Artigo discute a atratividade facial em diversos países do mundo

 Alguma vez se perguntou o que faz com que algumas pessoas sejam consideradas mais atrativas que outras? Ou quais são os critérios de beleza nas diferentes culturas?

Os professores Karel Kleisner, Petr Tureček, Adil Saribay, Ondřej Pavlovič, Juan David Leongómez, Craig Roberts, Jan Havlíček, Jaroslava Varella Valentova, Silviu Apostol, Robert Mbe Akoko e Marco A.C. Varella pesquisaram sobre este tópico no seu artigo Distinctiveness and femininity, rather than symmetry and masculinity, affect facial attractiveness across the world (2023).

No artigo, os autores avaliam a atratividade facial em humanos tendo em conta diferentes componentes em várias populações, ao mesmo tempo que combinaram a morfometria geométrica de 72 marcos faciais frontais padronizados e uma estrutura estatística bayesiana. Investigaram as preferências em ambos os sexos por três componentes estruturais da atratividade facial que são considerados indicadores de qualidade biológica: simetria, dimorfismo sexual e distintividade (isto é, o oposto da prototipicalidade, a aparência média da população).

Com base numa grande amostra de fotografias padronizadas de rostos da vários indivíduos (n = 1.550) de 10 populações ao redor do mundo (Brasil, Camarões, Chéquia, Colômbia, Índia, Namíbia, Roménia, Turquia, Reino Unido e Vietname), foi descoberto que as faces mais prototípicas em cada população são avaliadas como mais atraentes. Além disso, corroboraram alguns resultados anteriores indicando um efeito positivo da feminilidade morfológica facial na avaliação por homens da atratividade facial feminina.

Porém, não acharam um fraco efeito da masculinidade morfológica na avaliação por mulheres da atratividade facial masculina. Por outra parte, na contramão de vários estudos anteriores que sugerem que a simetria facial é uma dos principais constituintes biológicos da atratividade facial humana, neste estudo a simetria facial não teve efeito nenhum na avaliação de atratividade facial. Em conjunto com outros estudos recentes, os resultados apoiam a importância da prototipicidade facial (aparência média da dada população) na percepção da atratividade física. Assim, apesar da simetria e a prototipicalidade estarem correlacionadas, é a prototipicalidade que é levada em consideração quando avaliamos atratividade facial alheia.

Os autores concluíram que a avaliação de atratividade facial humana varia pouco entre populações e pode ser prevista de forma robusta apenas considerando a distintividade e a feminilidade. Os autores convidam a fazer futuras pesquisas que tenham amostrar também a Oceânia ou um conjunto mais diversificado de países em cada continente.

As condições de obtenção das fotos para estímulos faciais e coleta das avaliações de atratividade não foram totalmente padronizadas entre cada país devido a restrições de infraestrutura local; isso também daria para fazer uma futura pesquisa com uma maior padronização. Estudos futuros devem tentar superar essas limitações e expandir esta abordagem transcultural e multicomponente da atratividade facial. No entanto, os autores tem oferecido uma abordagem mais global e ecologicamente válida para definir a importância relativa de padrões com base biológica de atratividade facial em humanos.

O estudo foi liderado pelos pesquisadores tchecos e brasileiros, e desenvolvido em colaboração com outros pesquisadores brasileiros, tchecos, ingleses, turcos, colombianos, romenos e camaronenses, e publicado em revista internacional A1 (Evolution and Human Behavior). Além de outras agências de fomento, o estudo foi apoiado pela CAPES e CNPq.

Se tiver interesse em ler o artigo completo, acesse pelo seguinte link.

Imagens: Igor Souza
Redatores: Jaroslava Varella e Daniela Rocha
Postagem: Mariana Pizzol