A situação do negro na America Latina e Caribe

Ministrantes: Profª Dra. Dilma de Melo Silva (PROLAM/USP),  Profº Msc. Leon Santos Padial (PROLAM/USP) e Profa. Mestranda Camila Antunes

Ementa

O Mini-curso tem como objetivo problematizar a colonização na América Latina e no Caribe através da diáspora africana que marcou significativamente a formação de quase todos os países do continente, apesar da utilização mais ou menos intensa pelas elites metropolitanas da mão-de-obra seqüestrada de vários pontos do continente africano e escravizada nas Américas.
Neste contexto, os descendentes de africanos formam grandes contingentes populacionais nos países do Caribe, uma vez que esta região era estratégica localizada para o tráfico atlântico entre a Europa e as Américas. O curso destacará especificamente a história moderna e contemporânea de dois países da região. O primeiro deles é o Haiti que ainda no século XVIII iniciou o seu processo de independência e abolição da escravidão sob a liderança de Toussant Loverture. Honduras será o segundo país a ser problematizado, uma vez que possui proporcionalmente um grande contingente populacional com ascendência africana.
A área banhada pelo Oceano Pacífico também recebeu significativos contingentes de pessoas africanas que povoaram países como Colômbia, Equador e Peru. Apesar de não considerada uma população majoritária, esta população deixou consideráveis marcas nestes países, como é o caso da Colômbia que será objeto de discussão no curso.
Finalmente, uma das questões mais emblemáticas da presença negra no processo de colonização se refere ao Cone Sul através do Porto de Buenos Aires que teve um papel estratégico na distribuição da mão-de-obra africana nos países como Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A valorização excessiva da colonização européia em países como Argentina e o ínfimo número de afro-descendentes na sua população atual esconde um passado com forte presença dessa população, inclusive na Argentina que será objeto de estudo mais específico.

Justificativa
A transposição de milhões de africanos para o continente americano fez parte de um amplo projeto de exploração comercial das metrópoles européias a partir do mercantilismo iniciado com o período das Grandes Navegações no século XV. O sistema econômico chamado  mercantilismo controlado pelos europeus só foi possível graças ao tráfico atlântico que gerava intensos fluxos comerciais e populacionais entre a Europa a África e as Américas.
Considerados como a grande força motriz de geração de riquezas nas colônias americanas, a população escravizada não foi considerada nos projetos de desenvolvimento das elites locais que estiveram à frente dos Estados nacionais em formação a partir do século XVIII na maioria dos países. No Brasil, que é o caso mais emblemático, há um hiato de sessenta e seis anos entre o processo de Independência e a Abolição da Escravidão.
Nos séculos XIX e XX, as populações descendentes de africanos ainda carregaram o peso da herança escravista, que as relegou às piores condições de vida durante o processo de modernização conservadora dos países latino-americanos e caribenhos. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) formulado pela Organização das Nações Unidas aponta grandes discrepâncias quando são separados os dados por grupos étnico-raciais dentro de cada país. Dessa forma, a problematização destes processos, desde a colonização até os dias atuais mostra-se crucial para a construção de novos padrões de respeito e garantia de oportunidades para estas populações neste início de século XXI.

Aulas

Primeiro Dia-19.10

Aula 1 – A situação do negro na América Latina

Responsável: Profª Dra. Dilma de Melo Silva

 

Segundo Dia 20.10

Aula 2 – A Revolução Haitiana e a resistência negra: questões contemporâneas de um passado colonial

Camila Antunes

 

Terceiro Dia 21.10

Aula 3 –O conceito de “afrocolombianidad” e a emergência do movimento afrocolombiano contemporâneo”

Profº Msc. Leon Santos Padial