Obra resenhada: TAKIMOTO, Elika. Isaac no mundo das partículas. [sine loco]: [sine nominem], 2017.
08 de março de 2021 | 10:00
Ricardo Meloni Martins Rosado é licenciado em Física pela Universidade Federal de Itajubá e mestre em Ensino de Ciências Exatas pela Universidade Federal de São Carlos. Desde 2010, é professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) - campus Sertãozinho. Atualmente, é doutorando pelo PIEC na modalidade Ensino de Física, onde trabalha com o tema "formação de professores".
É possível abordar conceitos de Física tão complexos como matéria, partículas e até mesmo o bóson de Higgs para crianças? Para a professora Élika Takimoto, do CEFET-RJ, a resposta é: sim! Em 2010, a professora foi uma das selecionadas para participar da Escola de Física CERN, um curso oferecido pela Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN) em parceria com a Sociedade Brasileira de Física (SBF) com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). E agora, ela retribui o conhecimento proporcionado pela sua experiência no livro Isaac no Mundo das Partículas.
O livro conta a história de Isaac, um garoto que, enquanto brinca na praia, repara que a areia é formada por minúsculos grãos e começa a se indagar como é que esses grãozinhos tão leves, quando juntos, podem formar uma coisa tão substanciosa e até difícil de transportar como a areia. Isaac leva então um único grão de areia para casa e é surpreendido quando esse grão se transforma em Argo, personagem que irá conduzi-lo por diversos lugares, desde a Grécia antiga até o CERN para responder à grande pergunta de Isaac: do que as coisas são formadas?
Um dos grandes diferenciais desse livro é a atenção dada ao público infantil. Muitas pesquisas em Ensino de Ciências dedicam-se à inclusão de Física Moderna no currículo do Ensino Médio e mostram que existe sim um grande interesse por parte dos alunos em estudar Ciência, sobretudo quando eles a veem presente no seu dia a dia. E se esse interesse começasse a ser explorado desde a infância? Afinal, não existem pessoas mais fascinadas com o desconhecido do que as crianças. Quem já viu uma criança na fase dos “por quês” sabe do que estou falando!
Isaac termina a sua jornada compreendendo que a Ciência não se constrói apenas com respostas, mas também com perguntas, e que os cientistas não são pessoas que possuem resposta para tudo, mas que têm curiosidade para saber do que se constitui o mundo em que vivemos. De certa forma, Isaac é um pequeno cientista movido pela sua chama da curiosidade e os cientistas adultos nada mais são do “Isaacs” que mantiveram essa chama acesa por mais tempo. Que a nossa sociedade tenha sempre crianças e adultos como Isaac!