Trabalho

Por Ricardo Antunes

O continente latino-americano nasceu sob a égide do trabalho. Antes da presença europeia, as populações nativas tinham uma economia basicamente de subsistência, produzindo alimentos agrícolas, utilizando-se da caça, da pesca, do extrativismo agrícola e da mineração, entre outras atividades. Nessa fase, o trabalho coletivo era o pilar da produção, e a apropriação de seus frutos pertencia à comunidade em geral.

Esse quadro transformou-se desde fins do século XV, com o processo de colonização, impulsionado pela expansão comercial que caracterizava a acumulação primitiva em curso na Europa. O território americano passou a ser cobiçado pela nascente burguesia mercantil e pelos Estados nacionais recém-constituídos no velho continente. Espanhóis, portugueses, franceses e outros povos criaram, desde o início, colônias de exploração voltadas para incrementar o processo de acumulação primitiva de capital que se desenvolvia nos países centrais. Apenas os ingleses, em algumas regiões da América do Norte, criaram colônias de povoamento, isto é, receptoras da população europeia excedente, enredada em questões éticas e religiosas.

Em um primeiro momento, a sociedade colonial explorou a mão de obra indígena, escravizada ou submetida à prestação obrigatória de serviços nas plantações e nas minas. Por exemplo, na América espanhola havia o sistema conhecido como encomienda, pelo qual o colono se comprometia a garantir a subsistência dos nativos, apropriando-se do trabalho destes. Depois se difundiu o trabalho escravo africano, resultado de um intenso tráfico humano da África para a América, sob controle das nascentes burguesias comerciais europeias. Foi desse intercâmbio mercantil que surgiu o escravismo colonial – modalidade de trabalho desenvolvido nos territórios voltados prioritariamente para a produção agrícola (a plantation) e para o engenho produtor do açúcar comercializado na Europa.

A diversificação das atividades produtivas e a constituição do mercado interno criaram as condições para a implantação do trabalho assalariado na América Latina. No entanto, essa modalidade só foi adotada ao longo do século XIX, quando a expansão do capitalismo industrial (especialmente o inglês) exigiu a ampliação do mercado consumidor, com o pagamento de salários aos trabalhadores.

Durante quase toda a sua história, o mundo colonial latino-americano foi, também, cenário da rebeldia dos escravos negros em luta pela emancipação. Basta lembrar da majestosa Revolução dos Negros do Haiti, em 1791 – pioneira na abolição do trabalho escravo – ou do Quilombo dos Palmares – revolta dos escravos, no Brasil, que levou à constituição de uma comunidade negra livre, durante os anos 1630-1685. Além disso, a predominância agrária nos séculos de colonização permitiu o desenvolvimento, em várias regiões, de um numeroso campesinato, posteriormente responsável por lutas sociais como a Revolução Mexicana.

No século XIX, o trânsito das sociedades rurais para as urbano-industriais começou a se desenvolver e, com ele, vários países latino-americanos passaram a gerar os primeiros contingentes de trabalhadores assalariados, vinculados tanto às atividades agrário-exportadoras, caso da produção cafeeira no Brasil, quanto às atividades manufatureiras e industriais. Na Argentina e no Uruguai – exportadores de carnes e derivados – os trabalhadores encontravam ocupação nos frigoríficos, a principal fonte de atividade produtiva.

Quanto mais as economias agrário-exportadoras, próprias do mundo mercantil, se articulavam ao universo capitalista, mais se tornava nítida a necessidade de incrementar as atividades industriais. Inicialmente, portanto, a diversificação dessas atividades surgiu das demandas da própria economia agroexportadora, que carecia das indústrias têxtil, alimentícia, metalúrgica etc. Pouco a pouco elas se tornaram mais autônomas, suplantando as atividades rurais que lhes deram origem. Ou seja, a indústria foi impulsionada pela demanda interna e pelas necessidades de acumulação das burguesias nascentes.

 

Trabalho assalariado e sindicalismo

Nesse marco histórico e estrutural, constituído especialmente a partir da segunda metade do século XIX, começou a se formar a classe trabalhadora latino-americana, que se centrava principalmente nas áreas mineradoras de salitre, cobre, carvão, gás, petróleo, na indústria têxtil, nos serviços portuários e ferroviários, na construção civil e em pequenos estabelecimentos fabris. Muitos de seus integrantes eram europeus vindos para o continente americano (principalmente para o Brasil, a Argentina e o Uruguai) em busca de trabalho.

Submetidos a uma intensa exploração, esses trabalhadores se reuniam em torno das primeiras associações operárias, como as sociedades de socorro e auxílio mútuo, as uniões operárias e, posteriormente, os sindicatos, organizados por categorias profissionais (de alfaiates, padeiros, gráficos, metalúrgicos, ferroviários, portuários etc.).

É importante destacar que as experiências de trabalho artesanal, e mesmo manufatureiro, na América Latina foram muito distintas daquelas vivenciadas na Europa. Ali ocorreu uma transição secular que teve início com o artesanato, avançou para a manufatura e, posteriormente, para a grande indústria. Na América do Norte, que não conheceu a vigência do sistema feudal, esse processo foi muito mais rápido, pois em muitos países saltou-se quase diretamente da escravidão para as formas de trabalho assalariado industrial.

Foi nesse cenário que germinaram as influências anarquistas (ou anarcossindicalistas) e socialistas, presenciando-se também as manifestações operárias pioneiras, com a deflagração das primeiras greves que paralisaram distintos ramos profissionais. As organizações sindicais da Argentina, por exemplo, nasceram das sociedades de resistência, que reuniam trabalhadores por ofícios. Nesse país, as disputas entre socialistas e anarquistas já estavam presentes desde a comemoração do 1° de Maio, em 1890, quando os socialistas buscavam a regulamentação das condições do trabalho pela ação do Estado, e os anarquistas, contrários às reformas estatais, propunham o rompimento com o sistema.

Na verdade, o socialismo reformista, sob a influência da II Internacional, não teve na América Latina, salvo poucas exceções, presença comparável à dos anarquistas ou libertários. Estes privilegiavam a ação direta, sem a mediação político-partidária: os sindicatos eram praticamente a única forma de organização que aceitavam. O anarcossindicalismo foi forte na Argentina, no Brasil e no Uruguai – países nos quais a classe trabalhadora industrial era em grande medida composta de imigrantes oriundos da Itália e da Espanha, onde predominava a tradição libertária – e marcou presença, com maior ou menor intensidade, no ChilePeru Bolívia.

 

O projeto comunista

A hegemonia do anarcossindicalismo estendeu-se até as duas primeiras décadas do século XX. Após a vitória da Revolução Russa (1917), porém, o continente viu florescer uma nova forma de organização política dos trabalhadores, representada pelos partidos comunistas.

No Chile, em 1920, o Partido Operário Socialista (POS) iniciou sua conversão em Partido Comunista, incorporando-se à III Internacional Comunista em 1928. Em 1921, foi fundado o Partido Comunista Argentino. No caso do Partido Comunista do Brasil (PCB), criado em 1922, a quase totalidade dos dirigentes havia sido forjada nas batalhas anarcossindicalistas. No Peru, sob a liderança de José Carlos Mariátegui, o mais expressivo e original marxista latino-americano de sua geração, deu-se a criação do Partido Socialista, em 1928, que passou a se chamar, em 1930, Partido Comunista Peruano (PCP). O mundo do trabalho começava a se estruturar como força política de perfil partidário.

A ilegalidade marcou a vida da maioria dos Partidos Comunistas, que não eram aceitos na arena política, ainda predominantemente oligárquica, excludente, autocrática, em muitos casos ditatorial. Do cubano José Martí ao peruano Mariátegui, passando pelo brasileiro Astrojildo Pereira, o pensamento revolucionário latino-americano, com todos os limites da época, buscava, em sua prática e reflexão, compreender a especificidade do continente e transformar, pela via revolucionária, a formação social dele.

O maior empenho dos comunistas voltava-se para a fusão da luta social e da luta política. Ou seja, além da atuação nos sindicatos, eles deram prioridade à criação de partidos operários que pudessem representar uma alternativa de poder e participar ativamente da luta política, inclusive na esfera eleitoral. Ora florescendo do próprio anarcossindicalismo, como foi o caso do Brasil, ora diferenciando-se do socialismo reformista, como na Argentina e na maioria dos países latino-americanos, os partidos comunistas aos poucos ampliaram sua influência.

O surgimento dos partidos comunistas ocorreu num momento em que o movimento operário latino-americano lutava pela conquista de uma legislação social que garantisse seus direitos. É o que se pode constatar das inúmeras greves desencadeadas: como a Greve Geral de 1917, no Brasil, e a de 1918, no Uruguai, ou, ainda, as greves contra a Tropical Oil (1924 e 1927) e contra a United Fruit Company (1928), ambas na Colômbia, sendo esta convertida em greve geral, com a adesão de cerca de 30 mil trabalhadores.

O continente presenciou ainda o florescimento de lutas sociais de maior magnitude, exemplificadas pela Revolução Mexicana de 1910, que levou à conquista, na Constituição de 1917, da regulamentação de direitos trabalhistas, fixando desde jornadas e salários até a prestação de serviços sociais, além da liberdade de organização, mobilização sindical e deflagração de greve, bem como a formulação de uma expressiva reforma agrária. Contrária às oligarquias e ao liberalismo excludente que marcava o domínio burguês na região, a revolução antecipava direitos que somente muito mais tarde se generalizariam na América Latina.

Um fábrica de charutos em Cuba, em 2008 (Berg chabot/Creative Commons)

 

Taylorismo e fordismo na América Latina

Com o desenvolvimento do capitalismo industrial, experimentado especialmente pela indústria automobilística norte-americana do início do século XX, floresceram os processos de organização do trabalho conhecidos como taylorismo e fordismo, que acabaram por conformar o desenho da indústria em escala planetária. Seus elementos centrais podem ser assim resumidos:

  • vigência da produção em massa, realizada por meio da linha de montagem e da produção mais homogênea;
  • controle dos tempos e movimentos, por meio do cronômetro taylorista e da produção em série fordista;
  • existência do trabalho parcelar e da fragmentação das funções;
  • separação entre a elaboração, cuja responsabilidade era atribuída à gerência científica, e a execução do processo de trabalho, efetivada pelo operariado no chão de fábrica;
  • existência de unidades fabris concentradas e verticalizadas.

 

Esse padrão produtivo se espalhou, em maior ou menor escala, pelos mais variados ramos industriais e de serviços dos países latino-americanos, que então ensaiavam um ciclo industrial. Foi um dos fatores responsáveis pela constituição, expansão e consolidação da classe operária, desempenhando papel de enorme relevância nos conflitos sociais. O Cordobaço de 1969 na Argentina e as greves operárias do ABC paulista de 1978-1980 foram expressões avançadas das lutas sociais desencadeadas pelo proletariado constituído sob a égide do taylorismo e do fordismo.

Foi por meio desse padrão produtivo que a grande indústria capitalista pôde se desenvolver. No entanto, é preciso destacar que, dada a particularidade da subordinação e dependência estrutural do capitalismo latino-americano perante os países centrais e hegemônicos, aqui o caminho para o mundo industrial realizou-se de modo tardio, ou mesmo hipertardio, quando comparado aos processos vivenciados nos Estados Unidos e na Europa Ocidental. E o fez sustentado em um enorme processo de superexploração do trabalho, que combinava, de forma intensificada, a extração absoluta e relativa do trabalho excedente, oferecendo altos níveis de mais valia para o capital.

Paralelamente ao nascimento e à expansão da indústria de base taylorista e fordista, estruturou-se em boa parte do continente um complexo processo sociopolítico. Além do confronto direto e antagônico entre capital trabalho, aflorou também outra contradição, dada pela existência de dois projetos claramente distintos e alternativos. Um desses processos era nacionalista e seguia sob comando de setores das burguesias nativas em aliança com segmentos das classes populares e/ou seus representantes políticos. O outro era favorável à internacionalização da economia e vinha liderado pelos diversos setores burgueses ligados ao imperialismo.

O nascente Estado burguês latino-americano oscilou entre os dois projetos e tentou incorporar, em suas políticas, elementos de ambos, em graus variáveis para cada país. Ao mesmo tempo, procurou abrir canais de controle dos trabalhadores, pretendendo “integrá-los” à ordem burguesa. Tratava-se de criar organismos sindicais oficialistas a fim de barrar as lutas sociais autônomas desencadeadas pelas correntes revolucionárias do movimento operário.

peronismo na Argentina, o getulismo no Brasil e o cardenismo no México, entre outros exemplos marcantes, foram fenômenos políticos inseridos na expansão industrial latino-americana. Guardadas as diferenças decorrentes das singularidades de cada país, pode-se dizer que os três pretenderam atrair as classes trabalhadoras para o âmbito estatal, politizando a questão social, ainda que para tanto se utilizassem em larga medida da repressão e da prática de divisão no interior do movimento operário. Juan Domingo Perón Getúlio Vargas, em especial, para viabilizar seus respectivos projetos industriais nacionalistas, consolidaram lideranças entre o operariado urbano-industrial, apresentando-se como condutores de um governo capaz de oferecer concessões à classe trabalhadora – um verdadeiro Estado benfeitor. Vamos, então, resgatar alguns de seus traços mais importantes.

 

Longevidade e contradições do peronismo

Na Argentina, o peronismo foi responsável pelo nascimento de uma concepção trabalhista que teve enorme influência sobre o sindicalismo e o movimento operário naquele país. Esse processo se iniciou em 1943, com um golpe de Estado que nomeou o coronel Juan Domingo Perón para a Secretaria de Trabalho. A data marcou uma linha divisória na relação entre o Estado e o movimento operário, mediante um complexo processo de apoio e cooptação que tinha como contrapartida a institucionalização dos direitos sociais da classe trabalhadora, bem como a melhoria de suas condições de vida.

Em 1945, pouco depois de Perón ser afastado do governo e preso por militares contrários à sua política, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) organizou grandes manifestações pela sua libertação. Dada a forte pressão popular, ele foi libertado e se elegeu, em 1946, presidente da Argentina. Consolidou, então, uma aliança entre os interesses burgueses nacionalistas e trabalhistas, por meio de um projeto ideológico e político que contava com o apoio da CGT. Essa central tornou-se o principal canal de sustentação sindical do peronismo, que se estruturava politicamente por meio do Partido Justicialista. Com base nessa estrutura dual, o peronismo criou sólidos vínculos com os movimentos sindical e operário.

Ao longo de sua trajetória, o peronismo caracterizou-se pela conciliação de classes, cimentada no nacionalismo e no atrelamento dos sindicatos ao Estado, além de reprimir as ações sindicais que procuravam manter-se à margem do oficialismo justicialista.

Essa estratégia colocou o movimento sindical sob tutela, tanto no campo político e ideológico quanto no espaço das ações trabalhistas, promovendo um sindicalismo hierarquicamente submetido aos ditames oficiais e a uma prática negadora da democracia operária e das ações autônomas de classe. Manifestou-se, desse modo, uma forte concepção estatista, segundo a qual as relações entre o movimento operário e o Estado deveriam ser mediadas pela figura do líder. Foi tão intensa essa vinculação que, ainda hoje, o peronismo encontra respaldo no movimento sindical argentino, que dele se reivindica herdeiro.

Em 1955, um golpe militar, apoiado pela Igreja Católica e pelos setores oligárquicos e burgueses mais conservadores e tradicionais, derrubou o governo peronista. Nos anos seguintes, enquanto a CGT tratava de organizar a resistência, preparando o retorno do líder exilado, processaram-se mudanças na estrutura da classe trabalhadora argentina, marcada, sobretudo, por uma maior heterogeneidade interna, consequência da expansão e da diversificação da indústria de bens de consumo duráveis (Cavarozzi, 1984).

No decorrer dos anos 60, essas mudanças contribuíram, por um lado, para que o peronismo perdesse parte de sua capacidade mobilizadora, embora preservasse sua força no aparato sindical, cada vez mais burocratizado e verticalizado, recorrendo frequentemente a práticas de uma autêntica máfia sindical. Por outro lado, prepararam o terreno para um novo ciclo de confrontos, organizados pelo operariado e pelos setores sindicais mais combativos, com uma importante participação do movimento estudantil. Em maio de 1969, o chamado Cordobaço marcou um forte momento das lutas operárias, com a eclosão de uma greve geral de nítido caráter classista em Córdoba, segunda maior cidade industrial do país. Além de confrontar diretamente as forças patronais, esse movimento desgastou o regime militar que então governava a Argentina.

O Cordobaço abriu caminho para o retorno de Perón ao país e ao poder, com sua vitória eleitoral em 1973. Mas o contexto político e social era bem diferente do de 1945. A CGT estava dividida em várias tendências. No movimento peronista também atuavam diversas correntes políticas, entre as quais se destacavam os montoneros, de perfil anti-imperialista e nítidas posições de esquerda. Além disso, a morte do líder, em 1974, levou ao governo a vice-presidente Isabelita Perón, sua segunda esposa (personagem completamente distinta de Evita, sua primeira esposa, essa sim dotada de enorme carisma). O fracasso político e econômico dessa nova etapa do peronismo levou à deflagração de um novo golpe militar, em março de 1976, responsável por uma ditadura que torturou e assassinou milhares de jovens militantes, operários, sindicalistas e estudantes. Os sindicatos foram colocados sob intervenção, sendo a CGT declarada ilegal. Disso resultou uma fratura no interior da central, criando-se duas vertentes: uma corrente sindical mais crítica (CGT-Brasil) e outra mais conciliadora (CGT-Azopardo). O peronismo, entretanto, ainda se manteve presente no movimento sindical e junto aos trabalhadores por um longo período, responsabilizando-se pela eclosão de muitas greves gerais contra a ditadura militar, no início dos anos 80.

 

A sedução getulista

O longo período de governo de Getúlio Vargas (conhecido por getulismo ou varguismo) teve momentos bastante distintos. A Revolução de 1930 deu ensejo a um movimento político-militar que foi mais do que um golpe e menos do que uma revolução, sendo responsável pelo desenvolvimento de um projeto industrial ancorado em um Estado forte e no nacionalismo. Na esfera política, particularmente após o golpe do Estado Novo, em 1937, o getulismo assumiu clara feição ditatorial, tendência presente em caráter embrionário desde 1930.

Um aspecto central do getulismo foi o estabelecimento de uma legislação trabalhista, considerada essencial para viabilizar o projeto de industrialização. Havia décadas os trabalhadores brasileiros lutavam pelo direito a férias, pela redução da jornada de trabalho, pelo descanso semanal remunerado, entre outras reivindicações. Vargas, ao atender a essas demandas, procurou apresentá-las como uma dádiva.

Com isso, o sindicato da era Vargas tornou-se essencialmente um órgão assistencialista, com centros de saúde, serviços, lazer etc. O imposto sindical, criado nesse período, garantia os recursos para a manutenção dos sindicatos e a lei de enquadramento sindical permitia que o Estado controlasse a criação de novas associações. Desse modo, consolidou-se uma forma de estatismo sobre os sindicatos operários, vigiados de perto pelo Ministério do Trabalho, que procurava impedir sua atuação autônoma. Foi assim que se desenvolveu o trabalhismo getulista, combinando dádiva, manipulação e repressão.

O primeiro ciclo do getulismo vigorou até 1945, quando Vargas foi deposto por um golpe de Estado. O ex-presidente retornou em 1950, dessa vez pelo voto popular, e seu novo governo assumiu uma feição mais reformista e menos autoritária. Em 1953, ele teve de fazer frente a um considerável ciclo grevista. No ano seguinte, com o fortalecimento da tendência favorável à internacionalização da economia brasileira, o getulismo enfrentaria sua crise mais profunda. Em agosto de 1954, em meio à forte disputa entre os setores nacionalistas, que o apoiavam, e os interesses imperialistas, que lhe faziam forte oposição, Vargas preferiu suicidar-se a ceder à pressão militar e dos setores dominantes que queriam sua renúncia. Paradoxalmente, sua morte aumentou a força do getulismo. A resolução dessa crise foi, então, adiada para a década seguinte, quando ocorreu o golpe militar de 1964.

 

 

Cárdenas e o desmonte da revolução

O México é um país emblemático. Viveu e permanece vivendo à força de diferentes culturas pré-colombianas, que a dominação espanhola não conseguiu eliminar. Viveu também, a partir de 1910, uma profunda revolução popular – e viu a autenticidade do processo revolucionário ser aos poucos eliminada pela “institucionalização”.

A Constituição revolucionária de 1917 garantiu direitos trabalhistas como a regulamentação das jornadas de trabalho, padrões salariais mais favoráveis aos trabalhadores, liberdade de organização sindical e direito de greve, abrindo caminho à emergência de sindicatos. A revolução impulsionou também a formação de grandes entidades sindicais, como a Confederação Regional Operária Mexicana (CROM), da qual surgiu, em 1919, o Partido Trabalhista Mexicano (PLM). Opondo-se a essas correntes, dissidentes formaram a Confederação Geral de Trabalhadores (CGT), que mais tarde se inseriu igualmente na política estatal, por meio do Partido Comunista Mexicano (PCM).

Pouco a pouco, o sindicalismo autônomo foi aceitando a institucionalização da Revolução, subordinando-se ao cupulismo e ao estatismo. Como parte desse movimento, entrou em vigor, em 1931, a Lei Federal do Trabalho, incorporando aos itens constitucionais de 1917 aspectos importantes, como a contratação coletiva. Dois anos depois, foi formada a Confederação Geral de Operários e Camponeses do México (CGOCM), que reunia, além da CROM e da CGT, diversas outras entidades. A confederação agrupou setores combativos, que exigiam do Estado a regulamentação do salário mínimo e do pagamento de dias de descanso (Delarbre, 1984).

Em 1934, Lázaro Cárdenas assumiu a presidência da República pelo Partido Nacional Revolucionário (PNR). Declarando-se um continuador da Revolução Mexicana, formulou um projeto para institucionalizar as conquistas revolucionárias, evitando enfrentamentos definitivos com a burguesia. Definia-se, então, um projeto nacionalista que chamava os trabalhadores a se unirem em torno do Governo Cárdenas.

A formação da Confederação de Trabalhadores do México (CTM), em 1936, em certa medida atendeu a esse apelo. Procurando integrar uma frente capaz de unir os trabalhadores na defesa das reformas cardenistas, a CTM consolidou-se como a mais importante central do país, congregando trabalhadores da indústria (com destaque para os metalúrgicos, petroleiros e mineiros), dos transportes (ferroviários) e de outros setores.

Em 1938, o PNR dissolveu-se para formar o Partido da Revolução Mexicana (PRM). Seguindo essa trajetória, em 1946 o PRM cedeu lugar ao Partido Revolucionário Institucional (PRI), que, eliminando de seu ideário as referências socialistas e submetendo-se de vez aos interesses governistas, passou a assegurar um mecanismo quase “natural” para a passagem de dirigentes sindicais a cargos políticos. Sua conversão em um partido tradicional, corrupto e centralizador, foi uma questão de tempo.

Consolidou-se, assim, um compromisso entre as centrais sindicais e o aparelho estatal, amplamente utilizado pelos interesses do capital nacional e estrangeiro na industrialização do país, levando à dissidência das categorias mais combativas da CTM, como os ferroviários, os mineiros, os metalúrgicos e os petroleiros, que, em 1948, formaram a Confederação Unitária do Trabalho (CUT).

Poucos meses depois, o sindicato dos ferroviários sofreu um golpe, com o apoio da polícia, de seu secretário-geral, Jesus Díaz de Léon. Surgia o “charrismo”, um modelo de controle estatal que, pela via da burocracia sindical, se impõe pela força contra a vontade dos filiados, embora lhes outorgue benefícios sociais, num “jogo duplo” pelo qual mantém, até hoje, a representação da maior parte dos trabalhadores do México (Delarbre, 1984).

Em 1968, num quadro de descontentamento geral, eletricitários, ferroviários, bancários, professores e mesmo profissionais liberais, como os médicos, uniram-se para protestar contra a política salarial e outros projetos do governo. Isso não impediu, entretanto, a continuidade do processo de controle efetivo pelo Estado. Quando José López Portillo elegeu-se presidente, em 1976, o caminho já estava consolidado em direção à “modernização capitalista”, completando a ruptura do país com seu passado revolucionário.

 

O movimento mineiro

País pobre, a Bolívia tem uma economia completamente dependente da produção mineira e da exploração do gás e do petróleo. Mesmo assim, o número de trabalhadores ocupados diretamente nesses setores não chegava, até os anos 50, a 10% da população, uma vez que a maioria dos bolivianos estava ligada às atividades rurais.

Diferentemente do proletariado de outros países latino-americanos, o boliviano não foi formado pela migração de trabalhadores europeus. A Bolívia foi, na verdade, um país de emigrantes que, desde princípios do século XX, afluíram sobretudo para o Chile e a Argentina e, mais recentemente, para o Brasil. O único momento em que o fluxo migratório se inverteu foi durante a Guerra do Chaco (1932-1935), que resultou na contratação de chilenos para trabalhar nas minas bolivianas.

A disputa entre Bolívia e Paraguai pela região do Chaco representou um momento de ruptura no movimento operário e na vida política do país. Durante o conflito, alguns líderes sindicais e de partidos socialistas foram perseguidos, presos e exilados, em razão de terem organizado manifestações contra a guerra e contra a Lei de Defesa Social, que previa a suspensão das liberdades e direitos elementares. No exterior, eles entraram em contato com novas propostas políticas e sindicais. Com o fim do confronto bélico e o retorno desses ativistas, o movimento social entrou em uma nova fase, devido à formação de organizações sindicais e à criação de partidos marxistas e nacionalistas com influência popular. O avanço da luta popular e de esquerda foi fundamental para a eclosão da Revolução de 1952.

Nesse momento, vários partidos de esquerda marcaram presença, como o Partido Operário Revolucionário (POR), de inspiração trotskista, fundado em 1934, e o Partido de Esquerda Revolucionária (PIR), fundado em 1940, que deu origem, em 1950, ao Partido Comunista Boliviano (PCB). Também resultou desse processo o Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), um partido popular mais próximo à pequena burguesia, fundado em 1941, que teve papel importante na eclosão da Revolução de 1952.

Outro suporte fundamental à revolução veio da atuação da Central Operária Boliviana (COB), a mais importante organização sindical do país, criada em 1952, como resultado da grande ascensão do movimento operário e sindical, principalmente mineiro. A COB teve atuação decisiva no levante, estruturando-se em torno de reivindicações como a nacionalização das minas e a reforma agrária sem indenização e sob controle dos trabalhadores.

A primeira revolução operária da América Latina – já que a Revolução Mexicana de 1910 tinha forte predominância camponesa –, pôs fim ao longo domínio da aristocracia do estanho na sociedade boliviana. Milícias armadas, vinculadas ao MNR, partiam das cidades mineiras em direção à capital, ocupando postos policiais e exigindo o fim da Junta Militar. Em pouco tempo o país estava tomado pelas milícias operárias.

Os sindicatos tiveram um importante papel no levante, pois foram eles que, em geral, organizaram as milícias. Nas cidades mineiras, chegaram a assumir a responsabilidade pelo abastecimento, administração e policiamento, instaurando uma dualidade de poderes na sociedade, sob a condução da COB. O projeto revolucionário resultou na nacionalização das minas de estanho e em uma reforma agrária radical. No entanto, de modo geral, as reformas obtidas ficaram aquém da força organizativa e da capacidade de mobilização demonstradas pela COB.

Com a consolidação do governo do MNR, após o término da etapa revolucionária, a repressão sobre o movimento sindical e operário foi intensificada. Em fins de 1964, o governo enfrentou uma grande greve geral dos mineiros. Seguiu-se um golpe militar, dando ensejo a outro período de forte repressão sobre as organizações sindicais. Foi nessa fase ditatorial que ocorreu, em 1967, a prisão e o assassinato de Ernesto Che Guevara, líder revolucionário que se encontrava na Bolívia desde o ano anterior. Assim, mergulhada em um ciclo quase interminável de golpes, a Bolívia deixava para trás sua importante experiência revolucionária.

Ato da CUT, no Chile, em 1° de maio de 2014 (Ministério do Trabalho Chile)

A ilha rebelde

Três anos depois de as milícias operárias ocuparem a capital boliviana, as bandeiras revolucionárias deslocaram-se dos Andes para uma pequena ilha do Caribe. Em 1955, um punhado de insurgentes do Movimento Revolucionário 26 de Julho (MR-26 de Julho), refugiados na Sierra Maestra, deram início à luta de guerrilhas contra a ditadura de Fulgencio Batista, que convertia Cuba em um apêndice dos Estados Unidos. Em 1 o de janeiro de 1959, os rebeldes entraram vitoriosos em Havana, enquanto Batista fugia com sua família para a República Dominicana.

