Coordenadores:
Prof.Dr. Carlos Eduardo Ferreira de Carvalho(PUC/SP)
Prof. Dr. José Alex Rego Soares (PROLAM/USP).
Resumo
As reformas liberalizantes, processo iniciado no Cone Sul na segunda metade dos anos 1970 e praticamente concluído com o governo Collor e o Plano Real no Brasil, alteraram de forma substancial as políticas econômicas e o modelo de desenvolvimento da América Latina. Passadas três décadas, continua intenso o debate sobre seus resultados e sobre o que fazer com eles. Nos últimos dez anos, governos de centro-esquerda foram eleitos em muitos países da região com base na crítica a esses resultados – aumento da probreza, baixo crescimento, instabilidade cambial. Os novos governos adotaram políticas anunciadas como reversão do chamado “neo-liberalismo”, termo clichê adotado por adversários e críticos das reformas. Nesses países, porém, além de muitas reformas ditas neo-liberais não terem sido revertidas, como as privatizações, foram ampliadas as políticas de transferência de renda condicionada, concebidas em centros de pensamento liberal em oposição à ênfase em políticas sociais universais. Por outro lado, o Brasil dos governos liberalizantes dos anos 1990 manteve bancos e fundos públicos e o Chile, tido como precursor e paladino do “neo-liberalismo”, além de ter mantido a grande estatal do cobre e de ter aplicado controles de fluxos de capitais, busca hoje adotar políticas sociais defendidas por críticos das reformas, mas sem alterar o modelo econômico de desenvolvimento baseado em produtos intensivos em recursos naturais e ampla abertura comercial, definido no início da liberalização. Combinações variadas entre estratégias de desenvolvimento e políticas econômicas acompanharam essas três décadas e assumem agora formas originais. As políticas de inserção externa se diferenciaram, com forte gravitação em torno da China e do Leste da Ásia, além das dificuldades agora enfrentadas por países que desenvolveram políticas mais críticas às reformas. O conjunto de problemas envolvidos recomenda a rediscussão das reformas, suas origens e motivações iniciais, o processo concreto de implantação, as peculiaridades nacionais e as mudanças no quadro externo.
Subtemas
- A gênese das reformas: a crítica liberal ao desenvolvimentismo na América Latina e a crítica ao keynesianismo nos países centrais
- O Consenso de Washington e a recepção das ideias liberalizantes na América Latina
- Estratégia de desenvolvimento e política econômica nas ditaduras do Chile e da Argentina nos anos 1970
- Os problemas econômicos dos modelos desenvolvimentistas, a crise cambial dos anos 1980 e o avanço das propostas liberalizantes
- Planos heterodoxos, moratórias, renegociações das dívidas externas
- Plano Brady, volta dos capitais externos, fim da inflação elevada
- O FMI, o Banco Mundial e os centro de pensamento dos países centrais na disputa de ideias dos anos 1990
- O legado das reformas: balanço e persepctivas
- Trajetórias nacionais: peculiaridades, condicionantes, resultados