes desta proposta. Ela é construída pela ação da coordenação do NAI,  dos/as monitores/as e dos estagiários, processo que envolve o ensino, a extensão e a pesquisa, como será apontado. 

O NAI-FEUSP tem como objetivos: 

(1) o estudo de práticas e de  formas escolares que  contribuam para a  qualidade social da escola pública; 

(2) o apoio e fomento à autonomia e  identidade da escola pública na elaboração e execução de seu Projeto Político Pedagógico (PPP) (AZANHA, 2000); 

(3) o apoio teórico e prático (ferramentas e dispositivos) às escolas para a elaboração curricular integrada a processos de transformação do território escolar (PRCEU/USP, 2017), acompanhada por processos de avaliação institucional, que resultem na revisão permanente de seu Projeto.

A proposta é atuar considerando um sentido da transformação: a escola como sujeito social e a autonomia – inerente a essa condição – dos sujeitos escolares (estudantes, professores/as e comunidade), vivendo de forma distinta em realidades diferentes. Nesse sentido, uma proposta de formação fundamentada em chaves como o espaço e o cotidiano (LEFEBVRE, 2006) ou o território (SANTOS, 2003) permite a construção de uma proposta baseada na avaliação institucional produtora de sentido (ARDOINO&BERGER, 1986).

Propõe-se contribuir com a escola na elaboração de um currículo que supere o nivelamento raso, baseado no que é externamente definido como comum, com rupturas da padronização e da homogeneização indevida (GABRIEL, 2019).

A produção de uma agenda entre a Universidade – professores/as, licenciandos/as e monitores/as – e escolas públicas é central para o NAI e passa a ser parte da formação. Os/As monitores/as e licenciandos/as são convidados/as a se constituir em grupos, que se relacionam por escola, retomando uma esquecida prática universitária, baseada na formação de coletivos de interesse e de atuação conjunta.

No curto espaço de tempo em que se estrutura o PFP (10 meses), retomamos o trabalho deixado pelos/as estagiários/as e monitores/as do ano anterior e avançamos a partir do escopo de estágio das disciplinas da FEUSP. É importante mencionar que, além disso, por sua inserção no território, o NAI-FEUSP integrou dois projetos junto à FSP/USP e EE/USP (2020, 2021, 2022 e 2023). E que, dessa ação, resultou o fortalecimento de áreas abarcadas por esses projetos, configuradas como polos, trabalhado na disciplina PRG0021 “Educação, saúde e assistência social: redes complementares na proteção social básica”, que terá nova edição no segundo semestre de 2024. O NAI-FEUSP tem se voltado para estudar e apoiar a formação de redes de proteção social, trabalhando como os/as profissionais de outras unidades da USP e com as escolas, na chave do território, da intersetorialidade e da participação. Por isso, todos/as são convidados/as a participar dessa ação, especialmente na disciplina  PRG 0021, envolvendo três unidades da USP (FEUSP, FSPUSP e EEUSP) e contando com a participação de uma professora e estudantes do curso de serviço social da PUC.

Cabe destacar que três estudantes de pós-graduação, sendo duas mestrandas da FEUSP e diretoras das escolas parceiras e um doutorando da FSP, voltaram suas pesquisas para as temáticas que vêm sendo estudadas pelo NAI-FEUSP. O campo desses projetos fortalece e é fortalecido pelas ações de monitores/as e licenciandos/as nos estágios. 

Com as escolas, comunidades e pesquisadores/as,

“queremos cidades com serviços eficientes (…) que melhorem o transporte, a saúde, a moradia, a educação etc. Mas a grande questão é como evitar que nossas cidades sejam máquinas de precarizar trabalhadores, beneficiando apenas interesses privados (…) o controle sobre tecnologias, dados e infraestruturas é imprescindível para a gestão cooperativa da cidade inteligente do futuro – democrática e inclusiva.” (BRIA e MOROZOV, contracapa, 2019).

Os relatórios de monitores/as de anos anteriores indicam que o esforço é válido e a qualidade da aprendizagem é significativamente maior na trama formativa proposta, como no exemplo abaixo:

“Paulo Freire, expressa em suas palavras a identidade do NAI e o compromisso do núcleo com a educação pública de qualidade, crítica e transgressora (…) Aqui está a diferença, a identidade e o encontro do NAI com a ética freireana – o exercício do diálogo no seu mais alto tom, sem hierarquias, sem transmissão, reconhecendo e exercendo o encontro dos sujeitos interlocutores nesse processo educativo e dialógico. Dessa forma, o NAI me mostra que o caminho para uma educação humanista e emancipatória se faz em construção (…)o chão da escola tem muito a nos ensinar e o NAI está aberto a aprender e a dialogar!”   (SENE,2022)

Objetivos

Pretende-se que os monitores se reconheçam, se formem e se envolvam enquanto:

  1. Integrantes propositivos das ações do NAI-FEUSP;
  2. Um grupo apto e organizado para atuar junto aos/às estagiários de várias disciplinas, tendo como foco principal a disciplina POEB;
  3. Participantes de situações colaborativas, próprias à democracia e à participação, aprofundando o significado teórico e prático desses conceitos na definição da avaliação institucional;
  4. Interessados/as, junto aos/às estagiários/as e às escolas, na disseminação dos resultados do Projetos de Pesquisa CAEG e Aprender na Comunidade (KRUPPA, 2020 e 2021), de forma a iniciar uma rede de proteção social e/ou fortalecer, onde ela já estiver em curso, contribuindo para atuação matricial de equipamentos de diferentes políticas sociais situadas em mesmo território;
  5. Participantes nas ações de mapeamento colaborativo, valendo-se das ferramentas trazidas pelo Portal CulturaEduca (FEUSP e LIDAS, 2017), contribuindo para a discussão do uso de dados a favor da população;
  6. Participantes ativos dos processos com os/as estagiários/as, estudando de forma crítica as políticas públicas relacionadas à educação.