Em seguida, Cuba experimentou uma ousada e vitoriosa revolução social liderada por Fidel Castro, Ernesto Che Guevara e Camilo Cienfuegos, trazendo, pela primeira vez na história do país, os interesses populares para o centro das atenções do poder. Desde logo o governo revolucionário iniciou um processo de desmantelamento do sistema político e social neocolonial, eliminando o latifúndio, nacionalizando as grandes propriedades e entregando terras aos camponeses. No ano seguinte foram nacionalizadas as propriedades norte-americanas no país, os serviços de telecomunicações, de água, de energia, de transportes etc.

Contando com a sustentação da Confederação dos Trabalhadores de Cuba – criada em 1939 e que, em 1961, passou a se chamar Central dos Trabalhadores Cubanos (CTC) – e com a condução política do Partido Comunista Cubano (revigorado com o ingresso dos jovens que lideraram a Revolução), a experiência cubana passou a inspirar a maioria dos movimentos revolucionários latino-americanos. Seu encanto decorria do fato de se tratar de uma revolução diferente: nasceu à margem do Partido Comunista, que seguia uma política mais moderada, enquanto os jovens dirigentes revolucionários – com Fidel, Che e Camilo à frente – traziam consigo a percepção profunda do descontentamento e da revolta popular contra o domínio imperialista, traduzindo-a numa grande vontade de transformação. A combinação desses ingredientes foi explosiva, tornando vitoriosa a revolução de um pequeno país, situado a poucas milhas do gigante imperialista do Norte.

 

A longa noite do sindicalismo

Após a Revolução Cubana, temendo a expansão dos movimentos armados, a direita respondeu com golpes militares que avançaram pela América Latina. Desencadeou-se, assim, o ciclo das contrarrevoluções – conforme caracterização do sociólogo marxista brasileiro Florestan Fernandes – iniciando uma era de derrotas para as lutas sociais oriundas do trabalho.

Isso significa que o ciclo de golpes militares foi a solução encontrada pelas forças do capital para desestruturar os avanços sociais e políticos da classe trabalhadora. O aniquilamento do movimento operário, dos seus sindicatos e das esquerdas facilitava a inserção da América Latina no processo de internacionalização do capital, com a abertura do parque produtivo aos capitais externos, com destaque para os norte-americanos.

No Brasil, o golpe militar de 1964 implementou um projeto capitalista dependente e subordinado, controlado por um Estado autocrático-burguês ditatorial que reprimiu duramente o movimento operário. O rebaixamento dos salários possibilitou níveis de acumulação que atraíram o capital monopolista. Desse modo, a expansão capitalista industrial no Brasil intensificou sua tendência – presente em toda a América Latina – de se estruturar com base em um processo de superexploração do trabalho, articulando salários degradados, jornadas de trabalho extenuantes e fortíssima intensidade nos ritmos e tempos produtivos. Associadas à intervenção nos sindicatos, à cassação de parlamentares, à censura da imprensa e a prisão, tortura e assassinato de oposicionistas, essas medidas configuraram um período difícil para o movimento operário e popular que se prolongou por mais de duas décadas.

No Chile, a tragédia ocorreu em 1973, com a derrubada do governo do socialista Salvador Allende. Ele fora eleito em 1970 pela Unidade Popular, que aglutinava desde socialistas e comunistas até setores mais progressistas da Democracia Cristã.

O governo de Allende iniciou um amplo processo de transformação das estruturas econômicas chilenas. Nacionalizou indústrias, bancos e reservas naturais, como o cobre e o salitre, promoveu maior distribuição da riqueza, estreitou os laços com Cuba e criou comitês de participação de trabalhadores na gestão da economia e da produção. Também investiu em saúde e educação e lançou um acelerado processo de reforma agrária. A CUT (Central Única dos Trabalhadores, criada em 1953) deu total apoio ao governo, realizando convênios que possibilitavam aos trabalhadores participar da gestão econômica de empresas da área social ou mista (ou seja, empresas total ou parcialmente controladas pelo Estado).

Mas a oposição permanecia articulada. A Democracia Cristã (de centro) aliou-se ao Partido Nacional (de direita) e, juntos, cooptaram organizações sociais, federações e sindicatos de direita, promovendo boicotes ao governo. Exemplos disso foram as paralisações de caminhoneiros, em 1972 e 1973, que debilitaram a infraestrutura do país, ampliando o descontentamento de parcelas das camadas médias da sociedade contra o governo popular.

Em 11 de setembro de 1973, as Forças Armadas golpistas, com o apoio da CIA norte-americana, depuseram o governo da Unidade Popular e provocaram a morte de Allende. O general Augusto Pinochet, articulador do golpe, encabeçou uma das mais sangrentas ditaduras da América Latina, que prendeu, torturou e ocasionou a morte (ou o desaparecimento) de milhares de pessoas e provocou o exílio de cerca de um décimo da população do país (Witker, 1984).

A perseguição ao movimento sindical foi também gigantesca. Desde setembro de 1973, a CUT foi posta na ilegalidade e, em dezembro, foi dissolvida jurídica e fisicamente (em 1988, uma nova CUT – desta feita, Central Unitária de Trabalhadores – foi criada em meio à derrocada do regime). Em 1976, as greves foram proibidas por “incitar a luta de classes”. Criaram-se instrumentos legais que passaram a moldar os “estatutos sociais” das empresas, isto é, os mecanismos de “integração” do trabalhador à empresa (Witker, 1984). Forças sindicais tolhidas, lideranças exterminadas, repressão brutal aos trabalhadores, aos militantes da esquerda e ao movimento operário: o cenário estava pronto para a primeira experiência mais profunda de implementação das políticas neoliberais no mundo, ou seja, com base em trabalhos produzidos por economistas da chamada Escola de Chicago, o Chile adotou as premissas do neoliberalismo e desencadeou um amplo processo de privatização dos bens estatais, abertura comercial, flexibilização das leis trabalhistas e da legislação social.

 

Ditaduras no Prata

Após a derrota das democracias no Brasil e no Chile, o ciclo das contrarrevoluções se deslocou para a região platina, com o golpe militar no Uruguai, em 1973, e na Argentina, em 1976.

Desde 1971, o Uruguai desenhava um panorama político protagonizado pela recém-criada Frente Ampla (FA), que congregava comunistas, socialistas e nacionalistas. O objetivo era representar os setores populares e as camadas médias e, desse modo, se contrapor aos partidos Nacional e Colorado, porta-vozes dos setores mais conservadores.

A vitória do Partido Colorado, em 1973, facilitou a eclosão do golpe no país, realizado com a conivência do então presidente Borbaderry, que entregou seu posto aos militares. Em meio à quartelada, mais de quinhentas fábricas foram ocupadas por trabalhadores. Nesse clima, a Convenção Nacional dos Trabalhadores (CNT), criada em 1966, deflagrou uma greve que, entretanto, fracassou.

Apesar da forte repressão, a resistência foi mantida, e, no início dos anos 80, várias organizações foram criadas para mantê-la viva. Ao lado de diversos movimentos populares, o Plenário Intersindical de Trabalhadores (PIT), formado em 1983, pressionou pela realização, em 1984, das eleições gerais que marcaram a retomada democrática no país. A partir do ano seguinte, o Plenário passou a adotar a sigla PIT-CNT, reivindicando a herança da antiga central.

Por sua vez, o golpe militar na Argentina assumiu feições similares ao chileno, tanto em sua repressão brutal quanto em seu servilismo aos capitais externos. Por essa razão, nota-se que, tanto quanto a ditadura chilena, a infeliz experiência argentina representou uma antecipação das políticas neoliberais na América Latina. Entre as suas consequências mais nefastas, pode-se destacar o processo de desindustrialização que afetou, quantitativa e qualitativamente, a classe operária e seu sindicalismo. Com o aniquilamento das esquerdas revolucionárias, que vivenciaram forte expansão no período imediatamente anterior ao golpe, o objetivo era derrotar também a herança peronista no sindicalismo, vista como um entrave para a internacionalização da economia.

 

A exceção peruana

O golpe militar no Peru, em 1968, teve como pano de fundo uma sociedade em transformação. Desde o final da década de 1950, o país andino experimentava uma relativa diversificação de sua classe trabalhadora, ao mesmo tempo em que se consolidavam importantes núcleos operários, principalmente na mineração e na metalurgia. Multinacionais criaram as indústrias metal-mecânica e química e instalaram linhas de montagem nos setores automotivo, de produtos elétricos e farmacêuticos. A indústria pesqueira prosperava. Contudo, o país permanecia dependente do setor agroexportador e, no campo, prevalecia ainda o latifúndio.

A esquerda peruana também vivenciava uma relativa diversificação, com o surgimento de organizações maoístas e trotskistas. O PC-Unidade, pró-soviético, tentou retomar o poder na Confederação de Trabalhadores do Peru (CTP), dominada pela Aliança Popular Revolucionária Americana (APRA), mas desistiu dessa tática e, em 1968, fundou a Confederação Geral de Trabalhadores do Peru (CGTP). Nesse mesmo ano, ocorreu o golpe militar do general Juan Velasco Alvarado. Originado de correntes militares reformistas, o movimento tinha características diferenciadas em relação aos golpes militares pró-imperialistas do continente. Velasco partia de uma ideologia nacionalista – “nem capitalista, nem comunista” – e buscava quebrar a estrutura do poder oligárquico tradicional. Promoveu, para tanto, uma extensa reforma agrária, aumentou o poder estatal, diminuiu a força dos latifúndios, nacionalizou indústrias e a exploração de recursos naturais (Sulmont, 1984).

No entanto, fracassou o apelo para a união entre capital e trabalho sob ideário nacionalista. A classe capitalista se recusou a fazer concessões, e o movimento operário, diante de um crescimento econômico concentrador e excludente, intensificou as críticas ao regime, promovendo grandes paralisações. Expressivas federações – como as dos mineiros e metalúrgicos e dos trabalhadores em educação – desvincularam-se da CGTP, que apoiava o governo. Isolado politicamente, Velasco deixou o poder em 1975.

Trabalhadores da construção, em Lima, no Peru (Szymon Kochański/Creative Commons)

 

Divisões e violência na Colômbia

As décadas de 1930 e 1940 na Colômbia foram marcadas pela fragmentação do movimento sindical. Em 1936, o Partido Comunista fundou a Confederação Sindical dos Trabalhadores (CSN) que, em 1938, passou a se chamar Confederação de Trabalhadores da Colômbia (CTC). Em 1945, surgiu a Confederação Nacional de Trabalhadores (CNT) e, no ano seguinte, a União de Trabalhadores da Colômbia (UTC), com uma orientação apolítica e negociadora, apoiada pela Igreja Católica. Já entre os setores populares predominava amplamente o chamado “movimento gaitanista”, inspirado no ex-ministro do Trabalho Jorge Gaitán, chefe do Partido Liberal.

Em abril de 1948 ocorreu o assassinato de Gaitán. O fato gerou uma intensa revolta popular, conhecida por Bogotaço, reprimida brutalmente. Mas a violência continuou. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) optaram pela guerrilha em 1952 e o Exército de Libertação Nacional (ELN), em 1965. A Colômbia ingressou numa fase de guerra civil que se prolonga até os dias atuais, cuja complexidade é agravada pela enorme força e presença da economia oriunda do narcotráfico.

Nos anos 60, aumentou a fragmentação sindical, com a criação da Confederação Sindical de Trabalhadores da Colômbia (CSTC), de inspiração comunista, e da Confederação Geral do Trabalho (CGT), ligada à Democracia Cristã. Na década seguinte, CTC, UTC, CSTC e CGT uniram-se em torno de uma pauta de reivindicações conjunta, que previa medidas como o aumento de 50% nos salários. A convergência resultou na constituição do Conselho Nacional Sindical, aglutinando as forças sindicais.

Atualmente, as três grandes centrais sindicais do país – a Central de Trabalhadores da Colômbia (CTC), a Confederação Geral do Trabalho (CGT) e a Central Unitária de Trabalhadores ( CUT ) – enfrentam os enormes desafios associados à escalada da violência. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontou a Colômbia como o país mais perigoso do mundo para a atividade sindical: os homicídios de sindicalistas chegaram a 184 em 2002, a 91 em 2003 e a 94 em 2004. O total de registros das violações foi de 688 em 2004 e incluiu ameaças de morte, detenção arbitrária, desaparecimentos e sequestros.

 

Venezuela: petróleo e bolivarianismo

Riquíssima em petróleo, a Venezuela é cobiçada pelo imperialismo desde os princípios do século XX. Foram os benefícios oriundos do petróleo os principais responsáveis pelo nascimento de uma burguesia dependente do Estado e submissa às grandes empresas estrangeiras de prospecção e refino do óleo. Em alguns momentos, essa burguesia ensaiou projetos de desenvolvimento nacional, de que foram exemplos a nacionalização do petróleo e a criação da Petróleos de Venezuela SA (PDVSA), carro-chefe da economia venezuelana. Também foram feitas, em determinadas conjunturas, concessões aos trabalhadores, elevando suas condições de vida (em comparação com os demais países do continente). Isso beneficiou em especial os setores ligados à Confederação de Trabalhadores da Venezuela (CTV), principal organização sindical no país, que praticava uma política de conciliação de classes.

Esses benefícios conjunturais a segmentos operários geraram o mito (que desmoronou em pouco tempo) de que a Venezuela seria o país com mais características socialdemocratas da América Latina. Isso ocorreu na segunda metade dos anos 70, quando a crise do petróleo levou às alturas o preço do barril, sustentando a política desenvolvimentista do presidente Carlos Andrés Pérez em seu primeiro mandato (1974-1979). Foi durante seu governo, em 1976, que o petróleo foi nacionalizado e se criou a PDVSA. Em seu segundo mandato, porém, o preço do petróleo desabou e Pérez adotou medidas impopulares, baseadas em acordos com o FMI, como aumento do preço da gasolina, corte nos gastos públicos, congelamento dos salários, liberação dos preços e aumento do preço dos gêneros de primeira necessidade. A resposta popular foi a maior insurreição já ocorrida no país: o Caracaço (1989), uma manifestação espontânea, contrária ao aumento no preço dos ônibus, com milhares de pessoas tomando as ruas de Caracas, construindo barricadas e bloqueando as vias de acesso à cidade. Em vários bairros houve saques a lojas e a caminhões que carregavam alimentos. A repressão foi violenta: estima-se, extraoficialmente, que tenha resultado na morte de cerca de mil pessoas.

O governo de Pérez sobreviveu ao Caracaço, mas saiu completamente debilitado; o presidente foi destituído do cargo em 1993, acusado de corrupção. Essa importante manifestação popular deflagrou um amplo processo de reorganização dos movimentos sociais. Era grande o descrédito dos partidos tradicionais, principalmente a centrista Ação Democrática (AD) e o COPEI, de direita. Estavam sendo gestadas as condições para o afloramento, pouco tempo depois, do bolivarianismo liderado pelo presidente Hugo Chávez, que começou a mudar profundamente a história da Venezuela.

 

Reestruturação produtiva no continente

Se as ditaduras militares e os governos civis e conservadores dos anos 1970 foram fortemente privatistas, alguns casos, como os do Chile e da Argentina, anteciparam políticas econômicas neoliberais. Em outros países, como o Brasil, o processo teve forte sentido industrializante, ampliando as fileiras da classe trabalhadora. Isso contribuiu para o surgimento do chamado novo sindicalismo, que teve como principal liderança o então metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva.

Nesse período, que antecedeu a vigência do neoliberalismo no Brasil, houve um acentuado ciclo de greves, desencadeado pelos operários da indústria (especialmente os metalúrgicos), funcionários públicos e diversos outros segmentos. Ocorreram greves gerais por categoria, greves com ocupação de fábricas, incontáveis greves por empresas e greves gerais nacionais. Assistiu-se ainda a uma expressiva expansão do sindicalismo de assalariados médios e do setor de serviços, como bancários, professores, funcionários públicos etc. Também se organizaram e se fortaleceram sindicatos e centrais sindicais. Foi o caso da Central Única dos Trabalhadores (CUT), fundada em 1983 e inspirada, em sua origem, em um sindicalismo de classe, autônomo e independente do Estado. Seu surgimento resultou da confluência entre o novo sindicalismo, nascido no interior da estrutura sindical, e o movimento das oposições sindicais, que atuava fora da estrutura oficial e combatia seu sentido subordinado, atrelado e verticalizado.

Algo similar se passou no México, onde foram intensas as mobilizações dos professores, mineiros, metalúrgicos, eletricitários e várias outras categorias. Outros países como Uruguai, Argentina, Chile, Peru e Colômbia também contribuíam para a retomada das lutas sindicais e operárias.

Especialmente a partir da década de 1980, o novo sindicalismo começou a sentir os efeitos negativos do neoliberalismo e das tendências regressivas da reestruturação produtiva imposta pelo capital, com todo o seu corolário ideológico e político. Esse duplo processo forçou uma redefinição da América Latina diante da nova divisão internacional do trabalho, numa fase em que o capital financeiro começava a ampliar sua hegemonia.

Foi nesse contexto que se desenvolveu a reestruturação produtiva na América Latina, com profundas consequências para o mundo do trabalho. A aplicação do receituário neoliberal, simultaneamente à reorganização da produção, trouxe uma significativa redução do parque produtivo industrial, como foi o caso exemplar da Argentina. O quadro definiu-se com a agressiva política de privatização do setor produtivo estatal – telecomunicações, siderurgia, energia elétrica, setor bancário, entre outros –, aprofundando a subordinação do continente aos interesses financeiros hegemônicos, especialmente àqueles sediados nos Estados Unidos.

Privatização, desregulamentação, fluxo livre de capitais, financeirização, terceirização e precarização do trabalho, desemprego estrutural, trabalho temporário, parcial e atípico, aumento da miserabilidade – todas essas prerrogativas da barbárie neoliberal e da sua reestruturação produtiva passaram a caracterizar o cotidiano do mundo do trabalho. Não foram poucas as consequências nefastas desse processo sobre a classe trabalhadora, que sofreu mutações.

Praticamente todos os países latino-americanos dotados de áreas industrializadas implementaram em suas empresas os processos de downsizing, com a redução do número de trabalhadores e o aumento das formas de exploração da força de trabalho. Com isso, o processo tecnológico e informacional também passou por sérias mutações. A flexibilização, a desregulamentação e as formas inovadoras de gestão produtiva mesclaram-se aos novos processos produtivos baseados na acumulação flexível, ou ainda ao chamado toyotismo ou “modelo japonês”, que se expandiu para o capitalismo ocidental a partir dos anos 70 e, para a América Latina, na década seguinte.

O processo de reestruturação no continente apresentou um traço particular, proveniente da superexploração da força de trabalho, dos reduzidos níveis salariais, articulados, em alguns ramos produtivos, a um razoável padrão tecnológico. Isso aconteceu porque os capitais produtivos que atuam na América Latina buscaram mesclar a existência de uma força de trabalho “qualificada” para operar com os equipamentos microeletrônicos, preservando padrões de remuneração muito inferiores aos dos países centrais – onde as empresas têm suas sedes –, tudo isso acrescido das formas de desregulamentação, flexibilização e precarização da força de trabalho. A fórmula favorece enormemente a superexploração do trabalho, mediante a extração da mais valia relativa em combinação com a mais valia absoluta. Tal combinação se intensificou nas últimas décadas, quando ficaram ainda mais intensos o ritmo e a duração das jornadas de trabalho. As maquiladoras (montadoras de artigos pré-fabricados em outros países) no México e na América Central exemplificam bem essa questão.

 

Marcas do genocídio e retomada das lutas

Se a Inglaterra foi o laboratório do neoliberalismo na Europa, a Argentina pode ser considerada o seu equivalente latino-americano. Com a vitória do peronista Menem e com o plano neoliberal adotado pelo governo dele, a CGT procurou adaptar-se ao novo regime por meio de um “sindicalismo empresarial” que, em grande medida, deu sustentação à tentativa de destruição social e política do povo argentino. A privatização do importante setor estatal, o processo de desindustrialização, a desregulamentação dos direitos trabalhistas, a subserviência aos ditames do Consenso de Washington e aos Estados Unidos, a dolarização da economia, a avassaladora corrupção do governo, tudo isso compôs a imagem da barbárie neoliberal naquela que já havia sido a mais importante nação latino-americana.

O repúdio às políticas neoliberais e ao burocratismo da CGT levou à formação, ainda em 1992, da Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA), basicamente vinculada aos trabalhadores estatais e mais autônoma em relação ao Estado (Armelino, 2004). A Corriente Clasista Combativa (CCC), minoritária no sindicalismo autônomo, que surgiu em 1994, também marcou presença nesse ciclo de retomada das lutas sociais.

Ainda em 1994, o combate ao neoliberalismo ganharia as ruas, com as marchas que, reunindo milhares de trabalhadores, entre os quais os desempregados denominados piqueteiros, afluíam de vários pontos do país para Buenos Aires, a fim de expressar seu repúdio ao modelo.

O Movimento de Trabalhadores Desocupados (MTD) e tantos outros passaram a organizar piquetes sistemáticos que praticamente paralisavam a capital. Ao mesmo tempo, a CTA elaborou novas estratégias para atuação, procurando ampliar suas bases com a criação da Federación de Tierra, Vivienda y Hábitat (FTV), com o objetivo de organizar setores populares de desempregados ou subempregados.

O movimento de “fábricas ou empresas recuperadas”, que se generalizou no país, também refletiu as novas modalidades do enfrentamento entre capital e trabalho. A ocupação das fábricas – ou empresas recuperadas – surgiu de uma situação na qual os proprietários abandonavam as empresas, como forma de pressão pelo endividamento etc., e os trabalhadores passavam a administrá-las por meio de duas modalidades principais de controle social da produção: as cooperativas ou as empresas estatizadas. Centenas de exemplos ilustram a situação, mas os casos da Bruckman (têxtil), da INPA Fábrica Cultural (tubos) e do Hotel Bauen, sediados em Buenos Aires, da Zanon (cerâmica), em Neuquen, e da La Toma (supermercado), em Rosário, são particularmente interessantes. Nessas experiências, os trabalhadores exercitaram formas de produção sem domínio, sem controle e sem a exploração direta do capital.

A confluência desses movimentos, acrescida do descontentamento das camadas médias com a política econômica e financeira do governo que, no ápice da crise, impediu-lhes de retirar o próprio dinheiro dos bancos (o chamado curralito), levou à eclosão do levante social e político de dezembro de 2001. Uma explosão social depôs o presidente Fernando De La Rúa e toda uma gama de sucessores incapazes de conseguir respaldo para permanecer no poder. A bandeira central do movimento estava estampada no lema Que se vayan todos!, espalhado como pólvora por todo o país.

Do outro lado do rio da Prata, o Uruguai também vivenciou a desertificação neoliberal. Com a liberalização econômica ocorreu um processo acentuado de desindustrialização (entre 1988 e 1993, um em cada quatro operários industriais perdeu o emprego). Ao mesmo tempo, proliferaram as formas de trabalho precário. Em 1991, somente metade da população ativa tinha empregos estáveis, enquanto um em cada cinco trabalhadores tinha o emprego precário ou estava subempregado. Em vez de investir em ciência e tecnologia, as empresas optaram pela informalização do trabalho, expulsando trabalhadores formais e criando firmas especializadas em vender serviços, diminuindo os custos com impostos e encargos trabalhistas. Esse quadro dificultou a organização sindical e política da classe trabalhadora.

 

México: do neoliberalismo ao zapatismo

No México, o neoliberalismo resultou da degenerescência do Partido Revolucionário Institucional (PRI) que, em várias décadas no poder, foi se convertendo em um partido burguês burocratizado, vertical, institucionalizado e envolvido em corrupção, até constituir um agrupamento político neoliberal da pior espécie e de frontal oposição ao sindicalismo autônomo e de classe.

Eleito presidente em 1988, Carlos Salinas de Gortari intensificou a implantação do neoliberalismo no país, já em curso desde inícios dos anos 80. As medidas adotadas, que provocaram grande descontentamento popular, acarretaram o aumento da internacionalização e da subordinação econômica e política ao imperialismo norte-americano, do qual o NAFTA, o acordo de “livre-comércio” com os Estados Unidos e o Canadá, foi expressão. Não foi por outro motivo que, simbolicamente, em 1 o de janeiro de 1994, data em que o NAFTA entrava em vigor, eclodiu a rebelião em Chiapas, no sul do país. Organizado pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional – EZLN (referência ao líder da Revolução Mexicana Emiliano Zapata), o movimento congregou os camponeses, os indígenas e todos aqueles que recusavam esse caminho de “integração” destrutiva para a sociedade mexicana. O zapatismo teria enorme significado para a resistência e a luta dos povos da América Latina contra a mundialização dos capitais e sua lógica destrutiva.

Os governos seguintes aprofundaram, sob pressões dos Estados Unidos e de organismos multilaterais como o FMI e Banco Mundial, as ideologias monetaristas de estabilização financeira e controle das dívidas do país, as quais, mediante severos ajustes fiscais, atraíam investimentos externos, de caráter crescentemente especulativo (Soederberg, 2001). O avanço dessas políticas neoliberais também incentivou a desestatização e a desnacionalização do parque industrial, com a introdução das maquiladoras, visando produzir e exportar mercadorias a baixo preço, em comparação com aquelas dos países de origem. Tais medidas tornaram ainda mais precária a situação da classe trabalhadora.

 

 

Neoliberalismo: de Collor a Lula

Foi a partir de 1990, com a ascensão de Fernando Collor de Mello, que o processo de reestruturação produtiva e o receituário neoliberal começaram a ser implantados no Brasil. O governo Collor teve curta duração, uma vez que, dado o enorme grau de corrupção que o caracterizou, acabou sendo deposto por um vasto movimento social e político que culminou no impeachment do presidente em 1992. Depois desse episódio, e do curto governo do vice-presidente Itamar Franco, os dois mandatos presidenciais de Fernando Henrique Cardoso reforçaram a presença neoliberal. O parque produtivo brasileiro foi alterado e reduzido em razão da política de privatização das empresas estatais. Consequentemente, assistiu-se a uma alteração do tripé que sustentava a economia brasileira – formado pelo capital nacional, capital estrangeiro e setor produtivo estatal. Desorganizava-se o padrão produtivo estruturado desde o período getulista.

A combinação de neoliberalismo e reestruturação produtiva do capital teve repercussões avassaladoras para a classe trabalhadora, para o movimento sindical e para a esquerda brasileira. As propostas de desregulamentação, de flexibilização e de desindustrialização tiveram forte impulso na política de corte neoliberal e privatizante. Paralelamente à retração da força de trabalho industrial, entre as décadas de 1980 e 1990 os serviços aumentaram, em média, 50% em sua participação relativa na estrutura ocupacional, sendo em boa medida direcionados para o universo da informalidade, sobretudo no comércio, comunicações e transportes. Ampliou-se desse modo o contingente de subproletarizados, terceirizados e subempregados, ou seja, as distintas modalidades de trabalho precarizado.

Ainda que, em 2002, a vitória eleitoral e política de Lula e do Partido dos Trabalhadores (PT) tivesse um significado real e simbólico muito expressivo – pois se tratava da vitória, pela primeira vez na história do Brasil, de uma candidatura de origem operária –, seu governo, desde os primeiros atos, pautou-se por uma clara continuidade ao neoliberalismo. A política econômica, por exemplo, é de evidente benefício aos capitais financeiros. A brutal concentração da terra se manteve inalterada e, pior, aumentou o número de assassinatos no campo. A mais impopular e virulenta medida praticada pelo governo do PT foi o desmonte da previdência pública e sua privatização por meio da criação e incentivo dos fundos privados de pensão para os servidores públicos. A privatização da previdência pública foi uma imposição do FMI, aceita sem oposição pelo governo Lula, o que significou uma ruptura com parcelas importantes do sindicalismo de trabalhadores públicos.

Essa nova realidade arrefeceu e tornou ainda mais defensivo o novo sindicalismo, que se encontrava, de um lado, diante da emergência de um sindicalismo neoliberal, expressão da nova direita, sintonizada com a onda mundial conservadora, de que a Força Sindical (central criada em 1991) é o melhor exemplo, e, de outro, diante da inflexão que, desde os anos 90, se abate no interior da CUT: a central aproxima-se cada vez mais dos modelos do sindicalismo socialdemocrata europeu.

Mas é importante lembrar que esse mesmo período assistiu à expansão do mais importante movimento social e político do Brasil. Criado em 1984, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fez ressurgir a luta dos trabalhadores do campo, ampliando seu sentido e convertendo-a no centro da luta política de classes no Brasil.

O MST resultou da fusão da experiência da esquerda católica, vinculada à Teologia da Libertação e às comunidades eclesiais de base, com militantes formados no ideário e na práxis de inspiração marxista, retomando as duas vertentes mais importantes das lutas sociais recentes no Brasil. Tem como centro de atuação a organização de base dos trabalhadores, por meio de ocupações, acampamentos e assentamentos, sem subordinar-se à ação institucional ou parlamentar. Na verdade, o MST tornou-se o principal catalisador e impulsionador das lutas sociais recentes e, pelos laços fortes que mantém com setores sociais urbanos, tem possibilitado a retomada das ações sociais de massa no Brasil. Assim, o movimento incorpora crescentemente os trabalhadores da cidade, que buscam retornar ao campo depois de expulsos pela “modernização produtiva” das indústrias. O processo resulta numa inversão do fluxo migratório no Brasil e numa síntese que aglutina e articula experiências e formas de sociabilidade oriundas dos mundos do trabalho rural e urbano.

