A questão agrária na América Latina: da revolução cubana à internacionalização da luta camponesa no século XXI

Ministrantes:

Joana Salém Vasconcelos, doutorando em História econômica na USP.

Deni Ireneu Alfaro Rubbo, doutorando em sociologia na USP.

Ementa

Durante o século XX a reforma agrária foi uma das agendas principais dos países da América Latina. O objetivo geral deste minicurso é reconstituir a trajetória, as metamorfoses e os impactos de diferentes propostas de reforma agrária vivenciadas no âmbito do sistema capitalista periférico, especialmente em Cuba e no Brasil. Num primeiro momento, procede-se à análise da história da reforma agrária cubana, sua efetivação, repercussão e impasses principalmente a partir da declaração do caráter socialista da revolução em 1961.  Num segundo momento, analisaremos como a Aliança para o Progresso forjou um projeto imperialista de reforma agrária que orientará alguns governos da direita latino-americana, como Brasil e Chile. Finalmente, buscaremos identificar como tal projeto imperialista ainda reverbera na atualidade daquilo que se convencionou chamar “reforma agrária” no Brasil. Apresentar-se-á um panorama da resistência e a luta dos diversos movimentos camponeses da América Latina que ao internacionalizar a agenda da reforma agrária, principalmente na última década do século XX, modificaram seus métodos estratégicos locais para combater o avanço do agronegócio.

Cronograma

AULA 1 – Reforma agrária e socialismo: história, conflitos e tensões em Cuba

AULA 2 – Reforma agrária e imperialismo: Aliança para o Progresso e Estatuto da Terra no Brasil

AULA 3 – Lutas agrárias internacionais: do MST à articulação da Via Campesina

Bibliografia básica

BRINGEL, Breno; Falero, Alfredo. “Redes transnacionais de movimentos sociais na América Latina e o desafio de uma nova construção sócio territorial”. Cadernos do CRH, Salvador, v.21, 2008, p. 269-288.

­­­­­BARKIN, David. A agricultura, base do desenvolvimento em Cuba. 1ª ed. Portugal: Liber, 1976.

DUMONT, René. Cuba: socialism and development. 1ª ed. New York: Grove, 1970.

EDQUIST, Charles. Capitalism, Socialism and Technology – a comparative study of Cuba and Jamaica. 1ª ed. New Jersey: Zed, 1985.

GUTELMAN, Michel. A agricultura socializada em Cuba. 1ª ed. Lisboa: Prelo, 1975.

MACHADO, Absalón. La Reforma Agraria en la Alianza para el Progreso. Ponencia presentada en el Seminario Internacional 50 años de la Alianza para el Progreso. Bogotá, Centro de Estudios Estadounidenses, Colombia, Set./2011.

MARTINS, José de Souza. A reforma agrária e os limites da democracia na “Nova República”. São Paulo: Hucitec, 1986.

__________________. Os camponeses e a política no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1981.

MORAES, Reginaldo Carmello de Moraes de (org.). Globalização e radicalismo agrário: globalização e políticas públicas. São Paulo: Editora Unesp, 2006.

OEA. Carta de Punta del Este. Establecimiento de la Alianza para el Progreso dentro del marco de la Operación Panamericana. OEA: Punta del Este, ago./1961.

RUBBO, Deni Ireneu Alfaro. Párias da terra: o MST e a mundialização da luta camponesa. São Paulo: Alameda, 2016.

_____________.  “Do campo para o mundo: em busca de um internacionalismo continental para o MST – Entrevista com Gilmar Mauro”. Revista Lutas Sociais, Núcleo de Estudos e Ideologias, São Paulo, v. 29, 2012, p. 21-30.

VASCONCELOS, Joana Salém. Propriedade coletiva em debate: caminhos da revolução agrária em Cuba (1959-1964). In: Revista NERA (UNESP), v. 27, p. 240-258, 2015.

______. Trabalho voluntário e socialismo nos canaviais cubanos: uma história da safra de 1970. In: Revista Eletrônica da ANPHLAC, 2016 (no prelo).

VIEIRA, Flávia Braga. Dos proletários unidos à globalização da esperança: um estudo sobre internacionalismo e Via Campesina. São Paulo: Alameda, 2011.