Referências

ARDOINO, Jacques; BERGER, Guy. L’évaluation comme interprétation. Tradução: Manuela Terrasêca. Pour, n. 107, Jun-Agos, 1986, p. 120‐127.

AZANHA, José Pires. Proposta pedagógica e autonomia da escola. In A escola de cara nova. Planejamento. São Paulo: SE/CENP, 2000. p. 18-24.

BERGER, Guy; TERRASECA, Manuela. Políticas e Práticas de avaliação Algumas reflexões.  Educação, Sociedade & Culturas, n. 33, 2011, p. 7-16.

BRIA, F.; MOROZOV, E. A cidade inteligente: tecnologias urbanas e democracia. São Paulo: Ubu Editora, 2019.

FREITAS, Luiz Carlos de; SORDI, Mara Regina Lemes de; FREITAS, Helena Costa Lopes de; MALAVAZI, Maria Márcia Sigrist. Avaliação Educacional. Caminhando pela contramão. 4ª ed., Petrópolis: Editora Vozes, 2012. 86p

GABRIEL, Carmen Teresa. Currículo e construção de um comum: articulações insurgentes em uma política institucional de formação docente. Revista e-Curriculum, São Paulo, v.17, n.4, p. 1545-1565out./dez. 2019.

KRUPPA, Sonia M.P. et al. Escolas Públicas e Universidade “dentro e além dos muros”: Educação e Saúde no Território Escolar. Projeto aprovado junto ao Edital Aprender na Comunidade 02/2020 – Pró-Reitoria de Graduação/USP, 2020. 

KRUPPA, Sonia M.P. et al. Inovação e políticas sociais: integração de conhecimentos na formação interdisciplinar no território. Projeto aprovado junto ao EDITAL PRG – CAEG /USP, janeiro/2021

LEFEBVRE, Henri. A produção do espaço. Trad. Doralice Barros Pereira e Sérgio Martins (do original: La production de l’espace. 4e éd. Paris: Éditions Anthropos, 2000). Primeira versão : início – fev.2006

NÓVOA, António. Um novo modelo institucional para a formação de professores na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Relatório final da missão de trabalho junto a UFRJ, 2017.

MUSUMECI, Leonardo Rafael. Cidades inteligentes vistas do lado de cá: território, intersetorialidade e participação no planejamento local de políticas públicas. Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública para Exame de Qualificação, março de 2022.

PRCEU/USP Acordo de Cooperação Técnica firmado entre a USP, no interesse da Faculdade de Educação  e o Instituto Lidas, 2017.

SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2003.

 

PLANO DE TRABALHO

 

A seguir, serão descritas as atividades que fazem parte do Plano de Trabalho para 2024 que foi construído na avaliação anual em dezembro de 2023 na Escola Nacional Florestan Fernandes:

“Guimarães Rosa explica uma coisa que parece tão simples: que a vida se faz na terceira
margem do rio, ou seja, no próprio rio. É no curso do rio, em seu movimento, que se
faz a vida. A vida não se faz numa margem imóvel e nem na outra. Ela se faz no meio,
no movimento, por vezes turbulento, por vezes calmo – são momentos de
imprevisibilidade. Mas é habitando essa terceira margem que podemos construir
alguma coisa diferente na área da educação” (Nóvoa, 2022)

A partir da citação acima, a avaliação da Rede NAI ao final de 2023, teve como pontos de partidas, três dimensões:

  • Formação no leito do rio: Avaliação dos estágios e o Programa de Formação de Professores/as.
  • Formação a partir da margem USP e em interação: Proposição para o primeiro semestre de 2024 com os Cursos de Extensão no Centro Cultural Maria Antonia – PAULO FREIRE – TEORIA E PRÁXIS  e no Memorial da América Latina – EDUCAÇÃO NA AMÉRICA LATINA: HISTÓRIA, MOVIMENTOS, RESISTÊNCIAS E PROPOSIÇÕES.
  • Formações e Agendas a partir das margens das escolas: levantamento dos temas e ações a partir da questão central: Planejamento 2024: É possível uma virada copernicana? A Comunidade e o território no centro?

Ações planejadas para 2024:

1- Ampliação de Formação: 2 cursos de extensão/disciplinas de pós graduação:

  • Paulo Freire Teoria e Práxis no CC Maria Antônia
  • Educação na América Latina no Memorial da América Latina

2- Elaboração do PPP do NAI – em reuniões coletivas e muitos debates

3- Realização dos estágios POEB e PRG 21 – a parceria com a PUC e UFABC

4- Formação/Articulação Política – Revolução Copernicana – Cia do Tijolo  – Paulo Freire na rua articulando a comunidade e a participação.

 

Fotos: Arquivo NAI