Reconhecimento internacional: Professora Jaroslava Valentova recebe prêmio da Human Behavior and Evolution Society

Profa. Dra. Jaroslava Valentova PSE-IPUSP

O prêmio destaca o impacto de pesquisadora brasileira na ampliação da psicologia evolucionista na América Latina

A professora do IPUSP Jaroslava Varella Valentova recebeu o “HBES Fellow Award” da Human Behavior and Evolution Society (HBES), principal sociedade científica dedicada ao estudo do comportamento humano sob a perspectiva evolucionista, durante a 36ª Conferência Anual da HBES, realizada de 4 a 7 de junho, em Nova Jersey, EUA. A premiação reconhece a trajetória acadêmica de Jaroslava Valentova, assim como o impacto internacional de suas iniciativas para ampliar o alcance da psicologia evolucionista e comparativa na América Latina, abordando temas como orientação sexual, fatores que influenciam a satisfação nos relacionamentos — em especial a homogamia e a complementaridade de características físicas e de personalidade —, atratividade humana, masculinidade, feminilidade e estratégias reprodutivas.

Este reconhecimento é também um sinal de que estamos conseguindo consolidar a psicologia evolucionista como uma área relevante na América Latina, onde ainda é pouco difundida”, destaca Jaroslava, que atua há mais de 15 anos como membro ativo da HBES.

Valentova participa da sociedade desde 2008, e tem se destacado na Human Behavior and Evolution Society (HBES) por sua atuação em iniciativas que fortalecem a psicologia evolucionista e áreas relacionadas como pilares nos currículos de ciências humanas. Além de apresentar pesquisas, organizou encontros que marcaram a história da entidade, como a Conferência Virtual HBES 2022, o congresso sediado em Natal (RN) em 2014. Foi também uma das idealizadoras da Latin American Association for Human Behavioral and Evolutionary Sciences (LAAHBES), iniciativa recente que reúne pesquisadores latino-americanos da área. “Gosto de dizer que meu trabalho é abrir portas para pesquisadores de lugares que normalmente não têm tanta representatividade nesses debates, como a América Latina e o Leste Europeu, afirma a professora. “A ciência evolutiva precisa ser diversa para entender a complexidade do comportamento humano.”

Ao longo de sua trajetória, Jaroslava tem se dedicado a combater visões distorcidas sobre a psicologia evolucionista. Para ela, um dos principais desafios ainda é desfazer a ideia de que a área seria limitada ou excludente. “A psicologia evolucionista não é heteronormativa nem sexista — pelo contrário, ela nos ajuda a entender a enorme diversidade humana, desde orientações sexuais até estratégias de relacionamento”, explica. Parte de suas pesquisas investiga justamente o papel de comportamentos não-reprodutivos e a saúde mental de minorias sexuais, além de explorar como modificações corporais — como tatuagens e cirurgias — refletem estratégias evolutivas em diferentes culturas.

Além da pesquisa, Jaroslava destaca o compromisso com a extensão universitária. Ela organizou e participou de diversos workshops, palestras e edições especiais de revistas científicas para aproximar a ciência evolucionista de públicos variados. Também coeditou os primeiros livros brasileiros de psicologia evolucionista, contribuindo para inserir a área nos currículos acadêmicos. “Quero que esse conhecimento não fique restrito aos laboratórios, mas chegue a quem realmente pode se beneficiar dele, como profissionais de saúde mental, educadores e a sociedade em geral”, diz. Jaroslava Valentova aborda alguns de seus temas de pesquisa em entrevistas sobre a não monogamia (assista aqui) e o vídeo Manual Evolucionista de Sedução Amorosa no podcast Escafandro (ouça aqui).

   

Atualmente, a professora Jaroslava Valentova, em parceria com alunos e colaboradores, desenvolve pesquisas sobre como modificações corporais — como tatuagens, maquiagem e cirurgias — podem refletir estratégias evolutivas em diferentes culturas. Entre os temas de destaque estão sexualidade, orientação sexual, preferências por parceiros, dinâmicas de relacionamentos estáveis, saúde mental de minorias sexuais e influência de traços de personalidade na qualidade dos relacionamentos. O grupo também firmou novas colaborações voltadas ao estudo do comportamento sexual em outros primatas, com foco em macacos-prego.. “A psicologia evolucionista é uma ferramenta poderosa para entender quem somos — e, mais do que isso, para ajudar a transformar vidas e políticas públicas”, resume.

Com o prêmio, a professora reafirma o papel do Instituto de Psicologia da USP como referência nacional em psicologia evolucionista. “Recebo este reconhecimento não só por mim, mas por todos que acreditam que a ciência pode — e deve — ser mais inclusiva, rigorosa e transformadora”, conclui.

O HBES Fellow Award dedicado à professora Jaroslava Valentova, eleva o protagonismo do Instituto de Psicologia da USP como um ponto de pesquisa em psicologia evolucionista na América Latina. Hoje, o grupo coordenado por Jaroslava é referência nacional, com parcerias em estudos interculturais e colaborações com universidades no Brasil e no exterior. Portanto, “O reconhecimento da HBES mostra que estamos no caminho certo para fortalecer a psicologia evolucionista como ferramenta poderosa para entender quem somos, de onde viemos e como podemos viver melhor em sociedade”, conclui a pesquisadora.

Parabéns ao prêmio, professora Jaroslava!

VOCÊ PODE GOSTAR ...