Seminário de Pesquisa 17: Populismo e trabalhismo na América Latina: permanências e rupturas

Coordenadores:  

Prof. Orlando de Barros (UERJ – Doutor)

 Prof. Thiago Mourelle (UFF/Arquivo Nacional – Doutor)

Profa. Mayra Coan Lago (História Social/USP – Doutoranda)

Resumo

Este seminário de pesquisa pretende promover um debate sobre os conceitos de populismo e trabalhismo, a utilização desses termos pela historiografia latino-americana na análise de processos históricos, a revisão historiográfica latino-americana sobre o tema, sobretudo a partir dos anos 1980, os estudos de caso específicos, tal como os possíveis desdobramentos dos mesmos. Deste modo pretendemos reunir trabalhos que têm contribuído para a produção de novos olhares e estudos sobre os diversos regimes considerados “populistas”, “de massas”, “nacional-populares”, “neopopulistas”- entre outros termos- através do uso de novas fontes documentais e referenciais teórico-metodológicos.
Consideraremos trabalhos que apresentem as especificidades dos governos que por muito tempo foram reduzidos ao rótulo de “populistas”, como o de Getúlio Vargas no Brasil, o de Lázaro Cárdenas no México, o de Juan Domingo Perón na Argentina, entre outros, a partir de distintos aspectos, como os culturais, os políticos, os sociais, os artísticos, os econômicos, os militares e os de política externa e relações internacionais, analisados de forma individual ou comparativa.
Pretendemos também refletir sobre as continuidades e rupturas dos governos em relação aos períodos históricos que os antecederam– como a Primeira República, no caso brasileiro, ou a “Década Infame”, no caso argentino –, e também sua influência sobre momentos políticos posteriores, com destaque para o desenvolvimento das políticas trabalhistas nos respectivos países.
Se são inegáveis as transformações pelas quais passam o Brasil a partir de 1930 e a Argentina a partir dos anos 1940, por exemplo, por outro lado, maquiado pelo discurso do “novo”, ainda sobrevivem várias práticas dos momentos que os antecederam. No caso do Brasil, por exemplo, a continuidade da “política dos cassetetes” contra parcela do operariado que resiste à verdadeira tutela que o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio impõe aos sindicatos.
Outro ponto de fundamental importância é a enorme influência de alguns destes governantes mencionados, como o caso de Vargas, no Brasil, no período liberal-democrático de 1945-64 e de Perón, na Argentina, no período da “Revolução Libertadora” (1955-1958) e nas ditaduras militares posteriores. Até mesmo após estes momentos, chama atenção o surgimento de importantes líderes trabalhistas, muitos dos quais ainda vinculados à figura do ex-presidente gaúcho, no caso brasileiro, e do ex-presidente argentino. Ademais, heranças destes períodos, como a CLT no caso do Brasil, ainda hoje estão na pauta política do dia.
Nos estudos a respeito dessas figuras políticas tão controversas, embora haja muita divergência, existe um ponto em comum: a percepção de sua enorme importância na História destes países, a necessidade de se compreender sua atuação nos governos e o quão marcante é a influência destes regimes nas culturas políticas de seus países, como o caso do varguismo no Brasil, do peronismo na Argentina, entre outros.

Subtemáticas:

I. “Populismos” e “Trabalhismos” na América Latina;

– Revisão historiográfica crítica.

– Aspectos de casos de estudo específicos e seus desdobramentos.

II. Varguismo:

– Rupturas e continuidades de Vargas em relação à Primeira República

– Aspectos do Governo Provisório (1930-34); do Governo Constitucional (1934-37); e do Estado Novo (1937-45)

-Trabalhismo

-Anti-varguismo

– Influência de Vargas no período liberal-democrático (1945-64)

– O segundo Governo Vargas (1950-54)

– Heranças do Período Vargas na Ditadura Civil-Militar e na Nova República (1964-2016)

III. Peronismo

– Aspectos do governo da “Revolução Nacional” (1943-1945)

– Aspectos do Primeiro Peronismo (1946-1955)

– Justicialismo

-Anti-peronismo

– Influência de Perón e peronistas no período da “Revolução Libertadora” (1955-1958), dos governos de Frondizi e Illia (1958-1966) e da “Revolução Argentina”(1966-1973)

– Terceiro governo de Perón (1973- 1976)

– Peronismos na Ditadura (1976-1983)

– Heranças dos peronismos na História Política argentina contemporânea.

IV. “Neopopulismos” e trabalhismos na América Latina

– Revisão historiográfica crítica.

– Aspectos de casos de estudo específicos e seus desdobramentos.