Coordenadores:
Carlos Eduardo Carvalho – Professor do Departamento de Economia da PUCSP e do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (Unesp/Unicamp/PUCSP)
Carolina Silva Pedroso – Professora da Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (Unesp/Unicamp/PUCSP)
José Alex Rego Soares – Professor da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG).
A América Latina vive um novo processo econômico e político. A queda dos preços dos produtos primários desafia as políticas de crescimento apoiadas no consumo doméstico, ancorado na distribuição das rendas geradas pela exportação de commodities, com forte impacto sobre as finanças públicas e sobre a capacidade de reação da política fiscal. O antigo problema de como reagir à queda cíclica dos preços de exportação está de volta, depois de uma longa bonança de preços e de liquidez nos mercados internacionais, na qual os governos de centro-esquerda apostaram em estratégias de desenvolvimento exportador com distribuição de renda, como em outros momentos da história da região. Desta vez há novos problemas, porém: o perfil demográfico mudou, a urbanização avançou muito, as demandas sociais estão no centro do debate político depois de muitos anos de hegemonia de governos de centro-esquerda e de governos de centro-direita também levados a adotar políticas de distribuição de renda e de atendimento de demandas seculares. Ao contrário de outros momentos, contudo, desta vez não há crises cambiais agudas, devido em grande parte à presença da China e à política monetária expansionista nos países centrais. A calmaria cambial permitiu mudanças de governo “suaves”, como na Argentina, e também a sustentação de governos às voltas com crises longas, como na Venezuela. Ao mesmo tempo, a ascensão da China agrava os problemas de desindustrialização em países como o Brasil, enquanto o México se vê enredado na armadilha do crescimento lento com tensões sociais, a exemplo de outros países com base econômica bem menos diversificada. Nos processos de integração regional, crescem as interrogações, diante de iniciativas como o Acordo de Associação Transpacífico, que recoloca os Estados Unidos como um ator relevante na região, vis-à-vis a presença chinesa, além de uma possível convergência entre Mercosul e Aliança do Pacífico. As mudanças colocam desafios consideráveis para as forças políticas no governo, e não só as de centro-esquerda, e também para os movimentos e coalizões que se propõem a definir novas estratégias para enfrentar os problemas crescentes. O seminário espera reunir trabalhos que abordem questões de atualidade sobre economia e política, da região em geral, de grupos de países e de países específicos: balanços de experiências de política econômica de governos de centro-esquerda ou de centro-direita, análise de forças políticas em ascensão e de suas propostas, da inserção internacional da região, relações com a China e com os países centrais.
TEMAS SUGERIDOS
Os temas listados a seguir são apenas indicações de questões de interesse para o seminário, tanto em abordagens em nível da região quando na análise de casos específicos. Outros temas são benvindos, dentro do objetivo de discutir questões de atualidade de economia e de política econômica.
- Impacto da queda de preços dos produtos primários
- Natureza e efeitos do crescente protagonismo da China
- Balanço dos governos de centro-esquerda
- Novas coalizões, novas políticas, novos governos
- Desafios para as políticas sociais no novo contexto econômico e político
- As finanças públicas no fim do ciclo de alta dos preços dos produtos primário
- Desindustrialização e reprimarização: natureza, desafios
- Os processos de integração regional no novo contexto