 

Peru e Colômbia

Outro exemplo emblemático da política de terra arrasada neoliberal pode ser encontrado no Peru da década de 1990, durante o governo de Alberto Fujimori. Desde o início ele procurou atender aos interesses imperialistas e à classe dominante nacional. Privatizou quase todas as empresas estatais e extinguiu a estabilidade no trabalho. Os altos índices de desemprego provocaram uma enorme redução do nível de sindicalização, que chegou a menos de 10%, o mais baixo da história peruana (Rojas, 1997). A flexibilização das leis trabalhistas veio acompanhada por processos de alterações da base tecnológica e descentralização produtiva. As perdas de emprego foram maciças tanto no setor privado quanto no setor público, originando várias formas de trabalho precário por meio do crescimento das terceirizações e subcontratações (Jimenez e Gamarra, 1994).

Diante desse quadro, a luta sindical enfrenta grandes desafios, resultados da forte corrosão social de suas bases, atingidas pelos empregos escassos, precários, eventuais etc. Além da CGTP e da CTP, estão em atuação a Confederação Autônoma de Trabalhadores do Peru (CATP), reconhecida em 1991, e a Central Unitária de Trabalhadores (CUT), fundada em 1993. Desde 2004, elas ensaiam uma atuação conjunta.

O caso da Colômbia não difere significativamente do de nenhum outro país que tenha adotado políticas neoliberais a partir da década de 1990. Ali também ocorreu um processo de desregulamentação financeira, a privatização de importantes empresas do setor público e a flexibilização da legislação trabalhista (Buendía, sem data). Tudo isso em meio a um processo de guerra civil aberta e à forte presença do narcotráfico na economia e na sociedade. Não é de estranhar, portanto, que o desemprego tenha alcançado mais de 20% da população em 2000, sendo, em 1991, esse percentual de menos de 10%. Há, ainda, fortes distinções envolvendo o número de homens e mulheres desempregados: segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística (DANE) do governo colombiano, as mulheres totalizam 24,5% dos desempregados e os homens, 17%. Além disso, entre a população ocupada, em 2005, havia 59% de trabalhadores no setor informal. Em 1992, o percentual era de 54%. Em comparação com os trabalhadores formais, os informais têm a média de horas trabalhadas um pouco menor; assim, enquanto os formais trabalham, em média, 46 horas por semana, os informais trabalham 44 horas.

É nesse contexto de crescente precarização e flexibilização do mercado de trabalho que o movimento sindical colombiano procura construir alternativas às investidas governamentais pela retirada de direitos trabalhistas.

O caso venezuelano

No quadro geral do continente, somente a Cuba socialista e a Venezuela apresentam uma alternativa claramente antineoliberal, com nítidos contornos anticapitalistas.

A experiência venezuelana recente é singular na América Latina. Hugo Chávez liderou um movimento social e político (denominado Movimento V República) fora dos marcos da esquerda tradicional e ganhou as eleições presidenciais em 1998, com 56% dos votos. No mesmo dia da posse, convocou um plebiscito visando à instauração de uma Assembleia Constituinte. A nova Constituição foi aprovada no mesmo ano; trata-se de um texto constitucional avançado, que prevê a possibilidade de remover, por meio de referendo, autoridades de desempenho considerado insatisfatório.

Desde o início, a oposição burguesa e oligárquica – capitaneada pelos dirigentes sindicais da CTV, pelos meios de comunicação privados e pela poderosa federação empresarial Fedecámaras –, ostensivamente apoiada pelos Estados Unidos, tem sido implacável com o governo Chávez.

Houve três grandes ações para tentar depor o presidente. Em abril de 2002, um golpe militar foi rapidamente frustrado pela monumental mobilização popular exigindo o retorno de Chávez. Em dezembro do mesmo ano, forças da reação desencadearam um locaute na PDVSA que durou cerca de dois meses, tentando desestabilizar o governo. Este, porém, pela segunda vez, derrotou os golpistas. Na terceira tentativa, em novembro de 2003, a oposição recolheu assinaturas para convocar um referendo revogatório do mandato do presidente. O referendo foi realizado e deu a Chávez 59% dos votos.

O traço distintivo, que preservou o governo das sucessivas ameaças contrarrevolucionárias, foi dado pela expansão dos círculos bolivarianos – organizações populares que apoiavam a liderança de Chávez e se estruturaram por todo o país. O movimento, inicialmente tratado com descaso pela mídia internacional, tornou-se a única alternativa inovadora e progressista no quadro do poder político na América Latina. Em meio ao confronto com o imperialismo, a Venezuela despontou como o único país que conseguiu estancar as reformas neoliberais por meio de um processo que vem garantindo e ampliando os direitos dos trabalhadores, realizando uma significativa reforma agrária, avançando nas formas de produção social – cooperativas e empresas coletivas – e, principalmente, buscando alternativas inspiradas nos valores do socialismo. Por tudo isso, a pátria de Bolívar assume na atualidade um papel tão fundamental para os povos da América Latina.

 

Desenhando a nova morfologia do trabalho

Quais foram as principais consequências do neoliberalismo e da reestruturação produtiva para a classe trabalhadora latino-americana? Qual o desenho da nova morfologia do trabalho?

São apresentadas a seguir, de modo sintético, algumas das principais tendências, sempre lembrando que elas têm particularidades e singularidades por vezes distintas.

1) Com a retração do binômio taylorismo/fordismo, desde o início da reestruturação produtiva do capital em escala global, vem ocorrendo uma redução do proletariado industrial, fabril, tradicional, manual, estável e especializado, herdeiro da era da indústria verticalizada. O espaço aberto pela redução desse proletariado mais estável vem sendo ocupado por formas desregulamentadas de trabalho.

2) Verifica-se o aumento de um novo proletariado fabril e de serviços, presente nas diversas modalidades de trabalho precário. São os terceirizados, subcontratados, part-time, entre tantas outras formas assemelhadas, que se expandem em escala global, em decorrência da desestruturação crescente do Welfare State nos países do Norte e do aumento da desregulamentação do trabalho nos países do Sul. Em 2005, de um total de 80 milhões de trabalhadores, cerca de 60% encontravam-se em situação de informalidade no Brasil. Em outros países a situação é similar ou ainda mais grave: México, Argentina e Chile presenciaram significativos processos de desindustrialização, tendo como resultado a expansão do trabalho precarizado, parcial, temporário, terceirizado, informalizado etc., além de enormes níveis de desemprego (Sotelo, 2003).

3) Cresce o trabalho feminino, que já atinge mais de 40% da força de trabalho em diversos países. As mulheres recebem, em média, salários inferiores aos dos homens e gozam de menos direitos sociais e trabalhistas. No Brasil, o salário médio das mulheres está em torno de 60% do salário dos trabalhadores do sexo masculino (Nogueira, 2004).

4) Há uma acentuada expansão do “setor de serviços”, que inicialmente incorporou grandes parcelas de trabalhadores expulsos do mundo produtivo industrial. Cabe lembrar que os serviços se submetem cada vez mais à lógica dos mercados. O resultado é o crescimento do desemprego também nesse setor, tal como se pode ver na drástica redução do contingente de trabalhadores bancários na América Latina.

5) Há uma crescente exclusão dos jovens que atingiram a idade de ingresso no mercado de trabalho formal. Assim, acabam engrossando as fileiras dos desempregados e trabalhadores precarizados. O mesmo ocorre com os trabalhadores considerados “idosos” pelo capital. Excluídos aos quarenta anos de idade, dificilmente conseguem reingressar no mercado de trabalho e também acabam por somar-se aos contingentes de trabalhadores informais.

6) Paradoxalmente, o mundo do trabalho tem se utilizado da inclusão precoce e criminosa de crianças nas mais diversas atividades produtivas, não só na América Latina.

7) Como desdobramento das tendências apontadas nos parágrafos anteriores, cresce o chamado terceiro setor, que assume uma forma alternativa de ocupação, por meio de empresas com perfil comunitário. Entre as empresas que atuam com trabalho voluntário predominam as de caráter assistencial, sem fins mercantis ou lucrativos diretos e que se desenvolvem relativamente à margem do mercado. A expansão desse segmento é um desdobramento da retração do mercado de trabalho industrial e de serviços, num quadro de desemprego estrutural. Essa forma de atividade social, movida predominantemente por valores não mercantis, experimenta alguma expansão, com os trabalhos realizados no interior das ONGs e organismos similares. No entanto, não chega a constituir uma alternativa efetiva e duradoura ao mercado de trabalho capitalista. No Brasil ela envolvia, em 2005, cerca de 20 milhões de trabalhadores.

8) Cresce o trabalho em domicílio, permitido pela desconcentração do processo produtivo e pela expansão de pequenas e médias unidades produtivas. A telemática (ou teleinformática), por exemplo, é uma modalidade de trabalho, geralmente realizada por mulheres, que nasceu da convergência entre os sistemas de telecomunicações por satélite e a cabo, juntamente com novas tecnologias de informação e a microeletrônica, possibilitando às empresas transnacionais uma enorme expansão e agilização de suas atividades. Desse modo, o trabalho produtivo realizado no domicílio mescla-se ao trabalho reprodutivo doméstico, aumentando as formas de exploração do contingente feminino que vivencia realidades marcadas por uma dupla jornada de trabalho.

É esse, portanto, o desenho compósito, heterogêneo, polissêmico e multifacetado que caracteriza a nova morfologia da classe trabalhadora. Além das clivagens entre os trabalhadores estáveis e precários, homens e mulheres, jovens e idosos, nacionais e imigrantes, brancos e negros, qualificados e desqualificados, incluídos e excluídos etc., ocorrem também as estratificações e fragmentações que se acentuam em razão do processo crescente de internacionalização do capital.

Para melhor compreender a imagem é preciso considerar a totalidade da classe trabalhadora, o enorme contingente de homens e mulheres que vive da venda da sua força de trabalho, não se restringindo aos trabalhadores manuais diretos. Essa concepção deve incorporar também a totalidade do trabalho social – a totalidade do trabalho coletivo que vende sua força de trabalho como mercadoria em troca de salário – e ainda o contingente restante de força de trabalho que não encontra emprego, dada a lógica destrutiva que preside a sociedade capitalista.

Dois trabalhadores da construção desempregados pedem trabalho, na Cidade do México, em 2009 (Wikimedia Commons)

Desafios

As mutações ocorridas no interior do mundo do trabalho na América Latina propõem alguns desafios para os sindicatos, para os demais organismos de representação de classe e para os próprios movimentos sociais.

1) O primeiro deles, fundamental para a sobrevivência dos sindicatos, será romper a enorme barreira social que separa os trabalhadores “estáveis” – em processo franco de redução – dos trabalhadores em tempo parcial, precarizados, subproletarizados – em significativa expansão. Portanto, os sindicatos devem empenhar-se na organização dos trabalhadores desempregados, como vem procurando fazer, por exemplo, a CTA na Argentina.

2) Os sindicatos devem lidar com três dimensões estreitamente relacionadas entre si: gênero, geracional e étnica. Eles precisam articular as questões de classe com aquelas referentes ao gênero, a fim de garantir às mulheres trabalhadoras o direito de auto-organização. Desse modo será revertido o quadro que prevalecia na fábrica fordista, no qual, historicamente, as mulheres estiveram excluídas do espaço sindical, dominado pelos homens.

Do mesmo modo, os sindicatos devem se abrir para as aspirações dos jovens trabalhadores. E a eles devem acrescentar os trabalhadores das distintas raças e etnias (índios, negros, imigrantes), aos quais são, em geral, destinados os trabalhos mais precarizados. Para que isso aconteça de fato, é imprescindível e inadiável a eliminação de qualquer resquício de tendências xenófobas, ultranacionalistas, de apelo ao racismo e de conivência com ações discriminatórias de qualquer ordem.

3) Os sindicatos devem ainda incorporar aqueles amplos contingentes do novo proletariado, que vende sua força de trabalho nas empresas de telemarketing, supermercados e tantas outras áreas por onde se amplia o universo dos assalariados, muitos deles sem qualquer experiência de atuação na organização sindical. Portanto, as novas categorias de trabalhadores e trabalhadoras, sem tradição anterior de organização, devem ser representadas.

4) Os sindicatos devem romper radicalmente com todas as formas de neocorporativismo, que privilegiam suas respectivas categorias profissionais, diminuindo ou abandonando seus conteúdos mais acentuadamente classistas. Não apenas do corporativismo de tipo estatal, mas também de um neocorporativismo societal, crescentemente assimilado pelo sindicalismo contemporâneo. E essa forma de organização sindical é ainda mais excludente, acentuando o caráter fragmentado da classe trabalhadora, em sintonia com os interesses do capital, que procuram cultivar o individualismo e a alternativa pessoal, contra os interesses solidários, coletivos e sociais.

5) É decisivo também para o sindicalismo de classe romper com a tendência crescente de institucionalização e burocratização, que amplia o fosso entre as instituições sindicais e os movimentos sociais autônomos. As experiências do sindicalismo de base e de classe – contra a moderação, burocratização e institucionalização de muitas centrais sindicais dominantes – são exemplos dessa imperiosa necessidade de retomar a base social dos sindicatos.

6) Também é fundamental reverter a tendência, desenvolvida a partir do toyotismo, que consiste em reduzir o sindicato ao âmbito exclusivamente fabril, ao chamado “sindicalismo de empresa”, de perfil patronal, mais vulnerável e vinculado ao capital.

7) A empresa fordista, que se desenvolveu ao longo do século XX, era bastante verticalizada e teve como resultado um sindicalismo igualmente verticalizado. A empresa toyotista é mais horizontalizada, na medida em que se estrutura em redes, utilizando-se excessivamente dos mecanismos das terceirizações. Um sindicato verticalizado está impossibilitado de enfrentar os desafios de classe no capitalismo contemporâneo. Por isso, o sindicalismo deve se estruturar de modo mais horizontal, o que significa ser mais organizado pela base, incorporando o amplo conjunto que compreende os trabalhadores hoje – a classe-que-vive-do-trabalho –, desde os mais “estáveis” até aqueles que estão no universo mais precarizado e “terceirizado”, na informalidade, ou entre os desempregados (Antunes, 1999 e 2005).

8) Se a classe trabalhadora atual é mais complexa e heterogênea do que a que vigorou durante o período de expansão do fordismo, o resgate do sentido de pertencimento de classe, contra as inúmeras fraturas, objetivas e subjetivas, impostas pelo capital, é hoje o desafio mais decisivo.

9) Com a expansão do capital em escala global e a nova forma assumida pela divisão internacional do trabalho, as respostas do movimento dos trabalhadores latino-americanos devem assumir cada vez mais um sentido universalizante, de ação, solidariedade e confrontação.

10) Há ainda outro desafio fundamental: a classe trabalhadora deve romper a barreira, imposta pelo capital, entre ação sindical e ação parlamentar, entre luta econômica e luta política, articulando e fundindo as lutas sociais, extraparlamentares, autônomas, que dão vida às ações de classe. Como o capital exerce um domínio extraparlamentar, é grave equívoco querer derrotá-lo com ações que se restrinjam ou privilegiem o âmbito da institucionalidade.

Para concluir, podem-se levantar duas questões. Não estariam os trabalhadores andinos, amazônicos, indígenas, negros, homens e mulheres dos campos e das cidades a demonstrar que a América Latina não está mais disposta a suportar a barbárie, a subserviência, a iniquidade, a miséria e a indignidade no mundo do trabalho e na vida?

Neste limiar do século XXI, não estaríamos presenciando o esgotamento do neoliberalismo no continente e o consequente afloramento de um novo ciclo de lutas e rebeliões populares, tecido pela ação das forças associadas ao trabalho, que começam novamente a sonhar com uma sociedade livre, verdadeiramente latino-americana, emancipada e socialista?

Evolução das remunerações médias reais da América Latina e do Caribe 

Índices médios anuais de 1995 = 100

1980 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000*
Argentina 128,8 99,1 100,4 101,7 100,4 101,1 100 99,9 99,3 99,0 98,2 106,2
Bolívia 57,6 87,6 82,1 85,5 91,2 98,5 100 100,4 107,3 111,5 118,5 115,9
Brasil 94,6 103,5 86,5 85,1 93,1 95,5 100 110,5 114,3 115,7 110 104,8
Chile 77,2 80,9 84,9 88,7 91,8 96,1 100 104,1 106,6 109,5 112,1 113,7
Colômbia 80,7 94,9 92,4 93,5 97,9 98,8 100 101,5 104,2 102,8 105,9 115,7
Costa Rica 104 89,8 85,6 89,2 98,3 102 100 97,9 98,7 105,5 111,6 110,1
Equador 88,3 65,4 68,4 74,2 83,5 90,9 100 105,4 103 98,9
Guatemala 88,7 77,1 72,1 82,9 88,8 89,3 100 109,6 112,7 116,7 123,5
México 113,1 88,1 93,8 100,7 109,7 114,9 100 90,1 89,1 91,5 92,4 99,1
Nicarágua 390,8 81,8 84,5 100,5 93,3 98,2 100 97,9 97,7 104,9 109,4 111,3
Paraguai 89,5 87,7 91,8 90,9 91,7 93,0 100 103,1 102,6 100,7 98,6 99,9
Peru 265,0 85,7 98,7 95,2 94,4 109,2 100 95,2 94,5 92,7 90,8 91,4
Uruguai 99,5 91,7 95,2 97,3 102 102,9 100 100,6 100,8 102,7 104,3 102,9
Venezuela 302,4 138,1 130,1 136,5 124,4 104,8 100 76,7 96,3 101,5 92,8 98,3

Fonte: CEPAL. Estudio Económico, 1999-2000 e 2003-2004*.

Obs.: Informações sobre fontes primárias e metodologia de apuração (incluindo eventuais mudanças) são encontradas nos documentos indicados.

 

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Conteúdo atualizado em 30/05/2017 11:07Por Ricardo Antunes

El continente latinoamericano nació bajo la égida del trabajo. Antes de la presencia europea, las poblaciones nativas poseían una economía básicamente de subsistencia, que producía alimentos agrícolas, valiéndose de la caza, de la pesca, del extractivismo agrícola y de la minería, entre otras actividades. En esa etapa, el trabajo colectivo era el pilar de la producción, y la apropiación de sus frutos era beneficio de la comunidad en general.

Ese cuadro se transformó desde fines del siglo XV, con el proceso de colonización impulsado por la expansión comercial que caracterizaba a la acumulación primitiva en curso en Europa. El territorio americano pasó a ser codiciado por la naciente burguesía mercantil y los Estados nacionales recién constituidos en el viejo continente. Españoles, portugueses, franceses y otros pueblos crearon, desde el comienzo, colonias de explotación dedicadas a incrementar el proceso de acumulación primitiva de capital que se llevaba a cabo en los países centrales. Solamente los ingleses, en algunas regiones de América del Norte, crearon colonias de poblamiento, es decir, receptoras de la población europea excedente, envuelta en cuestiones éticas y religiosas.

En un primer momento, la sociedad colonial explotó la fuerza de trabajo indígena, esclavizada u obligada a prestar obligatoriamente servicios en las plantaciones y en las minas. Por ejemplo, en la América española existía el sistema conocido como encomienda, por el cual el colono se comprometía a asegurar la subsistencia de los nativos, apropiándose del trabajo de éstos. Después se difundió el trabajo esclavo africano, resultado de un intenso tráfico humano de África hacia América, controlado por las nacientes burguesías comerciales europeas. Fue a partir de dicho intercambio comercial que surgió el esclavismo colonial, una modalidad de trabajo llevada a cabo en los territorios dedicados prioritariamente a la producción agrícola (la plantation) y al ingenio que producía el azúcar comercializado en Europa.

La diversificación de las actividades productivas y la constitución del mercado interno crearon las condiciones para la implantación del trabajo asalariado en América Latina. Sin embargo, esa modalidad recién sería adoptada a lo largo del siglo XIX, cuando la expansión del capitalismo industrial (especialmente el inglés) exigió la ampliación del mercado consumidor, a través del pago de salarios a los trabajadores.

Durante casi toda su historia, el mundo colonial latinoamericano fue también escenario de la rebeldía de los esclavos negros que luchaban por su emancipación. Basta recordar la majestuosa Revolución de los Negros de Haití, en 1791 –pionera en la abolición del trabajo esclavo– o el Quilombo dos Palmares –rebelión de esclavos en Brasil, que llevó a la formación de una comunidad negra libre, durante los años 1630-1685–. Además, el predominio agrario en los siglos de la colonización permitió el desarrollo, en varias regiones, de un numeroso campesinado, que más tarde encabezaría las luchas sociales como la Revolución Mexicana.

En el siglo XIX comenzó a desarrollarse el tránsito de las sociedades rurales a las urbano-industriales, y con éste varios países latinoamericanos comenzaron a generar los primeros contingentes de trabajadores asalariados, vinculados tanto a las actividades agrario-exportadoras, como el caso de la producción de café en Brasil, como a las actividades manufactureras e industriales. En la Argentina Uruguay –exportadores de carne y derivados–, los trabajadores encontraban ocupación en los frigoríficos, la principal fuente de actividad productiva.

Cuanto más las economías agroexportadoras –propias del mundo mercantil– se vinculaban al universo capitalista, más evidente se hacía la necesidad de incrementar las actividades industriales. Así pues, inicialmente, la diversificación de dichas actividades surgió de las demandas de la propia economía agroexportadora, que carecía de industrias textiles, alimenticias, metalúrgicas, etc. Poco a poco éstas se volvieron más autónomas, suplantando a las actividades rurales que les habían dado origen. O sea, la industria fue impulsada por la demanda interna y por las necesidades de acumulación de las burguesías nacientes.

Trabajo asalariado y sindicalismo

En ese marco histórico y estructural, plasmado particularmente a partir de la segunda mitad del siglo XIX, empezó a formarse la clase trabajadora latinoamericana, que se centraba principalmente en las regiones mineras de extracción de salitre, cobre, carbón, gas, petróleo, en la industria textil, en los servicios portuarios y ferroviarios, en la construcción civil y en pequeños establecimientos fabriles. Muchos de sus integrantes eran europeos que habían venido al continente americano (principalmente a Brasil, la Argentina y Uruguay) en busca de trabajo.

Sometidos a una intensa explotación, esos trabajadores se reunían en torno a las primeras asociaciones obreras, como las sociedades de socorros mutuos, las uniones obreras y, posteriormente, los sindicatos, organizados por rama profesional (los sastres, los panaderos, los gráficos, los metalúrgicos, los ferroviarios, los portuarios, etc.)

Es importante destacar que en América Latina las experiencias de trabajo artesanal, e incluso manufacturero, fueron muy distintas de las vividas en Europa. Allí se dio una transición secular que tuvo comienzo en el artesanado, avanzó hacia la manufactura y, posteriormente, hacia la gran industria. En América del Norte, que no conoció la vigencia del sistema feudal, dicho proceso fue mucho más rápido, ya que en muchos países se saltó casi directamente de la esclavitud a las formas de trabajo asalariado industrial.

Fue en ese escenario donde germinaron las influencias anarquistas (o anarcosindicalistas) y socialistas, y se asistió también a las primeras manifestaciones obreras con el estallido de las primeras huelgas que paralizaron las diferentes ramas laborales. Las organizaciones sindicales de la Argentina, por ejemplo, nacieron de las sociedades de resistencia, que agrupaban a trabajadores por oficio. En ese país, las disputas entre socialistas y anarquistas ya estaban presentes desde la conmemoración del 1° de Mayo, en 1890, cuando los socialistas buscaban la reglamentación de las condiciones de trabajo por la acción del Estado, y los anarquistas, contrarios a las reformas estatales, proponían la ruptura con el sistema.

En realidad, el socialismo reformista, bajo la influencia de la II Internacional, no tuvo en América Latina, salvo escasas excepciones, una presencia comparable a la de los anarquistas o libertarios. Éstos privilegiaban la acción directa, sin la mediación político-partidaria: los sindicatos eran prácticamente la única forma de organización que aceptaban. El anarcosindicalismo fue fuerte en Argentina, Brasil y Uruguay –países en los cuales la clase trabajadora industrial estaba en gran medida compuesta por inmigrantes llegados de Italia y España, países donde predominaba la tradición libertaria–, y marcó su presencia, con mayor o menor intensidad, en ChilePerú Bolivia.

El proyecto comunista

La hegemonía del anarcosindicalismo se extendió hasta las dos primeras décadas del siglo XX. Luego del triunfo de la Revolución Rusa (1917), sin embargo, el continente vio florecer una nueva forma de organización política de los trabajadores, representada por los partidos comunistas.

En Chile, en 1920, el Partido Obrero Socialista (POS) inició su conversión en Partido Comunista, y se incorporó a la III Internacional Comunista en 1928. En 1921 se fundó el Partido Comunista Argentino. En el caso del Partido Comunista de Brasil (PCB), creado en 1922, la casi totalidad de los dirigentes se habían forjado en las batallas anarcosindicalistas. En Perú, bajo el liderazgo de José Carlos Mariátegui, el más significativo y original marxista latinoamericano de su generación, en 1928 se dio la creación del Partido Socialista, que en 1930 pasó a llamarse Partido Comunista Peruano (PCP). El mundo del trabajo comenzaba a estructurarse como fuerza política de perfil partidario.

La ilegalidad marcó la vida de la mayoría de los Partidos Comunistas, que no eran aceptados en la arena política, todavía predominantemente oligárquica, excluyente, autocrática, en muchos casos dictatorial. Desde el cubano José Martí hasta el peruano Mariátegui, pasando por el brasileño Astrojildo Pereira, el pensamiento revolucionario latinoamericano, con todas las limitaciones de la época, buscaba, en su práctica y reflexión, comprender la especificidad del continente y transformar, por la vía revolucionaria, su formación social.

El empeño mayor de los comunistas estaba dirigido a fundir la lucha social y la lucha política. O sea, además de actuar en los sindicatos, le dieron prioridad a la creación de partidos obreros que pudieran representar una alternativa de poder y participar activamente en la lucha política, incluso a nivel electoral. Sea surgiendo a partir del propio anarcosindicalismo, como fue el caso de Brasil, o bien diferenciándose del socialismo reformista, como en la Argentina y en la mayoría de los países latinoamericanos, los partidos comunistas poco a poco extendieron su influencia.

El surgimiento de los partidos comunistas se dio en un momento en que el movimiento obrero latinoamericano luchaba por conquistar una legislación social que garantizara sus derechos. Es lo que se puede constatar en las innumerables huelgas que se desataron: como la Huelga General de 1917, en Brasil, y la de 1918, en Uruguay, o incluso las huelgas contra la Tropical Oil (1924 y 1927) y contra la United Fruit Company (1928), ambas en Colombia. Esta última terminó en huelga general, con la adhesión de cerca de 30.000 trabajadores.

El continente presenció también el florecimiento de luchas sociales de mayor magnitud, uno de cuyos principales ejemplos fue la Revolución Mexicana de 1910, cuya Constitución de 1917 incorporó la conquista de la reglamentación de los derechos laborales, estableciendo desde jornadas y salarios hasta la prestación de servicios sociales, además de la libertad de organización, movilización sindical y derecho de huelga, así como la formulación de una significativa reforma agraria. Contraria a las oligarquías y al liberalismo excluyente que marcaba el dominio burgués en la región, la revolución anticipaba derechos que sólo mucho más tarde se generalizarían en América Latina.

Una fábrica de habanos en Cuba, en 2008 (Berg_chabot/Creative Commons)

 

Taylorismo y fordismo en América Latina

Con el desarrollo del capitalismo industrial que experimentó en especial la industria automovilística norteamericana de comienzos del siglo XX, florecieron los procesos de organización del trabajo conocidos como taylorismo y fordismo, que terminaron por conformar el diseño de la industria a escala planetaria. Sus elementos centrales pueden resumirse de esta manera:

  • vigencia de la producción masiva, realizada mediante una línea de montaje y una producción más homogénea;
  • control de los tiempos y movimientos, mediante el cronómetro taylorista y la producción en serie fordista;
  • existencia del trabajo parcelario y de la fragmentación de funciones;
  • separación entre la elaboración, cuya responsabilidad se atribuía a la gerencia científica, y la ejecución del proceso de trabajo, efectivizada por el obrero en la planta;
  • existencia de unidades fabriles concentradas y verticalizadas.

Ese modelo productivo, en mayor o menor escala, se expandió por las más variadas ramas de la industria y los servicios de los países latinoamericanos que en ese momento probaban desarrollar un ciclo industrial. Fue uno de los factores responsables de la constitución, expansión y consolidación de la clase obrera, desempeñando un papel de enorme importancia en los conflictos sociales. El Cordobazo de 1969, en la Argentina, y las huelgas obreras del ABC paulista de 1978-1980 fueron las expresiones avanzadas de las luchas sociales del proletariado que se había formado bajo la égida del taylorismo y el fordismo.

