Quintano Ripollés – Criminologia e Literatura

QUINTANO RIPOLLÉS, Antonio. La Criminología en la literatura universal. Barcelona: Bosch, 1951.

Antonio Quintano Ripollés chama de delírio de esteticismo romântico a afirmação de Thomas de Quincey de que o assassinato seria uma das Belas Artes; contudo, entende que “parece inegável que existam extraordinários e inquietantes vínculos ideais de conexão entre o fenômeno humano da estética e o ‘demasiado humano’ do crime”. A estética e o crime são produtos exclusivamente humanos, inconcebíveis fora de seu âmbito biológico, podendo perfeitamente servir como signos diferenciais da espécie. A obra de arte e o crime são criações de uma minoria de humanos que, consciente ou inconscientemente, colocam-se, para a realização da obra, à margem das condições “normais” de vida que são válidas para a generalidade dos componentes de seu grupo social e cultural. O artista e o criminoso escapam à categoria do “homem médio”.

Segundo Quintano, o paralelismo entre o criminoso e o artista também se reflete na atitude de “menosprezo contra o ‘normal'”, isto é, o burguês, o “cidadão honrado”. O criador de formas belas busca na alma do delinquente, excepcional como a sua, uma fonte de inspiração. E mais: o artista, como poucos, compreende e expressa essa alma com uma precisão que raríssimas vezes conseguem os psicólogos e os criminalistas. Com efeito, o escritor, para criar, precisa amar sua criação. Isso explicaria a referida capacidade de compreensão por parte do artista, visto que precisa “se colocar no lugar” do personagem criminoso para compreender suas motivações e condutas.

Após sua exposição de ideias gerais acerca da relação entre Criminologia e Literatura, Quintano analisa “tipos criminais” que estariam representados em clássicos da literatura universal. Abaixo, indicamos algumas das obras discutidas pelo autor.

O “louco moral” ou criminoso amoral

STENDHAL. O vermelho e o negro. Trad. Raquel Prado. São Paulo: Cosac Naify, 2010.

 

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Crime e castigo. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2009.

 

O criminoso político fanático 

HUXLEY, Aldous. Contraponto. Trad. Erico Verissimo. São Paulo: Globo, 2014.

 

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os demônios. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2013.

O crime passional 

TOLSTÓI, Lev. A sonata a Kreutzer. Trad. Boris Schnaiderman. São Paulo: Editora 34, 2010.

Assassinato por “motivação sexual normal”

ZOLA, Émile. Thérèse Raquin. Trad. Flávia Falleiros. São Paulo: Martin Claret, 2022.

Adultério

TOLSTÓI, Liev. Anna Kariênina. Trad. Rubens Figueiredo. São Paulo: Cosac Naify, 2005.

 

FLAUBERT, Gustave. Madame Bovary. Trad. Fúlvia M. L. Moretto. São Paulo: Nova Alexandria, 2007.

Criminalidade infantil

GIDE, André. Os moedeiros falsos. Trad. Mário Laranjeira. São Paulo: Estação Liberdade, 2009.
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