Pesquisa da USP quer investigar se a quantidade de relacionamentos anteriores aumenta ou diminui a nossa atração por uma pessoa – Foto: Freepik
Ah, o amor! Esse sentimento está presente nas mais diversas relações: de amizades a laços famíliares, sem esquecer, é claro, dos relacionamentos românticos. Por mais comum que o amor pareça, ele se apresenta sob diversos tipos, tem o apego como uma de suas características e pode ser interpretado de diferentes formas pelas pessoas. “Amor é uma constelação de várias coisas, de comportamentos, de cognições, de emoções, de motivações. Tudo isso está associado com o desejo de entrar em um relacionamento íntimo com uma outra pessoa e esse íntimo pode ser sexual ou não”, coloca a professora Jaroslava Varella Valentova do Instituto de Psicologia da USP.
Tipos de amor
Falar sobre amor é falar de amores. Porém, não existe apenas uma divisão, já que, ao longo das décadas, o tema foi estudado por diversos acadêmicos e foi definido e redefinido de várias formas. Embora não seja mais tão utilizada em pesquisas, é importante relembrar a Teoria das Cores, do psicólogo canadense John Alan Lee. ”Ele se inspirou nessa classificação de amores pelos gregos antigos: Eros, que seria atração física, paixão, sexualidade; enquanto Storge seria um amor familiar, amor romântico que pode crescer de uma amizade, que exige um comprometimento, e o Ludus, o terceiro tipo, seria um amor sem comprometimento, como um jogo rápido, a pessoa tentando basicamente jogar com uma outra pessoa”, diz a professora. O nome é Teoria das Cores porque Lee identifica Eros como vermelho, Storge como amarelo e Ludus como azul.
Ainda existem mais três tipos que são complementares a esses, ou seja, são formados a partir da junção de dois desses três principais amores. O representado pelo roxo é Mania (Eros+Ludus), um amor ciumento e obsessivo; laranja é Ágape (Eros+Storge), um amor altruísta guiado mais pela razão do que pela emoção; e verde, Pragma (Ludus+Storge), que corresponde ao amor que considera diversas características e as pondera.
Apego
Mesmo existindo muitos amores, o apego é algo comum a eles. Apego pode parecer um sentimento possessivo e muito relacionado ao controle do outro, mas, na verdade, um de seus vieses é a manutenção do relacionamento.
Os amores, sejam os relacionados à amizade, à família ou ao lado romântico, possuem o apego como característica em maior ou menor grau. “Esse sistema de apego é muito importante, porque serve para manter as pessoas unidas em relacionamentos. Então, o apego emocional é típico entre pais e filhos, entre amigos, parceiras também. O apego romântico é geralmente acompanhado pelos sentimentos de tranquilidade, conforto e felicidade quando as pessoas estão juntas, é uma união realmente profunda. O apego tem um papel crucial na manutenção do relacionamento”, comenta Jaroslava.
Interpretações
“Frequentemente, as pessoas interpretam a própria relação de forma um pouco diferente. Até quando você pergunta, por exemplo, para os casais, quando começou o relacionamento deles, você vai ver que cada um vai falar uma história um pouquinho diferente”, analisa a professora. Assim, cada pessoa, com suas vivências individuais, interpretará o amor de diferentes formas.
Jaroslava acrescenta: “As definições científicas da importância do amor para o ser humano têm diferentes níveis: ele aumenta a qualidade do relacionamento, a satisfação e também a manutenção do relacionamento da forma mais distal ou biológica evolutiva”.
Por: Alessandra Ueno, para o Jornal da USP, 10/05/2023