Fue mediante esa forma de producción como la gran industria capitalista se pudo desarrollar. Sin embargo, hay que destacar que, dada la particularidad de la subordinación y dependencia estructural del capitalismo latinoamericano en relación con los países centrales y hegemónicos, aquí el camino hacia el mundo industrial se realizó de manera tardía, o incluso hipertardía, si se lo compara con los procesos vividos en los Estados Unidos y Europa occidental. Y lo hizo sustentado en un enorme proceso de superexplotación del trabajo, que combinaba, en forma intensificada, la extracción absoluta y relativa del trabajo excedente, ofreciéndole al capital altos niveles de plusvalía.

Paralelamente al nacimiento y a la expansión de la industria de base taylorista y fordista, se estructuró en buena parte del continente un complejo proceso sociopolítico. Además de la confrontación directa y antagónica entre capital y trabajo, afloró también otra contradicción, dada por la existencia de dos proyectos claramente distintos y alternativos. Uno de esos procesos era nacionalista y seguía bajo el mando de sectores de las burguesías nativas en alianza con segmentos de las clases populares y/o sus representantes políticos. El otro era favorable a la internacionalización de la economía y estaba liderado por los diversos sectores burgueses vinculados al imperialismo.

El naciente Estado burgués latinoamericano osciló entre los dos proyectos y trató de incorporar, en sus políticas, elementos de ambos, en diversa graduación según cada país. Al mismo tiempo, procuró abrir canales de control de los trabajadores, pretendiendo “integrarlos” al orden burgués. Se trataba de crear organizaciones sindicales oficialistas a fin de frenar las luchas sociales autónomas desencadenadas por las corrientes revolucionarias del movimiento obrero.

El peronismo en la Argentina, el getulismo en Brasil y el cardenismo en México, entre otros ejemplos importantes, fueron fenómenos políticos insertos en la expansión industrial latinoamericana. Guardando las diferencias relativas a las singularidades de cada país, se puede decir que los tres pretendieron atraer a las clases trabajadoras hacia el ámbito estatal, politizando la cuestión social, aunque para ello se valieran de la represión y de la práctica de la división en el interior del movimiento obrero. Juan Domingo Perón Getúlio Vargas, en especial, para viabilizar sus respectivos proyectos industriales nacionalistas, consolidaron su liderazgo entre la clase obrera urbana-industrial, presentándose como conductores de un gobierno capaz de ofrecer concesiones a la clase trabajadora: un verdadero Estado benefactor. Vamos, entonces, a rescatar algunos de sus rasgos más importantes.

Longevidad y contradicciones del peronismo

En la Argentina, el peronismo fue el responsable del nacimiento de una concepción laborista que tuvo una enorme influencia sobre el sindicalismo y el movimiento obrero en ese país. Dicho proceso comenzó en 1943, con un golpe de Estado que designó al coronel Juan Domingo Perón en la Secretaría de Trabajo. La fecha marcó una línea divisoria en la relación entre el Estado y el movimiento obrero, mediante un complejo proceso de apoyo y cooptación que tenía como contrapartida la institucionalización de los derechos sociales de la clase trabajadora, así como la mejora de sus condiciones de vida.

En 1945, poco después de que Perón fuese separado del gobierno y llevado a prisión por los militares contrarios a su política, la Confederación General del Trabajo (CGT) organizó grandes manifestaciones para su liberación. Dada la fuerte presión popular, fue liberado y, en 1946, electo presidente de la Argentina. Éste consolidó una alianza entre los intereses burgueses nacionalistas y laboristas, mediante un proyecto ideológico y político que contaba con el apoyo de la CGT. Esa central se transformó en el principal canal de sustentación sindical del peronismo, que se estructuraba políticamente a través del Partido Justicialista. Sobre la base de esa estructura dual, el peronismo creó sólidos vínculos con los movimientos sindical y obrero.

A lo largo de su trayectoria, el peronismo se caracterizó por la conciliación de clases, cimentada en el nacionalismo y en la férrea vinculación de los sindicatos con el Estado, además de reprimir las acciones sindicales que trataban de mantenerse al margen del oficialismo justicialista.

Dicha estrategia colocó al movimiento sindical bajo tutela, tanto en el campo político e ideológico como en el espacio de las acciones de corte laboral, promoviendo un sindicalismo jerárquicamente sometido a las determinaciones oficiales y a una práctica negadora de la democracia obrera y de las acciones autónomas de clase. De ese modo, se manifestó una fuerte concepción estatista, según la cual las relaciones entre el movimiento obrero y el Estado debían ser mediadas por la figura del líder. Fue tan intensa esa vinculación que aún hoy el peronismo encuentra respaldo en el movimiento sindical argentino, que se reivindica heredero de aquél.

En 1955, un golpe militar, apoyado por la Iglesia Católica y los sectores oligárquicos y burgueses más conservadores y tradicionales, derrocó al gobierno peronista. En los años siguientes, mientras la CGT trataba de organizar la resistencia, preparando el retorno del líder exiliado, se produjeron cambios en la estructura de la clase trabajadora argentina, marcada sobre todo por una mayor heterogeneidad interna, consecuencia de la expansión y diversificación de la industria de bienes de consumo durables (Cavarozzi, 1984).

En el transcurso de los años 60, dichos cambios contribuyeron, por un lado, a que el peronismo perdiera parte de su capacidad movilizadora, aunque preservase su fuerza en el aparato sindical, cada vez más burocratizado y verticalizado, y que frecuentemente recurría a las prácticas de una auténtica mafia sindical. Por otro lado, prepararon el terreno para un nuevo ciclo de enfrentamientos, organizados por los obreros y los sectores sindicales más combativos, con una importante participación del movimiento estudiantil. En mayo de 1969, el llamado Cordobazo marcó un fuerte momento de las luchas obreras, con la eclosión de una huelga general de nítido carácter clasista en Córdoba, segunda mayor ciudad industrial del país. Además de enfrentar directamente a las fuerzas patronales, ese movimiento desgastó al régimen militar que en esa época gobernaba la Argentina.

El Cordobazo abrió camino para el retorno de Perón al país y al poder, con su victoria electoral de 1973. Pero el contexto político y social era muy diferente del de 1945. La CGT estaba dividida en varias tendencias. En el movimiento peronista también actuaban diferentes corrientes políticas, entre las cuales se destacaban los montoneros, de perfil antiimperialista y nítidas posiciones de izquierda. Además, la muerte del líder en 1974 entronizó en el gobierno a la vicepresidenta Isabel Perón, su segunda esposa (personaje completamente diferente de Evita, su primera mujer, ésta sin duda dotada de enorme carisma). El fracaso político y económico de esa nueva etapa del peronismo llevó a un nuevo golpe militar, en marzo de 1976, transformado en una dictadura que torturó y asesinó a millares de jóvenes militantes, obreros, sindicalistas y estudiantes. Se intervinieron los sindicatos, y la CGT fue declarada ilegal. Ello generó una fractura en el interior de la central, creándose dos vertientes: una corriente sindical más crítica (CGT-Brasil) y la otra más conciliadora (CGT-Azopardo). El peronismo, sin embargo, siguió estando presente en el movimiento sindical y junto a los trabajadores durante un largo período y fue responsable de muchas huelgas generales contra la dictadura militar, a comienzos de los años 80.

La seducción getulista

El largo período del gobierno de Getúlio Vargas (conocido por getulismo o varguismo) tuvo momentos muy diferentes. La Revolución de 1930 posibilitó la formación de un movimiento político-militar que fue más que un golpe y menos que una revolución, y que generó el desarrollo de un proyecto industrial anclado en un Estado fuerte y en el nacionalismo. En la esfera política, particularmente luego del golpe del Estado Nuevo en 1937, el getulismo asumió un carácter claramente dictatorial, tendencia presente en forma embrionaria desde 1930.

Un aspecto central del getulismo fue la adopción de una legislación laborista, considerada esencial para viabilizar el proyecto de industrialización. Hacía décadas que los trabajadores brasileños luchaban por el derecho a las vacaciones, por la reducción de la jornada laboral, por el descanso semanal remunerado, entre otras reivindicaciones. Vargas, al atender dichas demandas, procuró presentarlas como una dádiva.

Con ello, el sindicato de la era Vargas se transformó en un organismo esencialmente asistencialista, con centros de salud, servicios, esparcimiento, etc. El impuesto sindical, creado durante ese período, garantizaba los recursos para el mantenimiento de los sindicatos y la ley de encuadramiento sindical permitía que el Estado controlara la creación de nuevas asociaciones. De este modo, se consolidó una forma de estatismo sobre los sindicatos obreros, vigilados de cerca por el Ministerio de Trabajo, que trataba de impedir su accionar autónomo. Fue así como se desarrolló el laborismo getulista, combinando dádiva, manipulación y represión.

El primer ciclo del getulismo estuvo en vigencia hasta 1945, cuando Vargas fue depuesto por un golpe de Estado. El ex presidente retornó en 1950, esta vez por el voto popular, y su nuevo gobierno fue más reformista y menos autoritario. En 1953 tuvo que hacer frente a una fuerte ola de huelgas. Al año siguiente, con el fortalecimiento de la tendencia favorable a la internacionalización de la economía brasileña, el getulismo enfrentaría su crisis más profunda. En agosto de 1954, en medio de una fuerte puja entre los sectores nacionalistas, que lo apoyaban, y los intereses imperialistas, que se le oponían, Vargas prefirió suicidarse antes que ceder a la presión militar y de los sectores dominantes que querían su renuncia. Paradójicamente, su muerte aumentó la fuerza del getulismo. La resolución de esa crisis quedó, pues, postergada hasta la década siguiente, cuando tuvo lugar el golpe militar de 1964.

Cárdenas y el desguace de la revolución

México es un país emblemático. Vivió y sigue viviendo a fuerza de las diferentes culturas precolombinas, que la dominación española no logró eliminar. Vivió también, a partir de 1910, una profunda revolución popular, y vio cómo la autenticidad del proceso revolucionario poco a poco era eliminada por la “institucionalización”.

La Constitución revolucionaria de 1917 garantizó derechos laborales tales como la reglamentación de la jornada de trabajo, niveles salariales más favorables a los trabajadores, libertad de organización sindical y derecho de huelga, abriendo camino al surgimiento de los sindicatos. La revolución impulsó también la formación de grandes entidades sindicales, como la Confederación Regional Obrera Mexicana (CROM), de la cual surgió, en 1919, el Partido Laboral Mexicano (PLM). Oponiéndose a dichas corrientes, disidentes formaron la Confederación General de Trabajadores (CGT), que más tarde se insertó en la política estatal, por medio del Partido Comunista Mexicano (PCM).

Poco a poco, el sindicalismo autónomo fue aceptando la institucionalización de la Revolución, subordinándose al cupulismo y al estatismo. Como parte de dicho movimiento, entró en vigor, en 1931, la Ley Federal del Trabajo, incorporando a los lineamientos constitucionales de 1917 aspectos importantes, como los contratos colectivos. Dos años más tarde, se formó la Confederación General de Obreros y Campesinos de México (CGOCM), que congregaba, además de la CROM y la CGT, a diversas otras entidades. La confederación agrupó sectores combativos, que exigían del Estado la reglamentación del salario mínimo y el pago de los días de descanso (Delarbre, 1984).

En 1934, Lázaro Cárdenas asumió la presidencia de la República por el Partido Nacional Revolucionario (PNR). Declarándose un continuador de la Revolución Mexicana, formuló un proyecto para institucionalizar las conquistas revolucionarias y evitar enfrentamientos definitivos con la burguesía. Se iba delineando, pues, un proyecto nacionalista que llamaba a los trabajadores a unirse en torno al gobierno de Cárdenas.

La creación de la Confederación de Trabajadores de México (CTM), en 1936, en cierta medida atendió a dicho llamado. Tratando de integrar un frente capaz de unir a los trabajadores en la defensa de las reformas cardenistas, la CTM se consolidó como la más importante central del país, congregaba a trabajadores de la industria (en especial metalúrgicos, petroleros y mineros), de los transportes (ferroviarios) y de otros sectores.

En 1938, el PNR se disolvió para formar el Partido de la Revolución Mexicana (PRM). Siguiendo esa trayectoria, en 1946 el PRM cedió lugar al Partido Revolucionario Institucional (PRI), que, eliminando de su ideario las referencias socialistas y sometiéndose definitivamente a los intereses gubernamentales, garantizó la existencia de un mecanismo casi “natural” de pasaje de los dirigentes sindicales al mundo de los cargos públicos. Su conversión en un partido tradicional, corrupto y centralizador fue cuestión de tiempo.

Se consolidó, así, un compromiso entre las centrales sindicales y el aparato estatal, ampliamente utilizado por los intereses del capital nacional y extranjero en la industrialización del país. Esta unión llevó a la disidencia de los sectores más combativos de la CTM, como los ferroviarios, los mineros, los metalúrgicos y los petroleros, que en 1948 formaron la Confederación Unitaria del Trabajo (CUT).

Pocos meses después, el sindicato de los ferroviarios sufrió un golpe de parte de su secretario general, Jesús Díaz de León, que contó con el apoyo de la policía. Surgía el “charrismo”, un modelo de control estatal que, por la vía de la burocracia sindical, se impone por la fuerza contra la voluntad de los afiliados, aunque les otorgue beneficios sociales, en un “doble juego” por el cual mantiene, hasta hoy, la representación de la mayor parte de los trabajadores de México (Delarbre, 1984).

En 1968, en un cuadro de descontento general, trabajadores de la electricidad, ferroviarios, bancarios, maestros e incluso profesionales liberales, como los médicos, se unieron para protestar contra la política salarial y otros proyectos del gobierno. Ello no impidió, sin embargo, que el Estado continuara con el proceso de control efectivo. Cuando José López Portillo fue elegido presidente en 1976, el camino hacia la “modernización capitalista” ya estaba consolidado. Se completaba, así, la ruptura del país con su pasado revolucionario.

El movimiento minero

Como país pobre, Bolivia tiene una economía completamente dependiente de la producción minera y de la explotación del gas y el petróleo. Aun así, el número de trabajadores ocupados directamente en esos sectores no llegaba, hasta los años 50, al 10% de la población, dado que la mayoría de los bolivianos estaban vinculados a las actividades rurales.

A diferencia del proletariado de otros países latinoamericanos, el boliviano no se formó a partir de la inmigración de trabajadores europeos. Bolivia fue, en verdad, un país de emigrantes que, desde principios del siglo XX, se dirigieron sobre todo a Chile y la Argentina y, más recientemente, a Brasil. El único momento en que el flujo migratorio se invirtió fue durante la Guerra del Chaco (1932-1935), cuando se contrataron chilenos para trabajar en las minas bolivianas.

La disputa entre Bolivia y Paraguay por la región del Chaco representó un momento de ruptura en el movimiento obrero y en la vida política del país. Durante el conflicto, algunos líderes sindicales y de partidos socialistas fueron perseguidos, presos y exiliados, por haber organizado manifestaciones contra la guerra y contra la Ley de Defensa Social, la cual preveía suspender las libertades y derechos elementales. En el exterior, entraron en contacto con nuevas propuestas políticas y sindicales. Con el fin de la contienda bélica y el retorno de esos activistas, el movimiento social entró en una nueva etapa, debido a la formación de organizaciones sindicales y a la creación de partidos marxistas y nacionalistas con influencia popular. El avance de la lucha popular y de izquierda fue fundamental para el estallido de la Revolución de 1952.

En ese momento, varios partidos de izquierda hicieron acto de presencia, como el Partido Obrero Revolucionario (POR), de inspiración trotskista, fundado en 1934, y el Partido de Izquierda Revolucionaria (PIR), fundado en 1940, que dio origen, en 1950, al Partido Comunista Boliviano (PCB). De dicho proceso también surgió el Movimiento Nacionalista Revolucionario (MNR), un partido popular más cercano a la pequeña burguesía, fundado en 1941, que tuvo un papel importante en el estallido de la Revolución de 1952.

Otro soporte fundamental de la revolución fue la Central Obrera Boliviana (COB, la más importante organización sindical del país, creada en 1952, como resultado del gran ascenso del movimiento obrero y sindical, principalmente minero. La COB tuvo una actuación decisiva en la insurrección, pues se estructuró en torno a reivindicaciones como la nacionalización de las minas y la reforma agraria sin indemnización y bajo control obrero.

La primera revolución obrera de América Latina –ya que la Revolución Mexicana de 1910 tenía una fuerte predominancia campesina– puso fin al largo dominio de la aristocracia del estaño en la sociedad boliviana. Milicias armadas, vinculadas al MNR, partían de las ciudades mineras rumbo a la capital, ocupaban puestos policiales y exigían el fin de la Junta Militar. En poco tiempo el país estuvo tomado por las milicias obreras.

Los sindicatos tuvieron un importante papel en el levantamiento, ya que fueron ellos los que, en general, organizaron las milicias. En las ciudades mineras llegaron a asumir la responsabilidad de abastecer, administrar y ejercer de policía, instaurando una dualidad de poderes en la sociedad, bajo la conducción de la COB. El proyecto revolucionario nacionalizó las minas de estaño y efectuó una reforma agraria radical. Sin embargo, en términos generales, los avances logrados no fueron tan lejos como la fuerza organizativa y la capacidad de movilización demostradas por la COB.

Con la consolidación del gobierno del MNR, al término de la etapa revolucionaria, se intensificó la represión sobre el movimiento sindical y obrero. A fines de 1964, el gobierno enfrentó una gran huelga general de los mineros. Le siguió un golpe militar, que abrió camino a otro período de fuerte represión sobre las organizaciones sindicales. Fue en esa etapa dictatorial, en 1967, cuando apresaron y asesinaron a Ernesto Che Guevara, líder revolucionario que se encontraba en Bolivia desde el año anterior. De esa forma, hundida en un ciclo casi interminable de golpes, Bolivia dejaba atrás su importante experiencia revolucionaria.

Ato de la CUT, en Chile, el 1° de mayo de 2014 (Ministerio del Trabajo Chile)

 

La isla rebelde

Tres años después de que las milicias obreras ocuparan la capital boliviana, las banderas revolucionarias se desplazaron de los Andes hacia una pequeña isla del Caribe. En 1955, un puñado de insurgentes del Movimiento Revolucionario 26 de Julio (MR-26 de Julio), refugiados en la Sierra Maestra, dieron comienzo a la guerra de guerrillas contra la dictadura de Fulgencio Batista, que había convertido a Cuba en un apéndice de los Estados Unidos. El 1.º de enero de 1959, los rebeldes entraron victoriosos en La Habana, mientras que Batista huía con su familia hacia la República Dominicana.

De inmediato, Cuba experimentó una osada y victoriosa revolución social liderada por Fidel Castro, Ernesto Che Guevara y Camilo Cienfuegos, que llevaba, por primera vez en la historia del país, los intereses populares hacia el centro de las atenciones del poder. Desde el principio, el gobierno revolucionario inició un proceso de desmantelamiento del sistema político y social neocolonial, eliminando el latifundio, nacionalizando las grandes propiedades y entregando tierras a los campesinos. Al año siguiente se nacionalizaron las propiedades norteamericanas en el país, los servicios de telecomunicaciones, de agua, de energía, de transportes, etcétera.

Contando con el sustento de la Confederación de Trabajadores de Cuba –creada en 1939 y que en 1961 pasó a llamarse Central de Trabajadores Cubanos (CTC)– y con la conducción política del Partido Comunista Cubano (renovado con el ingreso de los jóvenes que lideraron la Revolución), la experiencia cubana pasó a inspirar a la mayoría de los movimientos revolucionarios latinoamericanos. Su encanto provenía del hecho de tratarse de una revolución diferente: nació al margen del Partido Comunista, que seguía una política más moderada, en tanto que los jóvenes dirigentes revolucionarios –con Fidel, el Che y Camilo al frente– traían consigo la percepción profunda del descontento y la repulsa contra el dominio imperialista, traduciéndola en una gran voluntad de transformación. La combinación de esos ingredientes fue explosiva, llevó a la victoria a la revolución de un pequeño país, situado a pocas millas del gigante imperialista del Norte.

La larga noche del sindicalismo

Luego de la Revolución Cubana, temiendo la expansión de los movimientos armados, la derecha respondió con golpes militares que avanzaron por América Latina. Es así como se desencadenó el ciclo de las contrarrevoluciones –como lo caracterizó el sociólogo marxista brasileño Florestan Fernandes–, que iniciaría una era de derrotas para las luchas sociales de los trabajadores.

Esto significa que el ciclo de golpes militares fue la solución que encontraron las fuerzas del capital para desestructurar los avances sociales y políticos de la clase trabajadora. El aniquilamiento del movimiento obrero, de sus sindicatos y de las izquierdas facilitaba la inserción de América Latina en el proceso de internacionalización del capital, con la apertura del parque productivo a los capitales externos, en especial a los norteamericanos.

En Brasil, el golpe militar de 1964 implementó un proyecto capitalista dependiente y subordinado, controlado por un estado autocrático-burgués dictatorial que reprimió duramente al movimiento obrero. La disminución de los salarios posibilitó niveles de acumulación que atrajeron al capital monopólico. De ese modo, la expansión capitalista industrial en Brasil intensificó su tendencia –presente en toda América Latina– a estructurarse sobre un proceso de superexplotación del trabajo, combinando sueldos degradados, jornadas de trabajo extenuantes y una gran intensidad en los ritmos y tiempos productivos. Asociadas a la intervención en los sindicatos, a la purga de parlamentarios, a la censura de la prensa y a la cárcel, la tortura y el asesinato de opositores, dichas medidas configuraron un período difícil para el movimiento obrero y popular que se prolongó durante más de dos décadas.

En Chile, la tragedia sucedió en 1973, con el derrocamiento del gobierno del socialista Salvador Allende Gossens. Había sido electo en 1970 por la Unidad Popular, que aglutinaba desde socialistas y comunistas hasta los sectores más progresistas de la Democracia Cristiana.

El gobierno de Allende inició un amplio proceso de transformación de las estructuras económicas chilenas. Nacionalizó industrias, bancos y reservas naturales, como el cobre y el salitre, promovió una mayor distribución de la riqueza, estrechó lazos con Cuba y creó comités de participación de trabajadores en la gestión de la economía y la producción. También invirtió en salud y educación y lanzó un acelerado proceso de reforma agraria. La CUT (Central Única de Trabajadores, creada en 1953) dio su total apoyo al gobierno, realizando convenios que posibilitaban que los trabajadores participaran de la gestión económica de empresas del sector social o mixta (o sea, empresas total o parcialmente controladas por el Estado).

Pero la oposición seguía estando bien articulada. La Democracia Cristiana (de centro) se alió al Partido Nacional (de derecha) y, juntos, cooptaron organizaciones sociales, federaciones y sindicatos de derecha, promoviendo boicots al gobierno. Ejemplo de ello fueron las paralizaciones de los camioneros, en 1972 y 1973, que debilitaron la infraestructura del país, y ampliaron el descontento de parte de las capas medias de la sociedad contra el gobierno popular.

El 11 de septiembre de 1973, las Fuerzas Armadas golpistas, con el apoyo de la CIA norteamericana, depusieron al gobierno de la Unidad Popular y provocaron la muerte de Allende. El general Augusto Pinochet, promotor del golpe, encabezó una de las más sangrientas dictaduras de América Latina, que encarceló, torturó y causó la muerte (o la desaparición) de miles de personas y provocó el exilio de cerca de una décima parte de la población del país (Witker, 1984).

La persecución del movimiento sindical también fue gigantesca. Desde septiembre de 1973, la CUT fue ilegalizada y, en diciembre, disuelta jurídica y físicamente (en 1988 se creó una nueva CUT –esta vez, Central Unitaria de Trabajadores– en medio de la caída del régimen). En 1976, las huelgas fueron prohibidas por “incitar la lucha de clases”. Se crearon instrumentos legales que pasaron a moldear los “estatutos societarios” de las empresas, o sea, los mecanismos de “integración” del trabajador a la empresa (Witker, 1984). Fuerzas sindicales prohibidas, líderes exterminados, represión brutal a los trabajadores, a los militantes de izquierda y al movimiento obrero: el escenario estaba listo para la primera experiencia más profunda de implementación de las políticas neoliberales en el mundo, o sea, en base a trabajos producidos por economistas de la llamada Escuela de Chicago, Chile adoptó las premisas del neoliberalismo y desencadenó un amplio proceso de privatización de los bienes estatales, apertura comercial, flexibilización de las leyes laborales y de la legislación social.

Dictaduras en el Río de la Plata

Luego de la derrota de las democracias en Brasil y en Chile, el ciclo de las contrarrevoluciones se desplazó hacia la región rioplatense, con el golpe militar de Uruguay, en 1973, y de la Argentina, en 1976.

Desde 1971, Uruguay presentaba un panorama político protagonizado por el recién creado Frente Amplio (FA), que congregaba a comunistas, socialistas y nacionalistas. El objetivo era representar a los sectores populares y a las capas medias, para de ese modo contraponerse a los partidos Nacional y Colorado, voceros de los sectores más conservadores.

La victoria del Partido Colorado, en 1973, facilitó el estallido del golpe en el país, realizado con la connivencia del entonces presidente Bordaberry, que entregó su puesto a los militares. En medio de ese cuartelazo, los trabajadores ocuparon más de quinientas fábricas. En ese clima, la Convención Nacional de Trabajadores (CNT), creada en 1966, lanzó una huelga que, sin embargo, fracasó.

A pesar de la fuerte represión, la resistencia se mantuvo, y a comienzos de los años 80 se crearon varias organizaciones para mantenerla viva. Junto a diferentes movimientos populares, el Plenario Intersindical de Trabajadores (PIT), creado en 1983, presionó para que en 1984 se realizaran elecciones generales que implicaron el retorno a la democracia en el país. A partir del año siguiente, el Plenario adoptó la sigla PIT-CNT, reivindicando la herencia de la antigua central.

A su vez, el golpe militar en la Argentina asumió un estilo similar al chileno, tanto en su brutal represión como en su servilismo a los capitales externos. Por esa razón, se nota que, tanto como la dictadura chilena, la infeliz experiencia argentina representó una anticipación de las políticas neoliberales en América Latina. Entre sus consecuencias más nefastas se puede destacar el proceso de desindustrialización que afectó, cuantitativa y cualitativamente, a la clase obrera y a su sindicalismo. Con el aniquilamiento de las izquierdas revolucionarias, que experimentaron un fuerte crecimiento en el período inmediatamente anterior al golpe, el objetivo era derrotar también la herencia peronista en el sindicalismo, vista como un obstáculo para la internacionalización de la economía.

La excepción peruana

El golpe militar en Perú, en 1968, tuvo como telón de fondo una sociedad en transformación. Desde fines de la década de 1950, el país andino venía experimentando una relativa diversificación de su clase trabajadora, a la vez que se consolidaban importantes núcleos obreros, principalmente en la minería y en la metalurgia. Empresas multinacionales crearon las industrias metal-mecánica y química, e instalaron líneas de montaje en los sectores automotriz, de productos eléctricos y farmacéuticos. La industria pesquera prosperaba. Con todo, el país seguía siendo dependiente del sector agroexportador y, en el campo, aún prevalecía el latifundio.

La izquierda peruana también experimentaba una relativa diversificación, con el surgimiento de organizaciones maoístas y trotskistas. El PC-Unidad, pro-soviético, trató de retomar el poder en la Confederación de Trabajadores de Perú (CTP), dominada por la Alianza Popular Revolucionaria Americana (APRA), pero renunció a esa táctica, y en 1968 fundó la Confederación General de Trabajadores de Perú (CGTP). Ese mismo año, el general Juan Velasco Alvarado dio un golpe militar. Originado en las corrientes militares reformistas, el movimiento tenía características diferentes en relación con los golpes militares proimperialistas del continente. Velasco partía de una ideología nacionalista –“ni capitalista, ni comunista”– y buscaba romper la estructura del poder oligárquico tradicional. Para ello promovió una amplia reforma agraria, aumentó el poder estatal, disminuyó la fuerza de los latifundios, nacionalizó industrias así como la explotación de los recursos naturales (Sulmont, 1984).

Sin embargo, fracasó su llamado a la unión entre capital y trabajo bajo el ideario nacionalista. La clase capitalista se negó a hacer concesiones, y el movimiento obrero, ante un crecimiento económico concentrador y excluyente, intensificó las críticas al régimen promoviendo grandes huelgas. Federaciones importantes –como las de los mineros y metalúrgicos y de los trabajadores de la educación– se desvincularon de la CGTP, que apoyaba al gobierno. Aislado políticamente, Velasco dejó el poder en 1975.

