Antonio Quintano Ripollés chama de delírio de esteticismo romântico a afirmação de Thomas de Quincey de que o assassinato seria uma das Belas Artes; contudo, entende que “parece inegável que existam extraordinários e inquietantes vínculos ideais de conexão entre o fenômeno humano da estética e o ‘demasiado humano’ do crime”. A estética e o crime são produtos exclusivamente humanos, inconcebíveis fora de seu âmbito biológico, podendo perfeitamente servir como signos diferenciais da espécie. A obra de arte e o crime são criações de uma minoria de humanos que, consciente ou inconscientemente, colocam-se, para a realização da obra, à margem das condições “normais” de vida que são válidas para a generalidade dos componentes de seu grupo social e cultural. O artista e o criminoso escapam à categoria do “homem médio”.
Segundo Quintano, o paralelismo entre o criminoso e o artista também se reflete na atitude de “menosprezo contra o ‘normal'”, isto é, o burguês, o “cidadão honrado”. O criador de formas belas busca na alma do delinquente, excepcional como a sua, uma fonte de inspiração. E mais: o artista, como poucos, compreende e expressa essa alma com uma precisão que raríssimas vezes conseguem os psicólogos e os criminalistas. Com efeito, o escritor, para criar, precisa amar sua criação. Isso explicaria a referida capacidade de compreensão por parte do artista, visto que precisa “se colocar no lugar” do personagem criminoso para compreender suas motivações e condutas.
Após sua exposição de ideias gerais acerca da relação entre Criminologia e Literatura, Quintano analisa “tipos criminais” que estariam representados em clássicos da literatura universal. Abaixo, indicamos algumas das obras discutidas pelo autor.
O “louco moral” ou criminoso amoral
O criminoso político fanático
O crime passional
Assassinato por “motivação sexual normal”
Adultério
Criminalidade infantil