Trabajadores de la construcción, en Lima, Perú (Szymon Kochański/Creative Commons)

 

Divisiones y violencia en Colombia

Las décadas de 1930 y 1940 en Colombia estuvieron marcadas por la fragmentación del movimiento sindical. En 1936, el Partido Comunista fundó la Confederación Sindical de Trabajadores (CST) que, en 1938, pasó a llamarse Confederación de Trabajadores de Colombia (CTC). En 1945 surgió la Confederación Nacional de Trabajadores (CNT) y, al año siguiente, la Unión de Trabajadores de Colombia (UTC), con una orientación apolítica y negociadora, apoyada por la Iglesia Católica. Entre los sectores populares predominaba ampliamente el llamado “movimiento gaitanista”, inspirado en el ex ministro de Trabajo Jorge Gaitán, jefe del Partido Liberal.

En abril de 1948, Gaitán fue asesinado. Este hecho generó una gran rebelión popular, conocida como el Bogotazo, que fue brutalmente reprimida. Pero la violencia continuó. Las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC) optaron por la guerrilla en 1952 y el Ejército de Liberación Nacional (ELN), en 1965. Colombia ingresó en una etapa de guerra civil que se prolongó por muchos años, cuya complejidad se vió agravada por la enorme fuerza y presencia de una economía generada a partir del narcotráfico.

En los años 60 aumentó la fragmentación sindical, con la creación de la Confederación Sindical de Trabajadores de Colombia (CSTC), de inspiración comunista, y de la Confederación General del Trabajo (CGT), vinculada a la Democracia Cristiana. En la década siguiente, CTC, UTC, CSTC y CGT se unieron en torno a un programa conjunto de reivindicaciones, que preveía medidas como el aumento del 50% de los salarios. La convergencia dio como resultado la constitución del Consejo Nacional Sindical, que aglutinaba a las fuerzas sindicales.

Actualmente, las tres grandes centrales sindicales del país –la Central de Trabajadores de Colombia (CTC), la Confederación General del Trabajo (CGT) y la Central Unitaria de Trabajadores (CUT)– enfrentan enormes desafíos asociados a la escalada de la violencia. La Organización Internacional del Trabajo (OIT) señaló a Colombia como el país más peligroso del mundo para la actividad sindical: los homicidios de sindicalistas llegaron a 184 en 2002, a 91 en 2003 y a 94 en 2004. El total de registros de violaciones fue de 688 en 2004 e incluye amenazas de muerte, detención arbitraria, desapariciones y secuestros.

Venezuela: petróleo y bolivarianismo

Riquísima en petróleoVenezuela es codiciada por el imperialismo desde comienzos del siglo XX. Los beneficios provenientes del petróleo fueron los responsables principales del nacimiento de una burguesía dependiente del Estado y sumisa a las grandes empresas extranjeras de prospección y refinamiento de este producto. En algunos momentos, esta burguesía ensayó proyectos de desarrollo nacional, de los que fueron ejemplos la nacionalización del petróleo y la creación de Petróleos de Venezuela SA (PDVSA), nave insignia de la economía venezolana. En determinadas coyunturas se hicieron también concesiones a los trabajadores, elevando su condición de vida (en comparación con los demás países del continente). Eso benefició en especial a los sectores vinculados a la Confederación de Trabajadores de Venezuela (CTV), principal organización sindical del país, que efectuaba una política de conciliación de clases.

Esos beneficios coyunturales a sectores obreros generaron el mito (que se desmoronó en poco tiempo) de que Venezuela sería el país con mayores características socialdemócratas de América Latina. Eso ocurrió en la segunda mitad de los años 70, cuando la crisis del petróleo elevó a las alturas el precio del barril, sustentando la política desarrollista del presidente Carlos Andrés Pérez en su primer mandato (1974-1979). Durante su gobierno, en 1976, se nacionalizó el petróleo y se creó PDVSA. En su segundo mandato, sin embargo, el precio del petróleo cayó y Pérez adoptó medidas impopulares, basadas en los acuerdos con el FMI, como el aumento del precio de la gasolina, el recorte en los gastos públicos, el congelamiento de los salarios, la liberación de los precios y el aumento del precio de los artículos de primera necesidad. La respuesta popular fue la mayor insurrección jamás ocurrida en el país: el Caracazo (1989), una manifestación espontánea, generada en el rechazo al aumento del precio de los buses, con miles de personas tomando las calles de Caracas, construyendo barricadas y bloqueando las vías de acceso a la ciudad. En varios barrios hubo saqueos a los negocios y a camiones que transportaban alimentos. La represión fue violenta: se estima, extraoficialmente, que hubo cerca de mil personas muertas.

El gobierno de Pérez sobrevivió al Caracazo, pero salió completamente debilitado; el presidente fue destituido del cargo en 1993, acusado de corrupción. Esa importante manifestación popular desató un amplio proceso de reorganización de los movimientos sociales. Era grande el descrédito de los partidos tradicionales, principalmente la centrista Acción Democrática (AD) y el COPEI, de derecha. Se estaban gestando las condiciones para el surgimiento, poco tiempo después, del bolivarianismo liderado por el presidente Hugo Chávez, que comenzó a cambiar profundamente la historia de Venezuela.

Reestructuración productiva en el continente

Si las dictaduras militares y los gobiernos civiles y conservadores de los años 70 fueron fuertemente privatistas, algunos casos, como los de Chile y la Argentina, anticiparon las políticas económicas neoliberales. En otros países, como Brasil, el proceso tuvo un fuerte sentido industrializador, ampliando las filas de la clase trabajadora. Ello contribuyó al surgimiento del llamado nuevo sindicalismo, que tuvo como principal líder al entonces metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva.

En ese período, que precedió la vigencia del neoliberalismo en Brasil, hubo un acentuado ciclo de huelgas, decretadas por los obreros industriales (especialmente los metalúrgicos), empleados públicos y diversos otros sectores. Hubo huelgas generales por rama, huelgas con ocupación de fábricas, incontables huelgas por empresas y huelgas generales nacionales. Se asistió también a una significativa expansión del sindicalismo de asalariados medios y del sector de servicios, como bancarios, maestros, empleados públicos, etc. También se organizaron y se fortalecieron los sindicatos y las centrales sindicales. Fue el caso de la Central Única de los Trabajadores (CUT), fundada en 1983 e inspirada, en su origen, en un sindicalismo de clase, autónomo e independiente del Estado. Su surgimiento fue producto de la confluencia entre el nuevo sindicalismo, nacido en el interior de la estructura sindical, y el movimiento de las oposiciones sindicales, que actuaba fuera de la estructura oficial y que combatía su subordinación y verticalismo.

Algo similar pasó en México, donde hubo intensas movilizaciones de maestros, mineros, metalúrgicos, trabajadores de electricidad y varias otras ramas. Otros países como Uruguay, Argentina, Chile, Perú y Colombia también retomaban sus luchas sindicales y obreras.

Especialmente a partir de la década de 1980, el nuevo sindicalismo empezó a sentir los efectos negativos del neoliberalismo y las tendencias regresivas de la reestructuración productiva impuesta por el capital, con todas sus implicancias ideológicas y políticas. Este doble proceso forzó a una redefinición de América Latina ante la nueva división internacional del trabajo en una etapa en que el capital financiero comenzaba a ampliar su hegemonía.

Fue en ese contexto cuando se llevó a cabo la reestructuración productiva en América Latina, con profundas consecuencias para el mundo del trabajo. La aplicación del recetario neoliberal, simultáneamente con la reorganización de la producción, trajo una significativa reducción del parque productivo industrial, cuyo caso ejemplar fue el de la Argentina. El cuadro se definió con la agresiva política de privatización del sector productivo estatal –telecomunicaciones, siderurgia, energía eléctrica, sector bancario, entre otros–, que profundizó la subordinación del continente a los intereses financieros hegemónicos, especialmente los de los Estados Unidos.

Privatización, desregulación, flujo libre de capitales, financierización, tercerización y precarización del trabajo, desempleo estructural, trabajo temporario, parcial y atípico, aumento de la miseria: todas esas prerrogativas de la barbarie neoliberal y de su reestructuración productiva pasaron a caracterizar la vida cotidiana del mundo del trabajo. No fueron pocas las consecuencias nefastas de ese proceso sobre la clase trabajadora, que sufrió mutaciones.

Prácticamente todos los países latinoamericanos dotados de sectores industrializados implementaron en sus empresas los procesos de downsizing, que implicaron la disminución del número de trabajadores y el aumento de las formas de explotación de la fuerza de trabajo. Con ello, el proceso tecnológico e informacional también pasó por serias mutaciones. La flexibilización, la desregulación y las formas innovadoras de gestión productiva se mezclaron con los nuevos procesos productivos basados en la acumulación flexible, o incluso con el llamado toyotismo o “modelo japonés”, que se expandió al capitalismo occidental a partir de los años 70 y, a América Latina, en la década siguiente.

El proceso de reestructuración en el continente presentó un rasgo particular, producto de la superexplotación de la fuerza de trabajo, de los bajos niveles salariales, unidos, en algunas ramas de la producción, a un razonable nivel tecnológico. Esto ocurrió porque los capitales productivos que actúan en América Latina trataron de mezclar la existencia de una fuerza de trabajo “calificada” para operar con los equipos microelectrónicos, manteniendo niveles de remuneración muy inferiores a los de los países centrales –donde las empresas tienen sus sedes–, a todo lo cual se le suman las formas de desregulación, flexibilización y precarización de la fuerza de trabajo. La fórmula favorece enormemente la superexplotación del trabajo, mediante la extracción de plusvalía relativa en combinación con la plusvalía absoluta. Tal combinación se intensificó en las últimas décadas, cuando se hicieron aún más intensos el ritmo y la duración de las jornadas de trabajo. Las maquiladoras (armadoras de artículos prefabricados en otros países) en México y América Central ejemplifican bien esta cuestión.

Marcas del genocidio y reanudación de las luchas

Si Inglaterra fue el laboratorio del neoliberalismo en Europa, la Argentina puede considerarse su equivalente latinoamericano. Con la victoria del peronista Menem y con el plan neoliberal adoptado por su gobierno, la CGT trató de adaptarse al nuevo régimen a través de un “sindicalismo empresarial” que, en gran medida, dio apoyo a la tentativa de destruir social y políticamente al pueblo argentino. La privatización del importante sector estatal, el proceso de desindustrialización, la desregulación de los derechos laborales, la sumisión a los dictámenes del Consenso de Washington y a los Estados Unidos, la dolarización de la economía, la avasalladora corrupción del gobierno, todo ello compuso la imagen de la barbarie neoliberal en la que supo ser la más importante nación latinoamericana.

El repudio a las políticas neoliberales y a la burocracia de la CGT llevó a la formación, en 1992, de la Central de los Trabajadores Argentinos (CTA), básicamente vinculada a los trabajadores estatales y más autónoma en relación con el Estado (Armelino, 2004). La Corriente Clasista Combativa (CCC), minoritaria en el sindicalismo autónomo, que surgió en 1994, fue otra de las organizaciones presentes en esa etapa de reanudación de las luchas sociales.

La lucha contra el neoliberalismo ganó las calles, también en 1994, con marchas de millares de trabajadores, entre ellos los desocupados denominados piqueteros, que afluían desde diferentes puntos del país a Buenos Aires, a fin de expresar su repudio al modelo.

El Movimiento de Trabajadores Desocupados (MTD) y tantos otros comenzaron a organizar piquetes sistemáticos que prácticamente paralizaban la capital. Al mismo tiempo, la CTA elaboró nuevas estrategias de acción, procurando ampliar sus bases mediante la creación de la Federación de Tierra, Vivienda y Hábitat (FTV), con el objetivo de organizar a los sectores populares de desempleados o subempleados.

El movimiento de “fábricas o empresas recuperadas”, que se generalizó en el país, reflejó también las nuevas formas de enfrentamiento entre capital y trabajo. La ocupación de fábricas –o empresas recuperadas– surgió de una situación en la cual los propietarios abandonaban las empresas, como forma de presión por el endeudamiento, etc., y los trabajadores pasaban a administrarlas por medio de dos modalidades principales de control social de la producción: las cooperativas o las empresas estatizadas. Centenares de ejemplos ilustran la situación, pero los casos de Bruckman (textil), de IMPA Fábrica Cultural (tubos) y del Hotel Bauen, los tres de Buenos Aires, y Zanon (cerámica), en Neuquén, y La Toma (supermercado), en Rosario, son particularmente interesantes. En dichas experiencias, los trabajadores llevaron a cabo formas de producción sin dominio, sin control y sin la explotación directa del capital.

La confluencia de dichos movimientos, junto al descontento de las capas medias por la política económica y financiera del gobierno que, en el auge de la crisis, les impidió retirar su dinero de los bancos (el llamado “corralito”), condujo al estallido social y político de diciembre de 2001. Una explosión social depuso al presidente Fernando de la Rúa y a toda una gama de sucesores incapaces de obtener respaldo para permanecer en el poder. La bandera central del movimiento estaba estampada en el lema “¡Que se vayan todos!”, difundido como reguero de pólvora por todo el país.

Del otro lado del Río de la Plata, Uruguay también vivió la desertificación neoliberal. Con la liberalización económica se registró una acentuada desindustrialización (entre 1988 y 1993, por el cual uno de cada cuatro obreros industriales perdió el empleo). Al mismo tiempo, proliferaron las formas de trabajo precario. En 1991, sólo la mitad de la población activa tenía empleos estables, mientras que uno de cada cinco trabajadores tenía un empleo precario o estaba subocupado. En vez de invertir en ciencia y tecnología, las empresas optaron por la informalización del trabajo, expulsando trabajadores formales y creando empresas especializadas en vender servicios, disminuyendo los costos con impuestos y cargas laborales. Ese cuadro dificultó la organización sindical y política de la clase trabajadora.

México: del neoliberalismo al zapatismo

En México, el neoliberalismo fue producto de la degeneración del Partido Revolucionario Institucional (PRI) que, tras varias décadas en el poder, se fue convirtiendo en un partido burgués burocratizado, vertical, institucionalizado e involucrado en la corrupción, hasta constituir un agrupamiento político neoliberal de la peor especie y de frontal oposición al sindicalismo autónomo y de clase.

Electo presidente en 1988, Carlos Salinas de Gortari intensificó la implantación del neoliberalismo en ese país, ya en curso desde comienzos de los años 80. Las medidas adoptadas, que provocaron un gran descontento popular, acarrearon el aumento de la internacionalización y de la subordinación económica y política al imperialismo norteamericano, del cual fue expresión el NAFTA, el acuerdo de “libre comercio” con los Estados Unidos y Canadá. No fue por otro motivo que, simbólicamente, el 1.º de enero de 1994, fecha en que el NAFTA entraba en vigencia, estalló la rebelión en Chiapas, al sur del país. Organizado por el Ejército Zapatista de Liberación Nacional (EZLN, referencia al líder de la Revolución Mexicana Emiliano Zapata), el movimiento congregó a los campesinos, los indígenas y todos aquellos que rechazaban ese camino de “integración” destructiva para la sociedad mexicana. El zapatismo tendría un enorme significado para la resistencia y la lucha de los pueblos de América Latina contra la mundialización de los capitales y su lógica destructiva.

Bajo la presión de los Estados Unidos y los organismos multilaterales como el FMI y el Banco Mundial, los gobiernos siguientes profundizaron las ideologías monetaristas de estabilización financiera y control de las deudas del país, las cuales, mediante severos ajustes fiscales, atraían inversiones externas, de carácter crecientemente especulativo (Soederberg, 2001). El avance de esas políticas neoliberales también fomentó la desestatización y la desnacionalización del parque industrial, con la introducción de las maquiladoras, con el fin de producir y exportar mercancías a bajo precio, en comparación con las de los países de origen. Tales medidas hicieron aún más precaria la situación de la clase trabajadora.

Neoliberalismo: de Collor a Lula

A partir de 1990, con el ascenso de Fernando Collor de Mello, el proceso de reestructuración productiva y el recetario neoliberal empezaron a implantarse en Brasil. El gobierno de Collor tuvo una corta duración, dado que, debido al enorme grado de corrupción que lo caracterizó, terminó siendo depuesto por un vasto movimiento social y político que culminó en el impeachment del presidente en 1992. Luego de ese episodio, y del corto gobierno del vicepresidente Itamar Franco, los dos mandatos presidenciales de Fernando Henrique Cardoso reforzaron la presencia neoliberal. El parque productivo brasileño fue modificado y reducido a raíz de la política de privatización de las empresas estatales. Consecuentemente, se asistió a una modificación del trípode que sustentaba a la economía brasileña, formado por el capital nacional, el capital extranjero y el sector productivo estatal. Se desorganizaba, pues, el patrón productivo estructurado desde la época getulista.

La combinación de neoliberalismo y reestructuración productiva del capital tuvo repercusiones enormes para la clase trabajadora, para el movimiento sindical y para la izquierda brasileña. Las propuestas de desregulación, de flexibilización y de desindustrialización tuvieron un fuerte impulso en la política de corte neoliberal y privatizadora. Paralelamente a la retracción de la fuerza de trabajo industrial, entre las décadas del 80 y el 90 los servicios aumentaron, en promedio, un 50% su participación relativa en la estructura ocupacional, siendo en buena medida direccionados hacia el universo de la informalidad, en especial en el comercio, comunicaciones y transportes. Se amplió de este modo el contingente de subproletarizados, tercerizados y subempleados, o sea, las distintas modalidades de trabajo precarizado.

Aunque en 2002 la victoria electoral y política de Lula y del Partido de los Trabajadores (PT) tuviera un significado real y simbólico muy significativo –puesto que se trataba del triunfo, por primera vez en la historia de Brasil, de una candidatura de origen obrero–, su gobierno, desde los primeros actos, se orientó hacia una clara continuidad con el neoliberalismo. La política económica, por ejemplo, es de evidente beneficio a los capitales financieros. La brutal concentración de la tierra se mantuvo inalterable y, peor aún, aumentó el número de asesinatos en el campo. La más impopular y virulenta medida llevada a cabo por el gobierno del PT fue el desguace del sector previsional público y su privatización a través de la creación e incentivo de los fondos privados de pensión para los empleados públicos. La privatización del sector previsional público fue una imposición del FMI, aceptada sin oposición por el gobierno de Lula, lo que significó una ruptura con importantes franjas del sindicalismo de los empleados públicos.

Esta nueva realidad desalentó y volvió aún más defensivo al nuevo sindicalismo, que se encontraba, por un lado, ante la aparición de un sindicalismo neoliberal, expresión de la nueva derecha, en sintonía con la ola mundial conservadora, del cual Força Sindical (central creada en 1991) es el mejor ejemplo; y, por el otro, ante la inflexión que desde los años 90 se da dentro de la CUT, y que es el hecho de que la central se acerca cada vez más a los modelos del sindicalismo socialdemócrata europeo.

Pero es importante recordar que en ese mismo período se asistió al crecimiento del más importante movimiento social y político de Brasil. Creado en 1984, el Movimiento de los Trabajadores Rurales Sin Tierra (MST) hizo resurgir la lucha de los trabajadores del campo, ampliando su sentido y convirtiéndola en el centro de la lucha política de clases en Brasil.

El MST fue producto de la fusión de la experiencia de la izquierda católica, vinculada a la Teología de la Liberación y a las comunidades eclesiales de base, con militantes formados en el ideario y en una praxis de inspiración marxista, retomando las dos vertientes más importantes de las luchas sociales recientes de Brasil. Tiene como centro de actuación la organización de base de los trabajadores, por medio de ocupaciones, campamentos y asentamientos, sin subordinarse a la acción institucional o parlamentaria. En verdad, el MST se ha convertido en el principal catalizador e impulsor de las luchas sociales recientes y, por los fuertes lazos que mantiene con sectores sociales urbanos, ha posibilitado la reanudación de las acciones sociales masivas en Brasil. De esta forma, el movimiento incorpora cada vez más a los trabajadores de la ciudad, que buscan retornar al campo después de haber sido expulsados por la “modernización productiva” de las industrias. El proceso tiene como resultado una inversión del flujo migratorio en Brasil y una síntesis que aglutina y articula experiencias y formas de sociabilidad provenientes de los mundos del trabajo rural y urbano.

Perú y Colombia

Otro ejemplo emblemático de la política neoliberal de tierra arrasada puede encontrarse en el Perú de la década de 1990, durante el gobierno de Alberto Fujimori. Desde el primer momento, éste trató de atender a los intereses imperialistas y a la clase dominante nacional. Privatizó casi todas las empresas estatales y extinguió la estabilidad en el trabajo. Los altos índices de desempleo provocaron una enorme reducción del nivel de sindicalización, que llegó a menos del 10%, el más bajo de la historia peruana (Rojas, 1997). La flexibilización de las leyes laborales vino acompañada por modificaciones de la base tecnológica y descentralización productiva. Las pérdidas de empleo fueron masivas tanto en el sector privado como en el sector público, originando diferentes formas de trabajo precario mediante el crecimiento de las tercerizaciones y subcontrataciones (Jimenez y Gamarra, 1994).

Ante ese cuadro, la lucha sindical enfrenta grande desafíos, resultado de la fuerte corrosión social de sus bases, golpeadas por los puestos escasos, precarios, eventuales, etc. Además de la CGTP y de la CTP, actúan la Confederación Autónoma de Trabajadores del Perú (CATP), reconocida en 1991, y la Central Unitaria de Trabajadores (CUT), fundada en 1993. Desde 2004, ambas intentan actuar en conjunto.

El caso de Colombia no difiere significativamente del de ningún otro país que haya adoptado políticas neoliberales a partir de la década de 1990. Aquí también hubo un proceso de desregulación financiera, la privatización de importantes empresas del sector público y la flexibilización de la legislación laboral (Buendía, s./d.). Todo ello en medio de un proceso de guerra civil abierta y con una fuerte presencia del narcotráfico en la economía y en la sociedad. No es de extrañar, pues, que la desocupación haya alcanzado a más del 20% de la población en el año 2000, mientras que en 1991 ese porcentaje era de menos del 10%. También se registra una fuerte diferencia en lo que respecta al número de hombres y mujeres desempleados: según el Departamento Administrativo Nacional de Estadística (DANE) del gobierno colombiano, el nivel de desempleo de las mujeres llega al 24,5% mientras que el de los hombres es del 17%. Además, entre la población ocupada, en 2005, había un 59% de trabajadores en el sector informal, mientras que en 1992, el porcentaje era del 54%. En comparación con los trabajadores formales, los informales tienen un promedio de horas trabajadas un poco menor; de esta forma, mientras los formales trabajan en promedio 46 horas por semana, los informales trabajan 44 horas.

En ese contexto de creciente precarización y flexibilización del mercado de trabajo, el movimiento sindical colombiano trata de construir alternativas a las embestidas gubernamentales con el fin de cercenar derechos laborales.

El caso venezolano

En el cuadro general del continente, sólo la Cuba socialista y Venezuela presentan una alternativa claramente antineoliberal, con nítidos contornos anticapitalistas.

La experiencia venezolana reciente es singular en América Latina. Hugo Chávez lideró un movimiento social y político (denominado Movimiento V República) fuera de los marcos de la izquierda tradicional, ganando las elecciones presidenciales en 1998, con el 56% de los votos. El mismo día que asumió, convocó a un plebiscito tendiente a la instauración de una Asamblea Constituyente. La nueva Constitución fue aprobada ese mismo año; se trata de un texto constitucional avanzado, que prevé la posibilidad de remover, mediante referendo, a las autoridades cuyo desempeño se considere insatisfactorio.

Desde el primer momento, la oposición burguesa y oligárquica –capitaneada por los dirigentes sindicales de la CTV, por los medios de comunicación privados y por la poderosa federación empresarial Fedecámaras–, ostensiblemente apoyada por los Estados Unidos, ha sido implacable con el gobierno de Chávez.

Hubo tres grandes acciones para tratar de derrocar al presidente. En abril de 2002, un golpe militar fue rápidamente frustrado por la monumental movilización popular que exigía el retorno de Chávez. En diciembre del mismo año, fuerzas de la reacción desencadenaron un lock-out en PDVSA, que duró cerca de dos meses, tratando de desestabilizar al gobierno. Este, sin embargo, derrotó a los golpistas por segunda vez. En su tercera tentativa, en noviembre de 2003, la oposición juntó firmas para convocar a un referendo revocatorio del mandato del presidente. El referendo se realizó, y le dio a Chávez el 59% de los votos.

El rasgo distintivo, que preservó al gobierno de las sucesivas amenazas contrarrevolucionarias, fue dado por el crecimiento de los círculos bolivarianos –organizaciones populares que apoyaban el liderazgo de Chávez y estaban diseminadas por todo el país–. El movimiento, inicialmente tratado en forma desdeñosa por los medios internacionales, se transformó en la única alternativa innovadora y progresista en el cuadro del poder político de América Latina. En medio de su confrontación con el imperialismo, Venezuela despuntó como el único país que logró frenar las reformas neoliberales mediante un proceso que garantizó y amplió los derechos de los trabajadores, realizando una significativa reforma agraria, avanzando en las formas de producción social –cooperativas y empresas colectivas– y, principalmente, buscando alternativas inspiradas en los valores del socialismo. Por todo ello, la patria de Bolívar asume actualmente un papel tan fundamental para los pueblos de América Latina.

Diseñando la nueva morfología del trabajo

¿Cuáles fueron las principales consecuencias del neoliberalismo y de la reestructuración productiva para la clase trabajadora latinoamericana? ¿Cuál es el diseño de la nueva morfología del trabajo?

A continuación se presentan, de manera resumida, algunas de las principales tendencias, recordando siempre que éstas tienen particularidades y singularidades a veces distintas.

1) Con la retracción del binomio taylorismo/fordismo, desde los inicios de la reestructuración productiva del capital a escala global, se viene dando una reducción del proletariado industrial, fabril, tradicional, manual, estable y especializado, heredero de la era de la industria verticalizada. El espacio abierto por la disminución de ese proletariado más estable viene siendo ocupado por formas desreguladas de trabajo.

2) Es posible verificar el crecimiento de un nuevo proletariado fabril y de servicios, presente en las diversas modalidades de trabajo precario. Son los tercerizados, subcontratados, part-time, entre tantas otras formas semejantes, que se expanden a nivel global, producto de la creciente desestructuración del Welfare State en los países del Norte y del aumento de la desregulación del trabajo en los países del Sur. En 2005, de un total de 80 millones de trabajadores, cerca del 60% se encontraban en situación de informalidad en Brasil. En otros países la situación es similar o aún más grave: México, la Argentina y Chile presenciaron significativos procesos de desindustrialización, teniendo como resultado la expansión del trabajo precarizado, parcial, temporario, tercerizado, informalizado, etc., además de enormes niveles de desempleo (Sotelo, 2003).

3) Crece el trabajo femenino, que ya alcanza más del 40% de la fuerza de trabajo en diversos países. Las mujeres, en promedio, cobran salarios inferiores a los de los hombres y gozan de menos derechos sociales y laborales. En Brasil, el salario medio de las mujeres gira en torno del 60% del salario de los trabajadores de sexo masculino (Nogueira, 2004).

4) Hay un acentuado crecimiento del “sector servicios”, que inicialmente incorporó a muchísimos trabajadores expulsados del mundo productivo industrial. Cabe recordar que los servicios están cada vez más sometidos a la lógica de los mercados. El resultado es el crecimiento del desempleo también en ese sector, tal como se puede ver en la drástica reducción del contingente de trabajadores bancarios en América Latina.

5) Hay una creciente exclusión de los jóvenes que alcanzaron la edad de ingreso al mercado de trabajo formal. Así, terminan engrosando las filas de los desocupados y de los trabajadores precarizados. Lo mismo ocurre con los trabajadores que el capital considera “viejos”. Excluidos a los cuarenta años de edad, difícilmente consiguen reingresar al mercado de trabajo y también terminan por sumarse a los contingentes de trabajadores informales.

6) Paradójicamente, el mundo del trabajo se ha valido de la inclusión precoz y criminal de niños en las más diversas actividades productivas, no solamente en América Latina.

7) Como una consecuencia de las tendencias señaladas en los puntos anteriores, crece el llamado tercer sector, que asume una forma alternativa de ocupación, a través de empresas con perfil comunitario. Entre las empresas que actúan en trabajo voluntario predominan las de tipo asistencial, sin fines comerciales o lucrativos directos y que se mueven relativamente al margen del mercado. La expansión de ese sector es una consecuencia de la retracción del mercado de trabajo industrial y de servicios, en un cuadro de desempleo estructural. Esa forma de actividad social, movida predominantemente por valores no mercantiles, experimenta cierto crecimiento, con los trabajos realizados dentro de las ONG y organismos similares. Sin embargo, no llega a constituir una alternativa efectiva y duradera al mercado de trabajo capitalista. En Brasil ésta abarcaba, en 2005, aproximadamente 20 millones de trabajadores.

8) Crece el trabajo domiciliario, propiciado por la desconcentración del proceso productivo y por la expansión de las pequeñas y medianas unidades productivas. La telemática (o teleinformática), por ejemplo, es una modalidad de trabajo, generalmente realizada por mujeres, que nació de la convergencia entre los sistemas de telecomunicaciones por satélite y por cable, juntamente con nuevas tecnologías de información y la microelectrónica, posibilitando a las empresas trasnacionales un enorme crecimiento y agilización de sus actividades. De este modo, el trabajo productivo realizado en el domicilio se mezcla con el trabajo reproductivo doméstico, aumentando las formas de explotación del contingente femenino, cuya realidad está signada por la doble jornada laboral.

Ése es, por lo tanto, el diseño complejo, heterogéneo, polisémico y multifacético que caracteriza a la nueva morfología de la clase trabajadora. Además de las diferencias entre trabajadores estables y precarios, hombres y mujeres, jóvenes y viejos, nacionales e inmigrantes, blancos y negros, calificados o no calificados, incluidos y excluidos, etc., hay también estratificaciones y fragmentaciones que se acentúan con la creciente internacionalización del capital.

Para entender mejor dicha imagen, es necesario tomar en cuenta la totalidad de la clase trabajadora, el enorme contingente de hombres y mujeres que viven de la venta de su fuerza de trabajo, sin restringirse a los trabajadores manuales directos. Esa concepción debe incorporar la totalidad del trabajo social –la totalidad del trabajo colectivo que vende su fuerza de trabajo como mercancía a cambio de salario– y también el contingente restante de fuerza de trabajo que no encuentra empleo, debido a la lógica destructiva que preside la sociedad capitalista.

Dos trabajadores de la construcción desempleados piden trabajo, en la Ciudad de México, en 2009 (Wikimedia Commons)

 

Desafíos

Las mutaciones que se han dado dentro del mundo del trabajo en América Latina proponen algunos desafíos para los sindicatos, para los demás organismos de representación de clase y para los propios movimientos sociales.

1) El primero de ellos, fundamental para la supervivencia de lo sindicatos, será romper la enorme barrera social que separa a los trabajadores “estables” –en franco proceso de disminución– de los trabajadores de tiempo parcial, precarizados, subproletarizados –en significativo crecimiento–. Por lo tanto, los sindicatos deben empeñarse en organizar a los trabajadores desempleados, como lo viene intentando, por ejemplo, la CTA en la Argentina.

2) Los sindicatos deben lidiar con tres dimensiones estrechamente relacionadas entre sí: de género, generacional y étnica. Deben articular las cuestiones de clase con las referentes al género, a fin de garantizarles a las mujeres trabajadoras el derecho a la autoorganización. De ese modo se revertirá el cuadro prevaleciente en la fábrica fordista, en el cual históricamente las mujeres estuvieron excluidas del espacio sindical, dominado por los hombres.

Del mismo modo, los sindicatos deben abrirse a las aspiraciones de los jóvenes trabajadores. También deben sumar a los trabajadores de las distintas razas y etnias (indios, negros, inmigrantes), a quienes se destinan, en general, los trabajos más precarizados. Para que esto ocurra de verdad, es imprescindible e impostergable la eliminación de todo resquicio de tendencias xenófobas, ultranacionalistas, racistas y de connivencia con actos discriminatorios de cualquier orden.

3) Los sindicatos también deben incorporar los amplios contingentes del nuevo proletariado, que vende su fuerza de trabajo en las empresas de telemarketing, supermercados y otros tantos sectores por donde se amplía el universo de los asalariados, muchos de ellos sin ninguna experiencia de actuación en la organización sindical. Por lo tanto, las nuevas ramas de trabajadores y trabajadoras, sin tradición anterior de organización, deben estar representadas.

4) Los sindicatos deben romper radicalmente con todas las formas de neocorporativismo, que privilegian a sus respectivas ramas laborales, disminuyendo o abandonando sus contenidos más claramente clasistas. No sólo del corporativismo de tipo estatal, sino también de un neocorporativismo societario, crecientemente asimilado por el sindicalismo contemporáneo. Y esa forma de organización sindical es aún más excluyente, pues acentúa el carácter fragmentado de la clase trabajadora, en sintonía con los intereses del capital, que tratan de cultivar el individualismo y la alternativa personal, contra los intereses solidarios, colectivos y sociales.

5) Es decisivo para el sindicalismo de clase romper también con la creciente tendencia a la institucionalización y burocratización, que ensancha el foso entre las instituciones sindicales y los movimientos sociales autónomos. Las experiencias del sindicalismo de base y de clase –contra la moderación, burocratización e institucionalización de muchas centrales sindicales dominantes– son ejemplos de esa imperiosa necesidad de retomar la base social de los sindicatos.

6) También es fundamental revertir la tendencia, desarrollada a partir del toyotismo, que consiste en restringir el sindicato al ámbito exclusivamente fabril, al llamado “sindicalismo de empresa”, de perfil patronal, más vulnerable y vinculado al capital.

7) La empresa fordista, que se desarrolló a lo largo del siglo XX, era muy verticalizada y tuvo como resultado un sindicalismo igualmente verticalizado. La empresa toyotista es más horizontalizada, en tanto se estructura en redes, valiéndose excesivamente de los mecanismos de las tercerizaciones. Un sindicato verticalizado está imposibilitado para enfrentar los desafíos de clase en el capitalismo contemporáneo. Por eso, el sindicalismo debe estructurarse de manera más horizontal, lo que significa estar más organizado por la base, incorporando al amplio conjunto que comprende a los trabajadores de hoy en día –la clase-que-vive-del-trabajo–, desde los más “estables” hasta aquellos que están en el universo más precarizado y “tercerizado”, en la informalidad, o entre los desempleados (Antunes, 1999 y 2005).

8) Si la clase trabajadora actual es más compleja y heterogénea que la del período de expansión del fordismo, el rescate del sentido de pertenencia de clase, contra las innumerables fracturas, objetivas y subjetivas, impuestas por el capital, es hoy el más decisivo desafío.

9) A partir de la expansión del capital a escala global y la nueva forma que asumió la división internacional del trabajo, las respuestas del movimiento de los trabajadores latinoamericanos deben tener cada vez más un sentido universalizante, de acción, solidaridad y confrontación.

10) Hay, además, otro desafío fundamental: la clase trabajadora debe romper la barrera, impuesta por el capital, entre acción sindical y acción parlamentaria, entre lucha económica y lucha política, articulando y fusionando las luchas sociales, extraparlamentarias, autónomas, que dan vida a las acciones de clase. Como el capital ejerce un dominio extraparlamentario, es una grave equivocación querer derrotarlo con acciones que se restrinjan o privilegien el ámbito de la institucionalidad.

Para concluir, se pueden plantear dos preguntas. ¿Los trabajadores andinos, amazónicos, indígenas, negros, hombres y mujeres de campos y ciudades, no estarían demostrando que América Latina no está más dispuesta a soportar la barbarie, el servilismo, la inequidad, la miseria y la indignidad en el mundo del trabajo y en la vida?

¿En este umbral del siglo XXI, no estaríamos presenciando el agotamiento del neoliberalismo en el continente y la consecuente afloración de un nuevo ciclo de luchas y rebeliones populares, urdido por la acción de las fuerzas asociadas al trabajo, que comienza nuevamente a soñar con una sociedad libre, verdaderamente latinoamericana, emancipada y socialista?

Evolución de las remuneraciones medias reales de América Latina y del Caribe
Índices medios anuales de 1995 = 100

1980 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000*
Argentina 128,8 99,1 100,4 101,7 100,4 101,1 100 99,9 99,3 99,0 98,2 106,2
Bolivia 57,6 87,6 82,1 85,5 91,2 98,5 100 100,4 107,3 111,5 118,5 115,9
Brasil 94,6 103,5 86,5 85,1 93,1 95,5 100 110,5 114,3 115,7 110 104,8
Chile 77,2 80,9 84,9 88,7 91,8 96,1 100 104,1 106,6 109,5 112,1 113,7
Colombia 80,7 94,9 92,4 93,5 97,9 98,8 100 101,5 104,2 102,8 105,9 115,7
Costa Rica 104 89,8 85,6 89,2 98,3 102 100 97,9 98,7 105,5 111,6 110,1
Ecuador 88,3 65,4 68,4 74,2 83,5 90,9 100 105,4 103 98,9
Guatemala 88,7 77,1 72,1 82,9 88,8 89,3 100 109,6 112,7 116,7 123,5
México 113,1 88,1 93,8 100,7 109,7 114,9 100 90,1 89,1 91,5 92,4 99,1
Nicaragua 390,8 81,8 84,5 100,5 93,3 98,2 100 97,9 97,7 104,9 109,4 111,3
Paraguay 89,5 87,7 91,8 90,9 91,7 93,0 100 103,1 102,6 100,7 98,6 99,9
Perú 265,0 85,7 98,7 95,2 94,4 109,2 100 95,2 94,5 92,7 90,8 91,4
Uruguay 99,5 91,7 95,2 97,3 102 102,9 100 100,6 100,8 102,7 104,3 102,9
Venezuela 302,4 138,1 130,1 136,5 124,4 104,8 100 76,7 96,3 101,5 92,8 98,3
Fuente: CEPAL: Estudio Económico, 1999-2000 y 2003-2004*.
Obs.: Informaciones sobre fuentes primarias y metodología de cálculo (incluidos eventuales cambios) se encuentran en la base de datos o en los documentos indicados.

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Conteúdo atualizado em 30/05/2017 11:07Por Ricardo Antunes

El continente latinoamericano nació bajo la égida del trabajo. Antes de la presencia europea, las poblaciones nativas poseían una economía básicamente de subsistencia, que producía alimentos agrícolas, valiéndose de la caza, de la pesca, del extractivismo agrícola y de la minería, entre otras actividades. En esa etapa, el trabajo colectivo era el pilar de la producción, y la apropiación de sus frutos era beneficio de la comunidad en general.

Ese cuadro se transformó desde fines del siglo XV, con el proceso de colonización impulsado por la expansión comercial que caracterizaba a la acumulación primitiva en curso en Europa. El territorio americano pasó a ser codiciado por la naciente burguesía mercantil y los Estados nacionales recién constituidos en el viejo continente. Españoles, portugueses, franceses y otros pueblos crearon, desde el comienzo, colonias de explotación dedicadas a incrementar el proceso de acumulación primitiva de capital que se llevaba a cabo en los países centrales. Solamente los ingleses, en algunas regiones de América del Norte, crearon colonias de poblamiento, es decir, receptoras de la población europea excedente, envuelta en cuestiones éticas y religiosas.

En un primer momento, la sociedad colonial explotó la fuerza de trabajo indígena, esclavizada u obligada a prestar obligatoriamente servicios en las plantaciones y en las minas. Por ejemplo, en la América española existía el sistema conocido como encomienda, por el cual el colono se comprometía a asegurar la subsistencia de los nativos, apropiándose del trabajo de éstos. Después se difundió el trabajo esclavo africano, resultado de un intenso tráfico humano de África hacia América, controlado por las nacientes burguesías comerciales europeas. Fue a partir de dicho intercambio comercial que surgió el esclavismo colonial, una modalidad de trabajo llevada a cabo en los territorios dedicados prioritariamente a la producción agrícola (la plantation) y al ingenio que producía el azúcar comercializado en Europa.

La diversificación de las actividades productivas y la constitución del mercado interno crearon las condiciones para la implantación del trabajo asalariado en América Latina. Sin embargo, esa modalidad recién sería adoptada a lo largo del siglo XIX, cuando la expansión del capitalismo industrial (especialmente el inglés) exigió la ampliación del mercado consumidor, a través del pago de salarios a los trabajadores.

Durante casi toda su historia, el mundo colonial latinoamericano fue también escenario de la rebeldía de los esclavos negros que luchaban por su emancipación. Basta recordar la majestuosa Revolución de los Negros de Haití, en 1791 –pionera en la abolición del trabajo esclavo– o el Quilombo dos Palmares –rebelión de esclavos en Brasil, que llevó a la formación de una comunidad negra libre, durante los años 1630-1685–. Además, el predominio agrario en los siglos de la colonización permitió el desarrollo, en varias regiones, de un numeroso campesinado, que más tarde encabezaría las luchas sociales como la Revolución Mexicana.

En el siglo XIX comenzó a desarrollarse el tránsito de las sociedades rurales a las urbano-industriales, y con éste varios países latinoamericanos comenzaron a generar los primeros contingentes de trabajadores asalariados, vinculados tanto a las actividades agrario-exportadoras, como el caso de la producción de café en Brasil, como a las actividades manufactureras e industriales. En la Argentina Uruguay –exportadores de carne y derivados–, los trabajadores encontraban ocupación en los frigoríficos, la principal fuente de actividad productiva.

Cuanto más las economías agroexportadoras –propias del mundo mercantil– se vinculaban al universo capitalista, más evidente se hacía la necesidad de incrementar las actividades industriales. Así pues, inicialmente, la diversificación de dichas actividades surgió de las demandas de la propia economía agroexportadora, que carecía de industrias textiles, alimenticias, metalúrgicas, etc. Poco a poco éstas se volvieron más autónomas, suplantando a las actividades rurales que les habían dado origen. O sea, la industria fue impulsada por la demanda interna y por las necesidades de acumulación de las burguesías nacientes.

Trabajo asalariado y sindicalismo

En ese marco histórico y estructural, plasmado particularmente a partir de la segunda mitad del siglo XIX, empezó a formarse la clase trabajadora latinoamericana, que se centraba principalmente en las regiones mineras de extracción de salitre, cobre, carbón, gas, petróleo, en la industria textil, en los servicios portuarios y ferroviarios, en la construcción civil y en pequeños establecimientos fabriles. Muchos de sus integrantes eran europeos que habían venido al continente americano (principalmente a Brasil, la Argentina y Uruguay) en busca de trabajo.

Sometidos a una intensa explotación, esos trabajadores se reunían en torno a las primeras asociaciones obreras, como las sociedades de socorros mutuos, las uniones obreras y, posteriormente, los sindicatos, organizados por rama profesional (los sastres, los panaderos, los gráficos, los metalúrgicos, los ferroviarios, los portuarios, etc.)

Es importante destacar que en América Latina las experiencias de trabajo artesanal, e incluso manufacturero, fueron muy distintas de las vividas en Europa. Allí se dio una transición secular que tuvo comienzo en el artesanado, avanzó hacia la manufactura y, posteriormente, hacia la gran industria. En América del Norte, que no conoció la vigencia del sistema feudal, dicho proceso fue mucho más rápido, ya que en muchos países se saltó casi directamente de la esclavitud a las formas de trabajo asalariado industrial.

Fue en ese escenario donde germinaron las influencias anarquistas (o anarcosindicalistas) y socialistas, y se asistió también a las primeras manifestaciones obreras con el estallido de las primeras huelgas que paralizaron las diferentes ramas laborales. Las organizaciones sindicales de la Argentina, por ejemplo, nacieron de las sociedades de resistencia, que agrupaban a trabajadores por oficio. En ese país, las disputas entre socialistas y anarquistas ya estaban presentes desde la conmemoración del 1° de Mayo, en 1890, cuando los socialistas buscaban la reglamentación de las condiciones de trabajo por la acción del Estado, y los anarquistas, contrarios a las reformas estatales, proponían la ruptura con el sistema.

En realidad, el socialismo reformista, bajo la influencia de la II Internacional, no tuvo en América Latina, salvo escasas excepciones, una presencia comparable a la de los anarquistas o libertarios. Éstos privilegiaban la acción directa, sin la mediación político-partidaria: los sindicatos eran prácticamente la única forma de organización que aceptaban. El anarcosindicalismo fue fuerte en Argentina, Brasil y Uruguay –países en los cuales la clase trabajadora industrial estaba en gran medida compuesta por inmigrantes llegados de Italia y España, países donde predominaba la tradición libertaria–, y marcó su presencia, con mayor o menor intensidad, en ChilePerú Bolivia.

El proyecto comunista

La hegemonía del anarcosindicalismo se extendió hasta las dos primeras décadas del siglo XX. Luego del triunfo de la Revolución Rusa (1917), sin embargo, el continente vio florecer una nueva forma de organización política de los trabajadores, representada por los partidos comunistas.

En Chile, en 1920, el Partido Obrero Socialista (POS) inició su conversión en Partido Comunista, y se incorporó a la III Internacional Comunista en 1928. En 1921 se fundó el Partido Comunista Argentino. En el caso del Partido Comunista de Brasil (PCB), creado en 1922, la casi totalidad de los dirigentes se habían forjado en las batallas anarcosindicalistas. En Perú, bajo el liderazgo de José Carlos Mariátegui, el más significativo y original marxista latinoamericano de su generación, en 1928 se dio la creación del Partido Socialista, que en 1930 pasó a llamarse Partido Comunista Peruano (PCP). El mundo del trabajo comenzaba a estructurarse como fuerza política de perfil partidario.

La ilegalidad marcó la vida de la mayoría de los Partidos Comunistas, que no eran aceptados en la arena política, todavía predominantemente oligárquica, excluyente, autocrática, en muchos casos dictatorial. Desde el cubano José Martí hasta el peruano Mariátegui, pasando por el brasileño Astrojildo Pereira, el pensamiento revolucionario latinoamericano, con todas las limitaciones de la época, buscaba, en su práctica y reflexión, comprender la especificidad del continente y transformar, por la vía revolucionaria, su formación social.

El empeño mayor de los comunistas estaba dirigido a fundir la lucha social y la lucha política. O sea, además de actuar en los sindicatos, le dieron prioridad a la creación de partidos obreros que pudieran representar una alternativa de poder y participar activamente en la lucha política, incluso a nivel electoral. Sea surgiendo a partir del propio anarcosindicalismo, como fue el caso de Brasil, o bien diferenciándose del socialismo reformista, como en la Argentina y en la mayoría de los países latinoamericanos, los partidos comunistas poco a poco extendieron su influencia.

El surgimiento de los partidos comunistas se dio en un momento en que el movimiento obrero latinoamericano luchaba por conquistar una legislación social que garantizara sus derechos. Es lo que se puede constatar en las innumerables huelgas que se desataron: como la Huelga General de 1917, en Brasil, y la de 1918, en Uruguay, o incluso las huelgas contra la Tropical Oil (1924 y 1927) y contra la United Fruit Company (1928), ambas en Colombia. Esta última terminó en huelga general, con la adhesión de cerca de 30.000 trabajadores.

El continente presenció también el florecimiento de luchas sociales de mayor magnitud, uno de cuyos principales ejemplos fue la Revolución Mexicana de 1910, cuya Constitución de 1917 incorporó la conquista de la reglamentación de los derechos laborales, estableciendo desde jornadas y salarios hasta la prestación de servicios sociales, además de la libertad de organización, movilización sindical y derecho de huelga, así como la formulación de una significativa reforma agraria. Contraria a las oligarquías y al liberalismo excluyente que marcaba el dominio burgués en la región, la revolución anticipaba derechos que sólo mucho más tarde se generalizarían en América Latina.

Una fábrica de habanos en Cuba, en 2008 (Berg_chabot/Creative Commons)

 

Taylorismo y fordismo en América Latina

Con el desarrollo del capitalismo industrial que experimentó en especial la industria automovilística norteamericana de comienzos del siglo XX, florecieron los procesos de organización del trabajo conocidos como taylorismo y fordismo, que terminaron por conformar el diseño de la industria a escala planetaria. Sus elementos centrales pueden resumirse de esta manera:

  • vigencia de la producción masiva, realizada mediante una línea de montaje y una producción más homogénea;
  • control de los tiempos y movimientos, mediante el cronómetro taylorista y la producción en serie fordista;
  • existencia del trabajo parcelario y de la fragmentación de funciones;
  • separación entre la elaboración, cuya responsabilidad se atribuía a la gerencia científica, y la ejecución del proceso de trabajo, efectivizada por el obrero en la planta;
  • existencia de unidades fabriles concentradas y verticalizadas.

Ese modelo productivo, en mayor o menor escala, se expandió por las más variadas ramas de la industria y los servicios de los países latinoamericanos que en ese momento probaban desarrollar un ciclo industrial. Fue uno de los factores responsables de la constitución, expansión y consolidación de la clase obrera, desempeñando un papel de enorme importancia en los conflictos sociales. El Cordobazo de 1969, en la Argentina, y las huelgas obreras del ABC paulista de 1978-1980 fueron las expresiones avanzadas de las luchas sociales del proletariado que se había formado bajo la égida del taylorismo y el fordismo.

Fue mediante esa forma de producción como la gran industria capitalista se pudo desarrollar. Sin embargo, hay que destacar que, dada la particularidad de la subordinación y dependencia estructural del capitalismo latinoamericano en relación con los países centrales y hegemónicos, aquí el camino hacia el mundo industrial se realizó de manera tardía, o incluso hipertardía, si se lo compara con los procesos vividos en los Estados Unidos y Europa occidental. Y lo hizo sustentado en un enorme proceso de superexplotación del trabajo, que combinaba, en forma intensificada, la extracción absoluta y relativa del trabajo excedente, ofreciéndole al capital altos niveles de plusvalía.

Paralelamente al nacimiento y a la expansión de la industria de base taylorista y fordista, se estructuró en buena parte del continente un complejo proceso sociopolítico. Además de la confrontación directa y antagónica entre capital y trabajo, afloró también otra contradicción, dada por la existencia de dos proyectos claramente distintos y alternativos. Uno de esos procesos era nacionalista y seguía bajo el mando de sectores de las burguesías nativas en alianza con segmentos de las clases populares y/o sus representantes políticos. El otro era favorable a la internacionalización de la economía y estaba liderado por los diversos sectores burgueses vinculados al imperialismo.

El naciente Estado burgués latinoamericano osciló entre los dos proyectos y trató de incorporar, en sus políticas, elementos de ambos, en diversa graduación según cada país. Al mismo tiempo, procuró abrir canales de control de los trabajadores, pretendiendo “integrarlos” al orden burgués. Se trataba de crear organizaciones sindicales oficialistas a fin de frenar las luchas sociales autónomas desencadenadas por las corrientes revolucionarias del movimiento obrero.

El peronismo en la Argentina, el getulismo en Brasil y el cardenismo en México, entre otros ejemplos importantes, fueron fenómenos políticos insertos en la expansión industrial latinoamericana. Guardando las diferencias relativas a las singularidades de cada país, se puede decir que los tres pretendieron atraer a las clases trabajadoras hacia el ámbito estatal, politizando la cuestión social, aunque para ello se valieran de la represión y de la práctica de la división en el interior del movimiento obrero. Juan Domingo Perón Getúlio Vargas, en especial, para viabilizar sus respectivos proyectos industriales nacionalistas, consolidaron su liderazgo entre la clase obrera urbana-industrial, presentándose como conductores de un gobierno capaz de ofrecer concesiones a la clase trabajadora: un verdadero Estado benefactor. Vamos, entonces, a rescatar algunos de sus rasgos más importantes.

Longevidad y contradicciones del peronismo

En la Argentina, el peronismo fue el responsable del nacimiento de una concepción laborista que tuvo una enorme influencia sobre el sindicalismo y el movimiento obrero en ese país. Dicho proceso comenzó en 1943, con un golpe de Estado que designó al coronel Juan Domingo Perón en la Secretaría de Trabajo. La fecha marcó una línea divisoria en la relación entre el Estado y el movimiento obrero, mediante un complejo proceso de apoyo y cooptación que tenía como contrapartida la institucionalización de los derechos sociales de la clase trabajadora, así como la mejora de sus condiciones de vida.

En 1945, poco después de que Perón fuese separado del gobierno y llevado a prisión por los militares contrarios a su política, la Confederación General del Trabajo (CGT) organizó grandes manifestaciones para su liberación. Dada la fuerte presión popular, fue liberado y, en 1946, electo presidente de la Argentina. Éste consolidó una alianza entre los intereses burgueses nacionalistas y laboristas, mediante un proyecto ideológico y político que contaba con el apoyo de la CGT. Esa central se transformó en el principal canal de sustentación sindical del peronismo, que se estructuraba políticamente a través del Partido Justicialista. Sobre la base de esa estructura dual, el peronismo creó sólidos vínculos con los movimientos sindical y obrero.

A lo largo de su trayectoria, el peronismo se caracterizó por la conciliación de clases, cimentada en el nacionalismo y en la férrea vinculación de los sindicatos con el Estado, además de reprimir las acciones sindicales que trataban de mantenerse al margen del oficialismo justicialista.

Dicha estrategia colocó al movimiento sindical bajo tutela, tanto en el campo político e ideológico como en el espacio de las acciones de corte laboral, promoviendo un sindicalismo jerárquicamente sometido a las determinaciones oficiales y a una práctica negadora de la democracia obrera y de las acciones autónomas de clase. De ese modo, se manifestó una fuerte concepción estatista, según la cual las relaciones entre el movimiento obrero y el Estado debían ser mediadas por la figura del líder. Fue tan intensa esa vinculación que aún hoy el peronismo encuentra respaldo en el movimiento sindical argentino, que se reivindica heredero de aquél.

En 1955, un golpe militar, apoyado por la Iglesia Católica y los sectores oligárquicos y burgueses más conservadores y tradicionales, derrocó al gobierno peronista. En los años siguientes, mientras la CGT trataba de organizar la resistencia, preparando el retorno del líder exiliado, se produjeron cambios en la estructura de la clase trabajadora argentina, marcada sobre todo por una mayor heterogeneidad interna, consecuencia de la expansión y diversificación de la industria de bienes de consumo durables (Cavarozzi, 1984).

En el transcurso de los años 60, dichos cambios contribuyeron, por un lado, a que el peronismo perdiera parte de su capacidad movilizadora, aunque preservase su fuerza en el aparato sindical, cada vez más burocratizado y verticalizado, y que frecuentemente recurría a las prácticas de una auténtica mafia sindical. Por otro lado, prepararon el terreno para un nuevo ciclo de enfrentamientos, organizados por los obreros y los sectores sindicales más combativos, con una importante participación del movimiento estudiantil. En mayo de 1969, el llamado Cordobazo marcó un fuerte momento de las luchas obreras, con la eclosión de una huelga general de nítido carácter clasista en Córdoba, segunda mayor ciudad industrial del país. Además de enfrentar directamente a las fuerzas patronales, ese movimiento desgastó al régimen militar que en esa época gobernaba la Argentina.

El Cordobazo abrió camino para el retorno de Perón al país y al poder, con su victoria electoral de 1973. Pero el contexto político y social era muy diferente del de 1945. La CGT estaba dividida en varias tendencias. En el movimiento peronista también actuaban diferentes corrientes políticas, entre las cuales se destacaban los montoneros, de perfil antiimperialista y nítidas posiciones de izquierda. Además, la muerte del líder en 1974 entronizó en el gobierno a la vicepresidenta Isabel Perón, su segunda esposa (personaje completamente diferente de Evita, su primera mujer, ésta sin duda dotada de enorme carisma). El fracaso político y económico de esa nueva etapa del peronismo llevó a un nuevo golpe militar, en marzo de 1976, transformado en una dictadura que torturó y asesinó a millares de jóvenes militantes, obreros, sindicalistas y estudiantes. Se intervinieron los sindicatos, y la CGT fue declarada ilegal. Ello generó una fractura en el interior de la central, creándose dos vertientes: una corriente sindical más crítica (CGT-Brasil) y la otra más conciliadora (CGT-Azopardo). El peronismo, sin embargo, siguió estando presente en el movimiento sindical y junto a los trabajadores durante un largo período y fue responsable de muchas huelgas generales contra la dictadura militar, a comienzos de los años 80.

La seducción getulista

El largo período del gobierno de Getúlio Vargas (conocido por getulismo o varguismo) tuvo momentos muy diferentes. La Revolución de 1930 posibilitó la formación de un movimiento político-militar que fue más que un golpe y menos que una revolución, y que generó el desarrollo de un proyecto industrial anclado en un Estado fuerte y en el nacionalismo. En la esfera política, particularmente luego del golpe del Estado Nuevo en 1937, el getulismo asumió un carácter claramente dictatorial, tendencia presente en forma embrionaria desde 1930.

Un aspecto central del getulismo fue la adopción de una legislación laborista, considerada esencial para viabilizar el proyecto de industrialización. Hacía décadas que los trabajadores brasileños luchaban por el derecho a las vacaciones, por la reducción de la jornada laboral, por el descanso semanal remunerado, entre otras reivindicaciones. Vargas, al atender dichas demandas, procuró presentarlas como una dádiva.

Con ello, el sindicato de la era Vargas se transformó en un organismo esencialmente asistencialista, con centros de salud, servicios, esparcimiento, etc. El impuesto sindical, creado durante ese período, garantizaba los recursos para el mantenimiento de los sindicatos y la ley de encuadramiento sindical permitía que el Estado controlara la creación de nuevas asociaciones. De este modo, se consolidó una forma de estatismo sobre los sindicatos obreros, vigilados de cerca por el Ministerio de Trabajo, que trataba de impedir su accionar autónomo. Fue así como se desarrolló el laborismo getulista, combinando dádiva, manipulación y represión.

El primer ciclo del getulismo estuvo en vigencia hasta 1945, cuando Vargas fue depuesto por un golpe de Estado. El ex presidente retornó en 1950, esta vez por el voto popular, y su nuevo gobierno fue más reformista y menos autoritario. En 1953 tuvo que hacer frente a una fuerte ola de huelgas. Al año siguiente, con el fortalecimiento de la tendencia favorable a la internacionalización de la economía brasileña, el getulismo enfrentaría su crisis más profunda. En agosto de 1954, en medio de una fuerte puja entre los sectores nacionalistas, que lo apoyaban, y los intereses imperialistas, que se le oponían, Vargas prefirió suicidarse antes que ceder a la presión militar y de los sectores dominantes que querían su renuncia. Paradójicamente, su muerte aumentó la fuerza del getulismo. La resolución de esa crisis quedó, pues, postergada hasta la década siguiente, cuando tuvo lugar el golpe militar de 1964.

Cárdenas y el desguace de la revolución

México es un país emblemático. Vivió y sigue viviendo a fuerza de las diferentes culturas precolombinas, que la dominación española no logró eliminar. Vivió también, a partir de 1910, una profunda revolución popular, y vio cómo la autenticidad del proceso revolucionario poco a poco era eliminada por la “institucionalización”.

La Constitución revolucionaria de 1917 garantizó derechos laborales tales como la reglamentación de la jornada de trabajo, niveles salariales más favorables a los trabajadores, libertad de organización sindical y derecho de huelga, abriendo camino al surgimiento de los sindicatos. La revolución impulsó también la formación de grandes entidades sindicales, como la Confederación Regional Obrera Mexicana (CROM), de la cual surgió, en 1919, el Partido Laboral Mexicano (PLM). Oponiéndose a dichas corrientes, disidentes formaron la Confederación General de Trabajadores (CGT), que más tarde se insertó en la política estatal, por medio del Partido Comunista Mexicano (PCM).

Poco a poco, el sindicalismo autónomo fue aceptando la institucionalización de la Revolución, subordinándose al cupulismo y al estatismo. Como parte de dicho movimiento, entró en vigor, en 1931, la Ley Federal del Trabajo, incorporando a los lineamientos constitucionales de 1917 aspectos importantes, como los contratos colectivos. Dos años más tarde, se formó la Confederación General de Obreros y Campesinos de México (CGOCM), que congregaba, además de la CROM y la CGT, a diversas otras entidades. La confederación agrupó sectores combativos, que exigían del Estado la reglamentación del salario mínimo y el pago de los días de descanso (Delarbre, 1984).

En 1934, Lázaro Cárdenas asumió la presidencia de la República por el Partido Nacional Revolucionario (PNR). Declarándose un continuador de la Revolución Mexicana, formuló un proyecto para institucionalizar las conquistas revolucionarias y evitar enfrentamientos definitivos con la burguesía. Se iba delineando, pues, un proyecto nacionalista que llamaba a los trabajadores a unirse en torno al gobierno de Cárdenas.

La creación de la Confederación de Trabajadores de México (CTM), en 1936, en cierta medida atendió a dicho llamado. Tratando de integrar un frente capaz de unir a los trabajadores en la defensa de las reformas cardenistas, la CTM se consolidó como la más importante central del país, congregaba a trabajadores de la industria (en especial metalúrgicos, petroleros y mineros), de los transportes (ferroviarios) y de otros sectores.

En 1938, el PNR se disolvió para formar el Partido de la Revolución Mexicana (PRM). Siguiendo esa trayectoria, en 1946 el PRM cedió lugar al Partido Revolucionario Institucional (PRI), que, eliminando de su ideario las referencias socialistas y sometiéndose definitivamente a los intereses gubernamentales, garantizó la existencia de un mecanismo casi “natural” de pasaje de los dirigentes sindicales al mundo de los cargos públicos. Su conversión en un partido tradicional, corrupto y centralizador fue cuestión de tiempo.

Se consolidó, así, un compromiso entre las centrales sindicales y el aparato estatal, ampliamente utilizado por los intereses del capital nacional y extranjero en la industrialización del país. Esta unión llevó a la disidencia de los sectores más combativos de la CTM, como los ferroviarios, los mineros, los metalúrgicos y los petroleros, que en 1948 formaron la Confederación Unitaria del Trabajo (CUT).

Pocos meses después, el sindicato de los ferroviarios sufrió un golpe de parte de su secretario general, Jesús Díaz de León, que contó con el apoyo de la policía. Surgía el “charrismo”, un modelo de control estatal que, por la vía de la burocracia sindical, se impone por la fuerza contra la voluntad de los afiliados, aunque les otorgue beneficios sociales, en un “doble juego” por el cual mantiene, hasta hoy, la representación de la mayor parte de los trabajadores de México (Delarbre, 1984).

En 1968, en un cuadro de descontento general, trabajadores de la electricidad, ferroviarios, bancarios, maestros e incluso profesionales liberales, como los médicos, se unieron para protestar contra la política salarial y otros proyectos del gobierno. Ello no impidió, sin embargo, que el Estado continuara con el proceso de control efectivo. Cuando José López Portillo fue elegido presidente en 1976, el camino hacia la “modernización capitalista” ya estaba consolidado. Se completaba, así, la ruptura del país con su pasado revolucionario.

El movimiento minero

Como país pobre, Bolivia tiene una economía completamente dependiente de la producción minera y de la explotación del gas y el petróleo. Aun así, el número de trabajadores ocupados directamente en esos sectores no llegaba, hasta los años 50, al 10% de la población, dado que la mayoría de los bolivianos estaban vinculados a las actividades rurales.

A diferencia del proletariado de otros países latinoamericanos, el boliviano no se formó a partir de la inmigración de trabajadores europeos. Bolivia fue, en verdad, un país de emigrantes que, desde principios del siglo XX, se dirigieron sobre todo a Chile y la Argentina y, más recientemente, a Brasil. El único momento en que el flujo migratorio se invirtió fue durante la Guerra del Chaco (1932-1935), cuando se contrataron chilenos para trabajar en las minas bolivianas.

La disputa entre Bolivia y Paraguay por la región del Chaco representó un momento de ruptura en el movimiento obrero y en la vida política del país. Durante el conflicto, algunos líderes sindicales y de partidos socialistas fueron perseguidos, presos y exiliados, por haber organizado manifestaciones contra la guerra y contra la Ley de Defensa Social, la cual preveía suspender las libertades y derechos elementales. En el exterior, entraron en contacto con nuevas propuestas políticas y sindicales. Con el fin de la contienda bélica y el retorno de esos activistas, el movimiento social entró en una nueva etapa, debido a la formación de organizaciones sindicales y a la creación de partidos marxistas y nacionalistas con influencia popular. El avance de la lucha popular y de izquierda fue fundamental para el estallido de la Revolución de 1952.

En ese momento, varios partidos de izquierda hicieron acto de presencia, como el Partido Obrero Revolucionario (POR), de inspiración trotskista, fundado en 1934, y el Partido de Izquierda Revolucionaria (PIR), fundado en 1940, que dio origen, en 1950, al Partido Comunista Boliviano (PCB). De dicho proceso también surgió el Movimiento Nacionalista Revolucionario (MNR), un partido popular más cercano a la pequeña burguesía, fundado en 1941, que tuvo un papel importante en el estallido de la Revolución de 1952.

Otro soporte fundamental de la revolución fue la Central Obrera Boliviana (COB, la más importante organización sindical del país, creada en 1952, como resultado del gran ascenso del movimiento obrero y sindical, principalmente minero. La COB tuvo una actuación decisiva en la insurrección, pues se estructuró en torno a reivindicaciones como la nacionalización de las minas y la reforma agraria sin indemnización y bajo control obrero.

La primera revolución obrera de América Latina –ya que la Revolución Mexicana de 1910 tenía una fuerte predominancia campesina– puso fin al largo dominio de la aristocracia del estaño en la sociedad boliviana. Milicias armadas, vinculadas al MNR, partían de las ciudades mineras rumbo a la capital, ocupaban puestos policiales y exigían el fin de la Junta Militar. En poco tiempo el país estuvo tomado por las milicias obreras.

Los sindicatos tuvieron un importante papel en el levantamiento, ya que fueron ellos los que, en general, organizaron las milicias. En las ciudades mineras llegaron a asumir la responsabilidad de abastecer, administrar y ejercer de policía, instaurando una dualidad de poderes en la sociedad, bajo la conducción de la COB. El proyecto revolucionario nacionalizó las minas de estaño y efectuó una reforma agraria radical. Sin embargo, en términos generales, los avances logrados no fueron tan lejos como la fuerza organizativa y la capacidad de movilización demostradas por la COB.

Con la consolidación del gobierno del MNR, al término de la etapa revolucionaria, se intensificó la represión sobre el movimiento sindical y obrero. A fines de 1964, el gobierno enfrentó una gran huelga general de los mineros. Le siguió un golpe militar, que abrió camino a otro período de fuerte represión sobre las organizaciones sindicales. Fue en esa etapa dictatorial, en 1967, cuando apresaron y asesinaron a Ernesto Che Guevara, líder revolucionario que se encontraba en Bolivia desde el año anterior. De esa forma, hundida en un ciclo casi interminable de golpes, Bolivia dejaba atrás su importante experiencia revolucionaria.

Ato de la CUT, en Chile, el 1° de mayo de 2014 (Ministerio del Trabajo Chile)

 

La isla rebelde

Tres años después de que las milicias obreras ocuparan la capital boliviana, las banderas revolucionarias se desplazaron de los Andes hacia una pequeña isla del Caribe. En 1955, un puñado de insurgentes del Movimiento Revolucionario 26 de Julio (MR-26 de Julio), refugiados en la Sierra Maestra, dieron comienzo a la guerra de guerrillas contra la dictadura de Fulgencio Batista, que había convertido a Cuba en un apéndice de los Estados Unidos. El 1.º de enero de 1959, los rebeldes entraron victoriosos en La Habana, mientras que Batista huía con su familia hacia la República Dominicana.

De inmediato, Cuba experimentó una osada y victoriosa revolución social liderada por Fidel Castro, Ernesto Che Guevara y Camilo Cienfuegos, que llevaba, por primera vez en la historia del país, los intereses populares hacia el centro de las atenciones del poder. Desde el principio, el gobierno revolucionario inició un proceso de desmantelamiento del sistema político y social neocolonial, eliminando el latifundio, nacionalizando las grandes propiedades y entregando tierras a los campesinos. Al año siguiente se nacionalizaron las propiedades norteamericanas en el país, los servicios de telecomunicaciones, de agua, de energía, de transportes, etcétera.

Contando con el sustento de la Confederación de Trabajadores de Cuba –creada en 1939 y que en 1961 pasó a llamarse Central de Trabajadores Cubanos (CTC)– y con la conducción política del Partido Comunista Cubano (renovado con el ingreso de los jóvenes que lideraron la Revolución), la experiencia cubana pasó a inspirar a la mayoría de los movimientos revolucionarios latinoamericanos. Su encanto provenía del hecho de tratarse de una revolución diferente: nació al margen del Partido Comunista, que seguía una política más moderada, en tanto que los jóvenes dirigentes revolucionarios –con Fidel, el Che y Camilo al frente– traían consigo la percepción profunda del descontento y la repulsa contra el dominio imperialista, traduciéndola en una gran voluntad de transformación. La combinación de esos ingredientes fue explosiva, llevó a la victoria a la revolución de un pequeño país, situado a pocas millas del gigante imperialista del Norte.

La larga noche del sindicalismo

Luego de la Revolución Cubana, temiendo la expansión de los movimientos armados, la derecha respondió con golpes militares que avanzaron por América Latina. Es así como se desencadenó el ciclo de las contrarrevoluciones –como lo caracterizó el sociólogo marxista brasileño Florestan Fernandes–, que iniciaría una era de derrotas para las luchas sociales de los trabajadores.

Esto significa que el ciclo de golpes militares fue la solución que encontraron las fuerzas del capital para desestructurar los avances sociales y políticos de la clase trabajadora. El aniquilamiento del movimiento obrero, de sus sindicatos y de las izquierdas facilitaba la inserción de América Latina en el proceso de internacionalización del capital, con la apertura del parque productivo a los capitales externos, en especial a los norteamericanos.

En Brasil, el golpe militar de 1964 implementó un proyecto capitalista dependiente y subordinado, controlado por un estado autocrático-burgués dictatorial que reprimió duramente al movimiento obrero. La disminución de los salarios posibilitó niveles de acumulación que atrajeron al capital monopólico. De ese modo, la expansión capitalista industrial en Brasil intensificó su tendencia –presente en toda América Latina– a estructurarse sobre un proceso de superexplotación del trabajo, combinando sueldos degradados, jornadas de trabajo extenuantes y una gran intensidad en los ritmos y tiempos productivos. Asociadas a la intervención en los sindicatos, a la purga de parlamentarios, a la censura de la prensa y a la cárcel, la tortura y el asesinato de opositores, dichas medidas configuraron un período difícil para el movimiento obrero y popular que se prolongó durante más de dos décadas.

En Chile, la tragedia sucedió en 1973, con el derrocamiento del gobierno del socialista Salvador Allende Gossens. Había sido electo en 1970 por la Unidad Popular, que aglutinaba desde socialistas y comunistas hasta los sectores más progresistas de la Democracia Cristiana.

El gobierno de Allende inició un amplio proceso de transformación de las estructuras económicas chilenas. Nacionalizó industrias, bancos y reservas naturales, como el cobre y el salitre, promovió una mayor distribución de la riqueza, estrechó lazos con Cuba y creó comités de participación de trabajadores en la gestión de la economía y la producción. También invirtió en salud y educación y lanzó un acelerado proceso de reforma agraria. La CUT (Central Única de Trabajadores, creada en 1953) dio su total apoyo al gobierno, realizando convenios que posibilitaban que los trabajadores participaran de la gestión económica de empresas del sector social o mixta (o sea, empresas total o parcialmente controladas por el Estado).

Pero la oposición seguía estando bien articulada. La Democracia Cristiana (de centro) se alió al Partido Nacional (de derecha) y, juntos, cooptaron organizaciones sociales, federaciones y sindicatos de derecha, promoviendo boicots al gobierno. Ejemplo de ello fueron las paralizaciones de los camioneros, en 1972 y 1973, que debilitaron la infraestructura del país, y ampliaron el descontento de parte de las capas medias de la sociedad contra el gobierno popular.

El 11 de septiembre de 1973, las Fuerzas Armadas golpistas, con el apoyo de la CIA norteamericana, depusieron al gobierno de la Unidad Popular y provocaron la muerte de Allende. El general Augusto Pinochet, promotor del golpe, encabezó una de las más sangrientas dictaduras de América Latina, que encarceló, torturó y causó la muerte (o la desaparición) de miles de personas y provocó el exilio de cerca de una décima parte de la población del país (Witker, 1984).

La persecución del movimiento sindical también fue gigantesca. Desde septiembre de 1973, la CUT fue ilegalizada y, en diciembre, disuelta jurídica y físicamente (en 1988 se creó una nueva CUT –esta vez, Central Unitaria de Trabajadores– en medio de la caída del régimen). En 1976, las huelgas fueron prohibidas por “incitar la lucha de clases”. Se crearon instrumentos legales que pasaron a moldear los “estatutos societarios” de las empresas, o sea, los mecanismos de “integración” del trabajador a la empresa (Witker, 1984). Fuerzas sindicales prohibidas, líderes exterminados, represión brutal a los trabajadores, a los militantes de izquierda y al movimiento obrero: el escenario estaba listo para la primera experiencia más profunda de implementación de las políticas neoliberales en el mundo, o sea, en base a trabajos producidos por economistas de la llamada Escuela de Chicago, Chile adoptó las premisas del neoliberalismo y desencadenó un amplio proceso de privatización de los bienes estatales, apertura comercial, flexibilización de las leyes laborales y de la legislación social.

Dictaduras en el Río de la Plata

Luego de la derrota de las democracias en Brasil y en Chile, el ciclo de las contrarrevoluciones se desplazó hacia la región rioplatense, con el golpe militar de Uruguay, en 1973, y de la Argentina, en 1976.

Desde 1971, Uruguay presentaba un panorama político protagonizado por el recién creado Frente Amplio (FA), que congregaba a comunistas, socialistas y nacionalistas. El objetivo era representar a los sectores populares y a las capas medias, para de ese modo contraponerse a los partidos Nacional y Colorado, voceros de los sectores más conservadores.

La victoria del Partido Colorado, en 1973, facilitó el estallido del golpe en el país, realizado con la connivencia del entonces presidente Bordaberry, que entregó su puesto a los militares. En medio de ese cuartelazo, los trabajadores ocuparon más de quinientas fábricas. En ese clima, la Convención Nacional de Trabajadores (CNT), creada en 1966, lanzó una huelga que, sin embargo, fracasó.

A pesar de la fuerte represión, la resistencia se mantuvo, y a comienzos de los años 80 se crearon varias organizaciones para mantenerla viva. Junto a diferentes movimientos populares, el Plenario Intersindical de Trabajadores (PIT), creado en 1983, presionó para que en 1984 se realizaran elecciones generales que implicaron el retorno a la democracia en el país. A partir del año siguiente, el Plenario adoptó la sigla PIT-CNT, reivindicando la herencia de la antigua central.

A su vez, el golpe militar en la Argentina asumió un estilo similar al chileno, tanto en su brutal represión como en su servilismo a los capitales externos. Por esa razón, se nota que, tanto como la dictadura chilena, la infeliz experiencia argentina representó una anticipación de las políticas neoliberales en América Latina. Entre sus consecuencias más nefastas se puede destacar el proceso de desindustrialización que afectó, cuantitativa y cualitativamente, a la clase obrera y a su sindicalismo. Con el aniquilamiento de las izquierdas revolucionarias, que experimentaron un fuerte crecimiento en el período inmediatamente anterior al golpe, el objetivo era derrotar también la herencia peronista en el sindicalismo, vista como un obstáculo para la internacionalización de la economía.

La excepción peruana

El golpe militar en Perú, en 1968, tuvo como telón de fondo una sociedad en transformación. Desde fines de la década de 1950, el país andino venía experimentando una relativa diversificación de su clase trabajadora, a la vez que se consolidaban importantes núcleos obreros, principalmente en la minería y en la metalurgia. Empresas multinacionales crearon las industrias metal-mecánica y química, e instalaron líneas de montaje en los sectores automotriz, de productos eléctricos y farmacéuticos. La industria pesquera prosperaba. Con todo, el país seguía siendo dependiente del sector agroexportador y, en el campo, aún prevalecía el latifundio.

La izquierda peruana también experimentaba una relativa diversificación, con el surgimiento de organizaciones maoístas y trotskistas. El PC-Unidad, pro-soviético, trató de retomar el poder en la Confederación de Trabajadores de Perú (CTP), dominada por la Alianza Popular Revolucionaria Americana (APRA), pero renunció a esa táctica, y en 1968 fundó la Confederación General de Trabajadores de Perú (CGTP). Ese mismo año, el general Juan Velasco Alvarado dio un golpe militar. Originado en las corrientes militares reformistas, el movimiento tenía características diferentes en relación con los golpes militares proimperialistas del continente. Velasco partía de una ideología nacionalista –“ni capitalista, ni comunista”– y buscaba romper la estructura del poder oligárquico tradicional. Para ello promovió una amplia reforma agraria, aumentó el poder estatal, disminuyó la fuerza de los latifundios, nacionalizó industrias así como la explotación de los recursos naturales (Sulmont, 1984).

Sin embargo, fracasó su llamado a la unión entre capital y trabajo bajo el ideario nacionalista. La clase capitalista se negó a hacer concesiones, y el movimiento obrero, ante un crecimiento económico concentrador y excluyente, intensificó las críticas al régimen promoviendo grandes huelgas. Federaciones importantes –como las de los mineros y metalúrgicos y de los trabajadores de la educación– se desvincularon de la CGTP, que apoyaba al gobierno. Aislado políticamente, Velasco dejó el poder en 1975.

Trabajadores de la construcción, en Lima, Perú (Szymon Kochański/Creative Commons)

 

Divisiones y violencia en Colombia

Las décadas de 1930 y 1940 en Colombia estuvieron marcadas por la fragmentación del movimiento sindical. En 1936, el Partido Comunista fundó la Confederación Sindical de Trabajadores (CST) que, en 1938, pasó a llamarse Confederación de Trabajadores de Colombia (CTC). En 1945 surgió la Confederación Nacional de Trabajadores (CNT) y, al año siguiente, la Unión de Trabajadores de Colombia (UTC), con una orientación apolítica y negociadora, apoyada por la Iglesia Católica. Entre los sectores populares predominaba ampliamente el llamado “movimiento gaitanista”, inspirado en el ex ministro de Trabajo Jorge Gaitán, jefe del Partido Liberal.

En abril de 1948, Gaitán fue asesinado. Este hecho generó una gran rebelión popular, conocida como el Bogotazo, que fue brutalmente reprimida. Pero la violencia continuó. Las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC) optaron por la guerrilla en 1952 y el Ejército de Liberación Nacional (ELN), en 1965. Colombia ingresó en una etapa de guerra civil que se prolongó por muchos años, cuya complejidad se vió agravada por la enorme fuerza y presencia de una economía generada a partir del narcotráfico.

En los años 60 aumentó la fragmentación sindical, con la creación de la Confederación Sindical de Trabajadores de Colombia (CSTC), de inspiración comunista, y de la Confederación General del Trabajo (CGT), vinculada a la Democracia Cristiana. En la década siguiente, CTC, UTC, CSTC y CGT se unieron en torno a un programa conjunto de reivindicaciones, que preveía medidas como el aumento del 50% de los salarios. La convergencia dio como resultado la constitución del Consejo Nacional Sindical, que aglutinaba a las fuerzas sindicales.

Actualmente, las tres grandes centrales sindicales del país –la Central de Trabajadores de Colombia (CTC), la Confederación General del Trabajo (CGT) y la Central Unitaria de Trabajadores (CUT)– enfrentan enormes desafíos asociados a la escalada de la violencia. La Organización Internacional del Trabajo (OIT) señaló a Colombia como el país más peligroso del mundo para la actividad sindical: los homicidios de sindicalistas llegaron a 184 en 2002, a 91 en 2003 y a 94 en 2004. El total de registros de violaciones fue de 688 en 2004 e incluye amenazas de muerte, detención arbitraria, desapariciones y secuestros.

Venezuela: petróleo y bolivarianismo

Riquísima en petróleoVenezuela es codiciada por el imperialismo desde comienzos del siglo XX. Los beneficios provenientes del petróleo fueron los responsables principales del nacimiento de una burguesía dependiente del Estado y sumisa a las grandes empresas extranjeras de prospección y refinamiento de este producto. En algunos momentos, esta burguesía ensayó proyectos de desarrollo nacional, de los que fueron ejemplos la nacionalización del petróleo y la creación de Petróleos de Venezuela SA (PDVSA), nave insignia de la economía venezolana. En determinadas coyunturas se hicieron también concesiones a los trabajadores, elevando su condición de vida (en comparación con los demás países del continente). Eso benefició en especial a los sectores vinculados a la Confederación de Trabajadores de Venezuela (CTV), principal organización sindical del país, que efectuaba una política de conciliación de clases.

Esos beneficios coyunturales a sectores obreros generaron el mito (que se desmoronó en poco tiempo) de que Venezuela sería el país con mayores características socialdemócratas de América Latina. Eso ocurrió en la segunda mitad de los años 70, cuando la crisis del petróleo elevó a las alturas el precio del barril, sustentando la política desarrollista del presidente Carlos Andrés Pérez en su primer mandato (1974-1979). Durante su gobierno, en 1976, se nacionalizó el petróleo y se creó PDVSA. En su segundo mandato, sin embargo, el precio del petróleo cayó y Pérez adoptó medidas impopulares, basadas en los acuerdos con el FMI, como el aumento del precio de la gasolina, el recorte en los gastos públicos, el congelamiento de los salarios, la liberación de los precios y el aumento del precio de los artículos de primera necesidad. La respuesta popular fue la mayor insurrección jamás ocurrida en el país: el Caracazo (1989), una manifestación espontánea, generada en el rechazo al aumento del precio de los buses, con miles de personas tomando las calles de Caracas, construyendo barricadas y bloqueando las vías de acceso a la ciudad. En varios barrios hubo saqueos a los negocios y a camiones que transportaban alimentos. La represión fue violenta: se estima, extraoficialmente, que hubo cerca de mil personas muertas.

El gobierno de Pérez sobrevivió al Caracazo, pero salió completamente debilitado; el presidente fue destituido del cargo en 1993, acusado de corrupción. Esa importante manifestación popular desató un amplio proceso de reorganización de los movimientos sociales. Era grande el descrédito de los partidos tradicionales, principalmente la centrista Acción Democrática (AD) y el COPEI, de derecha. Se estaban gestando las condiciones para el surgimiento, poco tiempo después, del bolivarianismo liderado por el presidente Hugo Chávez, que comenzó a cambiar profundamente la historia de Venezuela.

Reestructuración productiva en el continente

Si las dictaduras militares y los gobiernos civiles y conservadores de los años 70 fueron fuertemente privatistas, algunos casos, como los de Chile y la Argentina, anticiparon las políticas económicas neoliberales. En otros países, como Brasil, el proceso tuvo un fuerte sentido industrializador, ampliando las filas de la clase trabajadora. Ello contribuyó al surgimiento del llamado nuevo sindicalismo, que tuvo como principal líder al entonces metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva.

En ese período, que precedió la vigencia del neoliberalismo en Brasil, hubo un acentuado ciclo de huelgas, decretadas por los obreros industriales (especialmente los metalúrgicos), empleados públicos y diversos otros sectores. Hubo huelgas generales por rama, huelgas con ocupación de fábricas, incontables huelgas por empresas y huelgas generales nacionales. Se asistió también a una significativa expansión del sindicalismo de asalariados medios y del sector de servicios, como bancarios, maestros, empleados públicos, etc. También se organizaron y se fortalecieron los sindicatos y las centrales sindicales. Fue el caso de la Central Única de los Trabajadores (CUT), fundada en 1983 e inspirada, en su origen, en un sindicalismo de clase, autónomo e independiente del Estado. Su surgimiento fue producto de la confluencia entre el nuevo sindicalismo, nacido en el interior de la estructura sindical, y el movimiento de las oposiciones sindicales, que actuaba fuera de la estructura oficial y que combatía su subordinación y verticalismo.

Algo similar pasó en México, donde hubo intensas movilizaciones de maestros, mineros, metalúrgicos, trabajadores de electricidad y varias otras ramas. Otros países como Uruguay, Argentina, Chile, Perú y Colombia también retomaban sus luchas sindicales y obreras.

Especialmente a partir de la década de 1980, el nuevo sindicalismo empezó a sentir los efectos negativos del neoliberalismo y las tendencias regresivas de la reestructuración productiva impuesta por el capital, con todas sus implicancias ideológicas y políticas. Este doble proceso forzó a una redefinición de América Latina ante la nueva división internacional del trabajo en una etapa en que el capital financiero comenzaba a ampliar su hegemonía.

Fue en ese contexto cuando se llevó a cabo la reestructuración productiva en América Latina, con profundas consecuencias para el mundo del trabajo. La aplicación del recetario neoliberal, simultáneamente con la reorganización de la producción, trajo una significativa reducción del parque productivo industrial, cuyo caso ejemplar fue el de la Argentina. El cuadro se definió con la agresiva política de privatización del sector productivo estatal –telecomunicaciones, siderurgia, energía eléctrica, sector bancario, entre otros–, que profundizó la subordinación del continente a los intereses financieros hegemónicos, especialmente los de los Estados Unidos.

Privatización, desregulación, flujo libre de capitales, financierización, tercerización y precarización del trabajo, desempleo estructural, trabajo temporario, parcial y atípico, aumento de la miseria: todas esas prerrogativas de la barbarie neoliberal y de su reestructuración productiva pasaron a caracterizar la vida cotidiana del mundo del trabajo. No fueron pocas las consecuencias nefastas de ese proceso sobre la clase trabajadora, que sufrió mutaciones.

Prácticamente todos los países latinoamericanos dotados de sectores industrializados implementaron en sus empresas los procesos de downsizing, que implicaron la disminución del número de trabajadores y el aumento de las formas de explotación de la fuerza de trabajo. Con ello, el proceso tecnológico e informacional también pasó por serias mutaciones. La flexibilización, la desregulación y las formas innovadoras de gestión productiva se mezclaron con los nuevos procesos productivos basados en la acumulación flexible, o incluso con el llamado toyotismo o “modelo japonés”, que se expandió al capitalismo occidental a partir de los años 70 y, a América Latina, en la década siguiente.

El proceso de reestructuración en el continente presentó un rasgo particular, producto de la superexplotación de la fuerza de trabajo, de los bajos niveles salariales, unidos, en algunas ramas de la producción, a un razonable nivel tecnológico. Esto ocurrió porque los capitales productivos que actúan en América Latina trataron de mezclar la existencia de una fuerza de trabajo “calificada” para operar con los equipos microelectrónicos, manteniendo niveles de remuneración muy inferiores a los de los países centrales –donde las empresas tienen sus sedes–, a todo lo cual se le suman las formas de desregulación, flexibilización y precarización de la fuerza de trabajo. La fórmula favorece enormemente la superexplotación del trabajo, mediante la extracción de plusvalía relativa en combinación con la plusvalía absoluta. Tal combinación se intensificó en las últimas décadas, cuando se hicieron aún más intensos el ritmo y la duración de las jornadas de trabajo. Las maquiladoras (armadoras de artículos prefabricados en otros países) en México y América Central ejemplifican bien esta cuestión.

Marcas del genocidio y reanudación de las luchas

Si Inglaterra fue el laboratorio del neoliberalismo en Europa, la Argentina puede considerarse su equivalente latinoamericano. Con la victoria del peronista Menem y con el plan neoliberal adoptado por su gobierno, la CGT trató de adaptarse al nuevo régimen a través de un “sindicalismo empresarial” que, en gran medida, dio apoyo a la tentativa de destruir social y políticamente al pueblo argentino. La privatización del importante sector estatal, el proceso de desindustrialización, la desregulación de los derechos laborales, la sumisión a los dictámenes del Consenso de Washington y a los Estados Unidos, la dolarización de la economía, la avasalladora corrupción del gobierno, todo ello compuso la imagen de la barbarie neoliberal en la que supo ser la más importante nación latinoamericana.

El repudio a las políticas neoliberales y a la burocracia de la CGT llevó a la formación, en 1992, de la Central de los Trabajadores Argentinos (CTA), básicamente vinculada a los trabajadores estatales y más autónoma en relación con el Estado (Armelino, 2004). La Corriente Clasista Combativa (CCC), minoritaria en el sindicalismo autónomo, que surgió en 1994, fue otra de las organizaciones presentes en esa etapa de reanudación de las luchas sociales.

La lucha contra el neoliberalismo ganó las calles, también en 1994, con marchas de millares de trabajadores, entre ellos los desocupados denominados piqueteros, que afluían desde diferentes puntos del país a Buenos Aires, a fin de expresar su repudio al modelo.

El Movimiento de Trabajadores Desocupados (MTD) y tantos otros comenzaron a organizar piquetes sistemáticos que prácticamente paralizaban la capital. Al mismo tiempo, la CTA elaboró nuevas estrategias de acción, procurando ampliar sus bases mediante la creación de la Federación de Tierra, Vivienda y Hábitat (FTV), con el objetivo de organizar a los sectores populares de desempleados o subempleados.

El movimiento de “fábricas o empresas recuperadas”, que se generalizó en el país, reflejó también las nuevas formas de enfrentamiento entre capital y trabajo. La ocupación de fábricas –o empresas recuperadas– surgió de una situación en la cual los propietarios abandonaban las empresas, como forma de presión por el endeudamiento, etc., y los trabajadores pasaban a administrarlas por medio de dos modalidades principales de control social de la producción: las cooperativas o las empresas estatizadas. Centenares de ejemplos ilustran la situación, pero los casos de Bruckman (textil), de IMPA Fábrica Cultural (tubos) y del Hotel Bauen, los tres de Buenos Aires, y Zanon (cerámica), en Neuquén, y La Toma (supermercado), en Rosario, son particularmente interesantes. En dichas experiencias, los trabajadores llevaron a cabo formas de producción sin dominio, sin control y sin la explotación directa del capital.

La confluencia de dichos movimientos, junto al descontento de las capas medias por la política económica y financiera del gobierno que, en el auge de la crisis, les impidió retirar su dinero de los bancos (el llamado “corralito”), condujo al estallido social y político de diciembre de 2001. Una explosión social depuso al presidente Fernando de la Rúa y a toda una gama de sucesores incapaces de obtener respaldo para permanecer en el poder. La bandera central del movimiento estaba estampada en el lema “¡Que se vayan todos!”, difundido como reguero de pólvora por todo el país.

Del otro lado del Río de la Plata, Uruguay también vivió la desertificación neoliberal. Con la liberalización económica se registró una acentuada desindustrialización (entre 1988 y 1993, por el cual uno de cada cuatro obreros industriales perdió el empleo). Al mismo tiempo, proliferaron las formas de trabajo precario. En 1991, sólo la mitad de la población activa tenía empleos estables, mientras que uno de cada cinco trabajadores tenía un empleo precario o estaba subocupado. En vez de invertir en ciencia y tecnología, las empresas optaron por la informalización del trabajo, expulsando trabajadores formales y creando empresas especializadas en vender servicios, disminuyendo los costos con impuestos y cargas laborales. Ese cuadro dificultó la organización sindical y política de la clase trabajadora.

México: del neoliberalismo al zapatismo

En México, el neoliberalismo fue producto de la degeneración del Partido Revolucionario Institucional (PRI) que, tras varias décadas en el poder, se fue convirtiendo en un partido burgués burocratizado, vertical, institucionalizado e involucrado en la corrupción, hasta constituir un agrupamiento político neoliberal de la peor especie y de frontal oposición al sindicalismo autónomo y de clase.

Electo presidente en 1988, Carlos Salinas de Gortari intensificó la implantación del neoliberalismo en ese país, ya en curso desde comienzos de los años 80. Las medidas adoptadas, que provocaron un gran descontento popular, acarrearon el aumento de la internacionalización y de la subordinación económica y política al imperialismo norteamericano, del cual fue expresión el NAFTA, el acuerdo de “libre comercio” con los Estados Unidos y Canadá. No fue por otro motivo que, simbólicamente, el 1.º de enero de 1994, fecha en que el NAFTA entraba en vigencia, estalló la rebelión en Chiapas, al sur del país. Organizado por el Ejército Zapatista de Liberación Nacional (EZLN, referencia al líder de la Revolución Mexicana Emiliano Zapata), el movimiento congregó a los campesinos, los indígenas y todos aquellos que rechazaban ese camino de “integración” destructiva para la sociedad mexicana. El zapatismo tendría un enorme significado para la resistencia y la lucha de los pueblos de América Latina contra la mundialización de los capitales y su lógica destructiva.

Bajo la presión de los Estados Unidos y los organismos multilaterales como el FMI y el Banco Mundial, los gobiernos siguientes profundizaron las ideologías monetaristas de estabilización financiera y control de las deudas del país, las cuales, mediante severos ajustes fiscales, atraían inversiones externas, de carácter crecientemente especulativo (Soederberg, 2001). El avance de esas políticas neoliberales también fomentó la desestatización y la desnacionalización del parque industrial, con la introducción de las maquiladoras, con el fin de producir y exportar mercancías a bajo precio, en comparación con las de los países de origen. Tales medidas hicieron aún más precaria la situación de la clase trabajadora.

Neoliberalismo: de Collor a Lula

A partir de 1990, con el ascenso de Fernando Collor de Mello, el proceso de reestructuración productiva y el recetario neoliberal empezaron a implantarse en Brasil. El gobierno de Collor tuvo una corta duración, dado que, debido al enorme grado de corrupción que lo caracterizó, terminó siendo depuesto por un vasto movimiento social y político que culminó en el impeachment del presidente en 1992. Luego de ese episodio, y del corto gobierno del vicepresidente Itamar Franco, los dos mandatos presidenciales de Fernando Henrique Cardoso reforzaron la presencia neoliberal. El parque productivo brasileño fue modificado y reducido a raíz de la política de privatización de las empresas estatales. Consecuentemente, se asistió a una modificación del trípode que sustentaba a la economía brasileña, formado por el capital nacional, el capital extranjero y el sector productivo estatal. Se desorganizaba, pues, el patrón productivo estructurado desde la época getulista.

La combinación de neoliberalismo y reestructuración productiva del capital tuvo repercusiones enormes para la clase trabajadora, para el movimiento sindical y para la izquierda brasileña. Las propuestas de desregulación, de flexibilización y de desindustrialización tuvieron un fuerte impulso en la política de corte neoliberal y privatizadora. Paralelamente a la retracción de la fuerza de trabajo industrial, entre las décadas del 80 y el 90 los servicios aumentaron, en promedio, un 50% su participación relativa en la estructura ocupacional, siendo en buena medida direccionados hacia el universo de la informalidad, en especial en el comercio, comunicaciones y transportes. Se amplió de este modo el contingente de subproletarizados, tercerizados y subempleados, o sea, las distintas modalidades de trabajo precarizado.

Aunque en 2002 la victoria electoral y política de Lula y del Partido de los Trabajadores (PT) tuviera un significado real y simbólico muy significativo –puesto que se trataba del triunfo, por primera vez en la historia de Brasil, de una candidatura de origen obrero–, su gobierno, desde los primeros actos, se orientó hacia una clara continuidad con el neoliberalismo. La política económica, por ejemplo, es de evidente beneficio a los capitales financieros. La brutal concentración de la tierra se mantuvo inalterable y, peor aún, aumentó el número de asesinatos en el campo. La más impopular y virulenta medida llevada a cabo por el gobierno del PT fue el desguace del sector previsional público y su privatización a través de la creación e incentivo de los fondos privados de pensión para los empleados públicos. La privatización del sector previsional público fue una imposición del FMI, aceptada sin oposición por el gobierno de Lula, lo que significó una ruptura con importantes franjas del sindicalismo de los empleados públicos.

Esta nueva realidad desalentó y volvió aún más defensivo al nuevo sindicalismo, que se encontraba, por un lado, ante la aparición de un sindicalismo neoliberal, expresión de la nueva derecha, en sintonía con la ola mundial conservadora, del cual Força Sindical (central creada en 1991) es el mejor ejemplo; y, por el otro, ante la inflexión que desde los años 90 se da dentro de la CUT, y que es el hecho de que la central se acerca cada vez más a los modelos del sindicalismo socialdemócrata europeo.

Pero es importante recordar que en ese mismo período se asistió al crecimiento del más importante movimiento social y político de Brasil. Creado en 1984, el Movimiento de los Trabajadores Rurales Sin Tierra (MST) hizo resurgir la lucha de los trabajadores del campo, ampliando su sentido y convirtiéndola en el centro de la lucha política de clases en Brasil.

El MST fue producto de la fusión de la experiencia de la izquierda católica, vinculada a la Teología de la Liberación y a las comunidades eclesiales de base, con militantes formados en el ideario y en una praxis de inspiración marxista, retomando las dos vertientes más importantes de las luchas sociales recientes de Brasil. Tiene como centro de actuación la organización de base de los trabajadores, por medio de ocupaciones, campamentos y asentamientos, sin subordinarse a la acción institucional o parlamentaria. En verdad, el MST se ha convertido en el principal catalizador e impulsor de las luchas sociales recientes y, por los fuertes lazos que mantiene con sectores sociales urbanos, ha posibilitado la reanudación de las acciones sociales masivas en Brasil. De esta forma, el movimiento incorpora cada vez más a los trabajadores de la ciudad, que buscan retornar al campo después de haber sido expulsados por la “modernización productiva” de las industrias. El proceso tiene como resultado una inversión del flujo migratorio en Brasil y una síntesis que aglutina y articula experiencias y formas de sociabilidad provenientes de los mundos del trabajo rural y urbano.

Perú y Colombia

Otro ejemplo emblemático de la política neoliberal de tierra arrasada puede encontrarse en el Perú de la década de 1990, durante el gobierno de Alberto Fujimori. Desde el primer momento, éste trató de atender a los intereses imperialistas y a la clase dominante nacional. Privatizó casi todas las empresas estatales y extinguió la estabilidad en el trabajo. Los altos índices de desempleo provocaron una enorme reducción del nivel de sindicalización, que llegó a menos del 10%, el más bajo de la historia peruana (Rojas, 1997). La flexibilización de las leyes laborales vino acompañada por modificaciones de la base tecnológica y descentralización productiva. Las pérdidas de empleo fueron masivas tanto en el sector privado como en el sector público, originando diferentes formas de trabajo precario mediante el crecimiento de las tercerizaciones y subcontrataciones (Jimenez y Gamarra, 1994).

Ante ese cuadro, la lucha sindical enfrenta grande desafíos, resultado de la fuerte corrosión social de sus bases, golpeadas por los puestos escasos, precarios, eventuales, etc. Además de la CGTP y de la CTP, actúan la Confederación Autónoma de Trabajadores del Perú (CATP), reconocida en 1991, y la Central Unitaria de Trabajadores (CUT), fundada en 1993. Desde 2004, ambas intentan actuar en conjunto.

El caso de Colombia no difiere significativamente del de ningún otro país que haya adoptado políticas neoliberales a partir de la década de 1990. Aquí también hubo un proceso de desregulación financiera, la privatización de importantes empresas del sector público y la flexibilización de la legislación laboral (Buendía, s./d.). Todo ello en medio de un proceso de guerra civil abierta y con una fuerte presencia del narcotráfico en la economía y en la sociedad. No es de extrañar, pues, que la desocupación haya alcanzado a más del 20% de la población en el año 2000, mientras que en 1991 ese porcentaje era de menos del 10%. También se registra una fuerte diferencia en lo que respecta al número de hombres y mujeres desempleados: según el Departamento Administrativo Nacional de Estadística (DANE) del gobierno colombiano, el nivel de desempleo de las mujeres llega al 24,5% mientras que el de los hombres es del 17%. Además, entre la población ocupada, en 2005, había un 59% de trabajadores en el sector informal, mientras que en 1992, el porcentaje era del 54%. En comparación con los trabajadores formales, los informales tienen un promedio de horas trabajadas un poco menor; de esta forma, mientras los formales trabajan en promedio 46 horas por semana, los informales trabajan 44 horas.

En ese contexto de creciente precarización y flexibilización del mercado de trabajo, el movimiento sindical colombiano trata de construir alternativas a las embestidas gubernamentales con el fin de cercenar derechos laborales.

El caso venezolano

En el cuadro general del continente, sólo la Cuba socialista y Venezuela presentan una alternativa claramente antineoliberal, con nítidos contornos anticapitalistas.

La experiencia venezolana reciente es singular en América Latina. Hugo Chávez lideró un movimiento social y político (denominado Movimiento V República) fuera de los marcos de la izquierda tradicional, ganando las elecciones presidenciales en 1998, con el 56% de los votos. El mismo día que asumió, convocó a un plebiscito tendiente a la instauración de una Asamblea Constituyente. La nueva Constitución fue aprobada ese mismo año; se trata de un texto constitucional avanzado, que prevé la posibilidad de remover, mediante referendo, a las autoridades cuyo desempeño se considere insatisfactorio.

Desde el primer momento, la oposición burguesa y oligárquica –capitaneada por los dirigentes sindicales de la CTV, por los medios de comunicación privados y por la poderosa federación empresarial Fedecámaras–, ostensiblemente apoyada por los Estados Unidos, ha sido implacable con el gobierno de Chávez.

Hubo tres grandes acciones para tratar de derrocar al presidente. En abril de 2002, un golpe militar fue rápidamente frustrado por la monumental movilización popular que exigía el retorno de Chávez. En diciembre del mismo año, fuerzas de la reacción desencadenaron un lock-out en PDVSA, que duró cerca de dos meses, tratando de desestabilizar al gobierno. Este, sin embargo, derrotó a los golpistas por segunda vez. En su tercera tentativa, en noviembre de 2003, la oposición juntó firmas para convocar a un referendo revocatorio del mandato del presidente. El referendo se realizó, y le dio a Chávez el 59% de los votos.

El rasgo distintivo, que preservó al gobierno de las sucesivas amenazas contrarrevolucionarias, fue dado por el crecimiento de los círculos bolivarianos –organizaciones populares que apoyaban el liderazgo de Chávez y estaban diseminadas por todo el país–. El movimiento, inicialmente tratado en forma desdeñosa por los medios internacionales, se transformó en la única alternativa innovadora y progresista en el cuadro del poder político de América Latina. En medio de su confrontación con el imperialismo, Venezuela despuntó como el único país que logró frenar las reformas neoliberales mediante un proceso que garantizó y amplió los derechos de los trabajadores, realizando una significativa reforma agraria, avanzando en las formas de producción social –cooperativas y empresas colectivas– y, principalmente, buscando alternativas inspiradas en los valores del socialismo. Por todo ello, la patria de Bolívar asume actualmente un papel tan fundamental para los pueblos de América Latina.

Diseñando la nueva morfología del trabajo

¿Cuáles fueron las principales consecuencias del neoliberalismo y de la reestructuración productiva para la clase trabajadora latinoamericana? ¿Cuál es el diseño de la nueva morfología del trabajo?

A continuación se presentan, de manera resumida, algunas de las principales tendencias, recordando siempre que éstas tienen particularidades y singularidades a veces distintas.

1) Con la retracción del binomio taylorismo/fordismo, desde los inicios de la reestructuración productiva del capital a escala global, se viene dando una reducción del proletariado industrial, fabril, tradicional, manual, estable y especializado, heredero de la era de la industria verticalizada. El espacio abierto por la disminución de ese proletariado más estable viene siendo ocupado por formas desreguladas de trabajo.

2) Es posible verificar el crecimiento de un nuevo proletariado fabril y de servicios, presente en las diversas modalidades de trabajo precario. Son los tercerizados, subcontratados, part-time, entre tantas otras formas semejantes, que se expanden a nivel global, producto de la creciente desestructuración del Welfare State en los países del Norte y del aumento de la desregulación del trabajo en los países del Sur. En 2005, de un total de 80 millones de trabajadores, cerca del 60% se encontraban en situación de informalidad en Brasil. En otros países la situación es similar o aún más grave: México, la Argentina y Chile presenciaron significativos procesos de desindustrialización, teniendo como resultado la expansión del trabajo precarizado, parcial, temporario, tercerizado, informalizado, etc., además de enormes niveles de desempleo (Sotelo, 2003).

3) Crece el trabajo femenino, que ya alcanza más del 40% de la fuerza de trabajo en diversos países. Las mujeres, en promedio, cobran salarios inferiores a los de los hombres y gozan de menos derechos sociales y laborales. En Brasil, el salario medio de las mujeres gira en torno del 60% del salario de los trabajadores de sexo masculino (Nogueira, 2004).

4) Hay un acentuado crecimiento del “sector servicios”, que inicialmente incorporó a muchísimos trabajadores expulsados del mundo productivo industrial. Cabe recordar que los servicios están cada vez más sometidos a la lógica de los mercados. El resultado es el crecimiento del desempleo también en ese sector, tal como se puede ver en la drástica reducción del contingente de trabajadores bancarios en América Latina.

5) Hay una creciente exclusión de los jóvenes que alcanzaron la edad de ingreso al mercado de trabajo formal. Así, terminan engrosando las filas de los desocupados y de los trabajadores precarizados. Lo mismo ocurre con los trabajadores que el capital considera “viejos”. Excluidos a los cuarenta años de edad, difícilmente consiguen reingresar al mercado de trabajo y también terminan por sumarse a los contingentes de trabajadores informales.

6) Paradójicamente, el mundo del trabajo se ha valido de la inclusión precoz y criminal de niños en las más diversas actividades productivas, no solamente en América Latina.

7) Como una consecuencia de las tendencias señaladas en los puntos anteriores, crece el llamado tercer sector, que asume una forma alternativa de ocupación, a través de empresas con perfil comunitario. Entre las empresas que actúan en trabajo voluntario predominan las de tipo asistencial, sin fines comerciales o lucrativos directos y que se mueven relativamente al margen del mercado. La expansión de ese sector es una consecuencia de la retracción del mercado de trabajo industrial y de servicios, en un cuadro de desempleo estructural. Esa forma de actividad social, movida predominantemente por valores no mercantiles, experimenta cierto crecimiento, con los trabajos realizados dentro de las ONG y organismos similares. Sin embargo, no llega a constituir una alternativa efectiva y duradera al mercado de trabajo capitalista. En Brasil ésta abarcaba, en 2005, aproximadamente 20 millones de trabajadores.

8) Crece el trabajo domiciliario, propiciado por la desconcentración del proceso productivo y por la expansión de las pequeñas y medianas unidades productivas. La telemática (o teleinformática), por ejemplo, es una modalidad de trabajo, generalmente realizada por mujeres, que nació de la convergencia entre los sistemas de telecomunicaciones por satélite y por cable, juntamente con nuevas tecnologías de información y la microelectrónica, posibilitando a las empresas trasnacionales un enorme crecimiento y agilización de sus actividades. De este modo, el trabajo productivo realizado en el domicilio se mezcla con el trabajo reproductivo doméstico, aumentando las formas de explotación del contingente femenino, cuya realidad está signada por la doble jornada laboral.

Ése es, por lo tanto, el diseño complejo, heterogéneo, polisémico y multifacético que caracteriza a la nueva morfología de la clase trabajadora. Además de las diferencias entre trabajadores estables y precarios, hombres y mujeres, jóvenes y viejos, nacionales e inmigrantes, blancos y negros, calificados o no calificados, incluidos y excluidos, etc., hay también estratificaciones y fragmentaciones que se acentúan con la creciente internacionalización del capital.

Para entender mejor dicha imagen, es necesario tomar en cuenta la totalidad de la clase trabajadora, el enorme contingente de hombres y mujeres que viven de la venta de su fuerza de trabajo, sin restringirse a los trabajadores manuales directos. Esa concepción debe incorporar la totalidad del trabajo social –la totalidad del trabajo colectivo que vende su fuerza de trabajo como mercancía a cambio de salario– y también el contingente restante de fuerza de trabajo que no encuentra empleo, debido a la lógica destructiva que preside la sociedad capitalista.

Dos trabajadores de la construcción desempleados piden trabajo, en la Ciudad de México, en 2009 (Wikimedia Commons)

 

Desafíos

Las mutaciones que se han dado dentro del mundo del trabajo en América Latina proponen algunos desafíos para los sindicatos, para los demás organismos de representación de clase y para los propios movimientos sociales.

1) El primero de ellos, fundamental para la supervivencia de lo sindicatos, será romper la enorme barrera social que separa a los trabajadores “estables” –en franco proceso de disminución– de los trabajadores de tiempo parcial, precarizados, subproletarizados –en significativo crecimiento–. Por lo tanto, los sindicatos deben empeñarse en organizar a los trabajadores desempleados, como lo viene intentando, por ejemplo, la CTA en la Argentina.

2) Los sindicatos deben lidiar con tres dimensiones estrechamente relacionadas entre sí: de género, generacional y étnica. Deben articular las cuestiones de clase con las referentes al género, a fin de garantizarles a las mujeres trabajadoras el derecho a la autoorganización. De ese modo se revertirá el cuadro prevaleciente en la fábrica fordista, en el cual históricamente las mujeres estuvieron excluidas del espacio sindical, dominado por los hombres.

Del mismo modo, los sindicatos deben abrirse a las aspiraciones de los jóvenes trabajadores. También deben sumar a los trabajadores de las distintas razas y etnias (indios, negros, inmigrantes), a quienes se destinan, en general, los trabajos más precarizados. Para que esto ocurra de verdad, es imprescindible e impostergable la eliminación de todo resquicio de tendencias xenófobas, ultranacionalistas, racistas y de connivencia con actos discriminatorios de cualquier orden.

3) Los sindicatos también deben incorporar los amplios contingentes del nuevo proletariado, que vende su fuerza de trabajo en las empresas de telemarketing, supermercados y otros tantos sectores por donde se amplía el universo de los asalariados, muchos de ellos sin ninguna experiencia de actuación en la organización sindical. Por lo tanto, las nuevas ramas de trabajadores y trabajadoras, sin tradición anterior de organización, deben estar representadas.

4) Los sindicatos deben romper radicalmente con todas las formas de neocorporativismo, que privilegian a sus respectivas ramas laborales, disminuyendo o abandonando sus contenidos más claramente clasistas. No sólo del corporativismo de tipo estatal, sino también de un neocorporativismo societario, crecientemente asimilado por el sindicalismo contemporáneo. Y esa forma de organización sindical es aún más excluyente, pues acentúa el carácter fragmentado de la clase trabajadora, en sintonía con los intereses del capital, que tratan de cultivar el individualismo y la alternativa personal, contra los intereses solidarios, colectivos y sociales.

5) Es decisivo para el sindicalismo de clase romper también con la creciente tendencia a la institucionalización y burocratización, que ensancha el foso entre las instituciones sindicales y los movimientos sociales autónomos. Las experiencias del sindicalismo de base y de clase –contra la moderación, burocratización e institucionalización de muchas centrales sindicales dominantes– son ejemplos de esa imperiosa necesidad de retomar la base social de los sindicatos.

6) También es fundamental revertir la tendencia, desarrollada a partir del toyotismo, que consiste en restringir el sindicato al ámbito exclusivamente fabril, al llamado “sindicalismo de empresa”, de perfil patronal, más vulnerable y vinculado al capital.

7) La empresa fordista, que se desarrolló a lo largo del siglo XX, era muy verticalizada y tuvo como resultado un sindicalismo igualmente verticalizado. La empresa toyotista es más horizontalizada, en tanto se estructura en redes, valiéndose excesivamente de los mecanismos de las tercerizaciones. Un sindicato verticalizado está imposibilitado para enfrentar los desafíos de clase en el capitalismo contemporáneo. Por eso, el sindicalismo debe estructurarse de manera más horizontal, lo que significa estar más organizado por la base, incorporando al amplio conjunto que comprende a los trabajadores de hoy en día –la clase-que-vive-del-trabajo–, desde los más “estables” hasta aquellos que están en el universo más precarizado y “tercerizado”, en la informalidad, o entre los desempleados (Antunes, 1999 y 2005).

8) Si la clase trabajadora actual es más compleja y heterogénea que la del período de expansión del fordismo, el rescate del sentido de pertenencia de clase, contra las innumerables fracturas, objetivas y subjetivas, impuestas por el capital, es hoy el más decisivo desafío.

9) A partir de la expansión del capital a escala global y la nueva forma que asumió la división internacional del trabajo, las respuestas del movimiento de los trabajadores latinoamericanos deben tener cada vez más un sentido universalizante, de acción, solidaridad y confrontación.

10) Hay, además, otro desafío fundamental: la clase trabajadora debe romper la barrera, impuesta por el capital, entre acción sindical y acción parlamentaria, entre lucha económica y lucha política, articulando y fusionando las luchas sociales, extraparlamentarias, autónomas, que dan vida a las acciones de clase. Como el capital ejerce un dominio extraparlamentario, es una grave equivocación querer derrotarlo con acciones que se restrinjan o privilegien el ámbito de la institucionalidad.

Para concluir, se pueden plantear dos preguntas. ¿Los trabajadores andinos, amazónicos, indígenas, negros, hombres y mujeres de campos y ciudades, no estarían demostrando que América Latina no está más dispuesta a soportar la barbarie, el servilismo, la inequidad, la miseria y la indignidad en el mundo del trabajo y en la vida?

¿En este umbral del siglo XXI, no estaríamos presenciando el agotamiento del neoliberalismo en el continente y la consecuente afloración de un nuevo ciclo de luchas y rebeliones populares, urdido por la acción de las fuerzas asociadas al trabajo, que comienza nuevamente a soñar con una sociedad libre, verdaderamente latinoamericana, emancipada y socialista?

Evolución de las remuneraciones medias reales de América Latina y del Caribe
Índices medios anuales de 1995 = 100

1980 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000*
Argentina 128,8 99,1 100,4 101,7 100,4 101,1 100 99,9 99,3 99,0 98,2 106,2
Bolivia 57,6 87,6 82,1 85,5 91,2 98,5 100 100,4 107,3 111,5 118,5 115,9
Brasil 94,6 103,5 86,5 85,1 93,1 95,5 100 110,5 114,3 115,7 110 104,8
Chile 77,2 80,9 84,9 88,7 91,8 96,1 100 104,1 106,6 109,5 112,1 113,7
Colombia 80,7 94,9 92,4 93,5 97,9 98,8 100 101,5 104,2 102,8 105,9 115,7
Costa Rica 104 89,8 85,6 89,2 98,3 102 100 97,9 98,7 105,5 111,6 110,1
Ecuador 88,3 65,4 68,4 74,2 83,5 90,9 100 105,4 103 98,9
Guatemala 88,7 77,1 72,1 82,9 88,8 89,3 100 109,6 112,7 116,7 123,5
México 113,1 88,1 93,8 100,7 109,7 114,9 100 90,1 89,1 91,5 92,4 99,1
Nicaragua 390,8 81,8 84,5 100,5 93,3 98,2 100 97,9 97,7 104,9 109,4 111,3
Paraguay 89,5 87,7 91,8 90,9 91,7 93,0 100 103,1 102,6 100,7 98,6 99,9
Perú 265,0 85,7 98,7 95,2 94,4 109,2 100 95,2 94,5 92,7 90,8 91,4
Uruguay 99,5 91,7 95,2 97,3 102 102,9 100 100,6 100,8 102,7 104,3 102,9
Venezuela 302,4 138,1 130,1 136,5 124,4 104,8 100 76,7 96,3 101,5 92,8 98,3
Fuente: CEPAL: Estudio Económico, 1999-2000 y 2003-2004*.
Obs.: Informaciones sobre fuentes primarias y metodología de cálculo (incluidos eventuales cambios) se encuentran en la base de datos o en los documentos indicados.

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Conteúdo atualizado em 30/05/2017 11:07